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Jornalista, escritor e palestrante. Escreve às quintas

Opinião|A nova fase da Apple

A estrela do evento periga ser o Steve Jobs Theater, que será apresentado aos jornalistas

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O espaço só ficou pronto de última hora — e, por isso mesmo, demorou para que a Apple confirmasse o convite. Ele só foi distribuído para os jornalistas de todo o mundo ontem. A data era conhecida, já circulava no meio: dia 12, segunda terça-feira de setembro. Costuma ser num auditório em San Francisco. Dessa vez, não. Será no Steve Jobs Theater, um prédio em boa parte subterrâneo do novo campus da empresa, que continua na cidade sede de Cupertino.

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O evento se concentrará no novo iPhone. Na verdade, dois novos. O hábito da empresa é lançar um modelo completamente renovado a cada dois anos e, nos anos intermitentes, sua atualização. Como em 2016 saiu o iPhone 7, o natural seria 2017 pertencer ao 7s. Mas este não é um ano qualquer, pois foi há exatos 10 anos que Steve Jobs subiu num palco e contou ter juntado, num aparelho, um iPod, um celular e um navegador de internet.

Já existiam smartphones — o BlackBerry era o mais popular. Mas era coisa para um nicho de executivos. O iPhone e os Androids que o imitaram posteriormente, mudaram tudo. Criaram o mundo em que vivemos.

Para celebrar este aniversário, a Apple trabalha para que seja u evento especial. Assim, além do 7s, deve aparecer também um iPhone 8. É a primeira tela com alta precisão de cores OLED, comum aos Samsung, que permite recortes e curvas. O celular topo de linha deverá permitir também dar acesso ao aparelho pelo reconhecimento de rosto com a câmera. Reconhecimento de digitais ficou no passado.

Há um investimento pesado, com estes novos aparelhos, em realidade aumentada. Não foi à toa que, também esta semana, o Google lançou seu próprio sistema para auxiliar o desenvolvimento de apps que permitam inserir, no mundo real, objetos virtuais. As duas câmeras traseiras que começam a proliferar nos celulares são para isso. Com lentes diferentes, permitem que o aparelho perceba o mundo que fotografa e filma como um ambiente tridimensional. Assim, inserem os objetos da realidade aumentada com precisão.

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O evento não ficará apenas nos iPhones. Deve sair um novo Apple Watch, com possibilidade de conexão LTE — acima do 4G. Mas os mistérios estão concentrados na AppleTV 4K.

E o problema é de negociação. Quando lançou a primeira loja de músicas digitais dentro do iTunes, Jobs tinha a faca e o queijo na mão. As gravadoras estavam desesperadas com a pirataria que dilapidava seu negócio. A Apple lhes oferecia um modelo de negócios que parecia promissor. Ele as tinha na mão quando iniciou a negociação.

Com os estúdios de cinema, em 2017, não é assim. Eles têm muitas opções no mercado americano: Netflix de saída, mas também Amazon Prime, Hulu, o app HBO Go, a Disney que está para lançar também seu serviço de streaming. Os estúdios, confiantes no mercado da internet, querem puxar o preço dos filmes em 4K para cima, a Apple teme que a US$ 25 ou US$ 30, o negócio se torne inviável. A negociação está emperrada.

Não é o único problema. Conforme o modelo preferencial do público se move para o streaming de vídeo, o padrão Apple de vender ou alugar filmes, episódios ou temporadas vai ficando menos popular. Muitos usam a Apple TV não pela loja da empresa e sim para rodar Netflix. A companhia quer se adequar a este novo mundo e, por conta, já anunciou que será possível assistir também ao Amazon Prime na caixa. Só que também esta negociação está emperrada. Não está claro o que poderá ser anunciado no dia 12.

Mas a estrela do evento deste ano periga ser, mesmo, o Steve Jobs Theater. Um auditório subterrâneo no meio do campus arborizado que, enfim, será apresentado aos jornalistas após anos de construção.

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