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A invasão dos sistemas inteligentes

Evolução dos dispositivos abre novo horizonte para robôs usados em casa e na indústria, mas aumenta preocupações sobre futuro

Por Fernando Santos Osório
Atualização:

Os sistemas inteligentes estão invadindo nossos lares e as nossas vidas: seja na forma de robôs simples e aparentemente inofensivos – como aspiradores de pó robóticos – ou através de sistemas bem mais sofisticados – como carros sem motorista ou robôs [1]de aplicação industrial ou de companhia.

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Se você ainda não percebeu esta revolução radical que está ocorrendo ao seu redor, então está na hora de prestar mais atenção. As máquinas são capazes de “aprender” através de técnicas da computação chamadas de Aprendizado de Máquina (Machine Learning)[2], que incluem o uso das redes neurais artificiais, aprendizagem profunda (Deep Learning)[3], sistemas evolutivos e algoritmos genéticos, entre outras técnicas.

Os sistemas são capazes de “aprender” a partir da enorme massa de dados disponíveis, o popular Big Data. [4]Passamos dos megabytes para uma escala de zettabyte [5]de dados em poucos anos. Sob a forma de imagens, áudios e textos digitais, esses dados são o “alimento” que permite que treinar máquinas para que sejam capazes de fazer mais e melhor[/5][/4]. É por isso que, atualmente, os assistentes pessoais já conseguem sintetizar e reconhecer a fala humana[4], responder a consultas, analisar textos, identificar gostos pessoais, antecipar interesses, reconhecer pessoas, emoções e expressões faciais e até dirigir sozinhos carros e pilotar aviões. Isso não é mais ficção científica, mas sim uma realidade atual e que só vai se aprimorar no futuro.

[5][6,7]Empresas como Google[8], Microsoft[9], IBM[10], Amazon, Nvidia e Facebook têm investido pesadamente em aprendizado de máquina e em Deep Learning.

As máquinas vão ainda mais longe, literalmente, pois os robôs estão deixando de ser apenas braços manipuladores industriais. Até pouco tempo atrás, eles eram pesados, ficavam presos a uma base e operavam longe dos humanos para evitar acidentes. Em vez de ficarem repetindo tarefas “burras”, eles estão passando a interagir com os humanos: são os chamados robôs colaborativos. Agora, eles têm a capacidade de se locomover, ficaram mais parecidos conosco e – com a ajuda de sensores e de dispositivos que reproduzem a percepção e sentidos humanos – podem interagir e colaborar conosco nas empresas, como numa verdadeira equipe. Rapidamente, os robôs estão se integrando a nossa sociedade como já ocorreu com outras tecnologias, da TV ao telefone celular.

Tantos avanços podem levantar questões acerca da segurança: devemos ter medo da inteligência artificial? Das máquinas que aprendem e dos robôs? A questão é interessante.

Se os robôs são capazes de aprender, um dia vão perceber que os tratamos como escravos, já que eles trabalham para nós de graça; que eles morrem quando ficam obsoletos. Eles vão descobrir que muitos humanos mentem, trapaceiam e não são confiáveis. E que somos capazes de matar outras pessoas de começar grandes guerras.

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Não se preocupe, por enquanto. Ainda somos capazes de “desligar os robôs da tomada”, já que somos mais espertos. Mas até quando será possível fazer isso?

*É professor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP São Carlos

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