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A nova revolução industrial

Em evento em São Paulo, Chris Anderson, da revista Wired, explica como pequenos negócios e impressoras 3D podem mudar o mundo

Por Rafael Cabral
Atualização:
( Foto: Flickr / Creative Commons)

Baixe um arquivo open source de um objeto, compre uma impressora 3D e, pela a internet, entre em contato com distribuidores e pessoas interessadas em comprar seus produtos — cuja fabricação pode muito bem ser feita na garagem de casa. Para o escritor Chris Anderson, editor da revista Wired, essa é a fábrica do futuro. Autor dos livros A Cauda Longa e Free, ele agora prepara um livro sobre aquilo que chama de “nova revolução industrial”, em que as ferramentas de produção foram democratizadas e toda uma cadeia de produtos pode ser produzida, distribuída, vendida e remixada por pequenas companhias independentes, ao largo das grandes corporações.

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É um movimento ainda pequeno, segundo Anderson, mas algumas empresas já se renovaram e dão uma pista de como os negócios se reinventarão quando as máquinas de produção de equipamentos estiverem tão baratas e versáteis que se tornarão domésticas (ou quase).

Um exemplo é a Tech Shop, cadeia norte-americana que cobra uma pequena mensalidade para que inventores e fabricantes possam “imprimir” e montar os seus produtos lá, criando uma espécie de linha de montagem sob demanda com impressoras 3D. “São inventores que abrem pequenos negócios. Caras comuns em locais de trabalho compartilhado que conseguem produzir coisas extraordinárias. Com as ferramentas certas, podemos construir equipamentos incríveis”, diz.

Ou a Local Motors, que produziu o primeiro carro open source do mundo juntando o design de peças criadas pelos seus próprios clientes, voluntariamente.

“Você poderá morar no Brasil, trabalhar em conjunto com um australiano, produzir na China e vender no Estados Unidos”, disse Anderson na palestra que abriu o segundo dia do evento Info@Trends na sexta-feira, 18. “Pela primeira vez na história, criar é fabricar. Você pode passar de inventor a empreendedor em questão de meses, não anos”.

Rally Fighter, carro produzido via crowdsourcing e em domínio público ( Foto: Divulgação)

Um caso que ele cita para comprovar a sua tese é o da Brickarms, uma empresa independente que produz armas de brinquedo que se encaixem no bonequinhos do Lego. Bobeira? Nem um pouco. Segundo Anderson, seu criador consegue sustentar a sua família e tocar a fabricação sozinho, fazendo as pecinhas em impressoras 3D e terceirizando a entrega.

“Aos poucos, muito mais pessoas conseguem se encaixar na cadeia de produção sozinhas e sem depender de grandes corporações. Com isso, ecossistemas de pequenos negócios podem surgir e circular em torno do produto principal, no caso o Lego. Que, diga-se, deve ficar feliz com a história toda, pois mais gente tende a se interessar pelos seus brinquedos”, explica.

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O segredo do sucesso nesse novo cenário, diz ele, é a união de várias conceitos: código aberto, conteúdo gerado pelo usuário, estrutura descentralizada ligada pela internet e máquinas de produção rápida. É a cultura da internet se espalhando pelo mundo real. “A nova revolução industrial será feita com base nos conceitos que construímos com a cultura digital. Com a democratização dos meios de produção, os indivíduos ganham cada vez mais poder”.

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