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Apple admite 'bug' e promete correção

Empresa admitiu que seus aparelhos, como o iPhone, registram a localização por tempo demais

Por Murilo Roncolato
Atualização:

A Apple publicou uma nota nesta quarta-feira, 27, admitindo falhas no sistema operacional dos celulares iPhone que permitiam o armazenamento exagerado (às vezes, o histórico ficava gravado por mais de um ano) e não encriptado de dados sobre a localização do aparelho. A empresa diz que não “rastreia a localização” dos usuários, mas que apenas mantém uma base de dados para tornar mais eficientes serviços de geolocalização. Para corrigir as falhas (ou “bugs”) descobertos e assumidos, uma nova versão do iOS será lançada “nas próximas semanas”.

 

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No comunicado, a empresa se explica dizendo que mantinha uma base de dados com informações “anônimas e criptografadas” da localização dos aparelhos a partir de hotspots Wi-Fi e torres de celular, mas que esse sistema se tornou “complexo e difícil de explicar” de uma maneira simples.

Ela diz que os as informações de localização eram mantidas em um documento simplificado e leve em cada aparelho, o “cache”. Esse arquivo (não encriptado) é repassado para o computador assim que o usuário conecta o iPhone e faz backup — este pode ser encriptado ou não, isso depende da seleção da opção correta nas configurações do iTunes.

A empresa disse que a coleta de dados tinha o único objetivo de encurtar o processo de localização que poderia levar “vários minutos”, pode chegar a “poucos segundos” usando o sistema atual. Mas admitiu que as informações podem ser usadas para direcionar anúncios pelo seu sistema de publicidade iAds, embora os dados de localização não sejam compartilhados com “nenhum terceiro ou anunciante, a menos que o usuários aprove explicitamente” a operação.

Bugs. No documento, a Apple admite ainda dois erros: não desativar a coleta de dados mesmo quando o usuários desliga a opção de geolocalização nas configurações do aparelho,e manter dados de localização acumulados ao longo de um ano. Sobre este, a empresa admitiu que o “iPhone não precisa armazenar dados por mais do que sete dias”. Ambos “bugs” serão corrigidos na nova versão do sistema operacional do aparelho, o iOS — atualmente na versão 4.3.2 — , que deverá ficar disponível gratuitamente “nas próximas semanas”.

Além disso, na atualização, a Apple deverá sistematizar o processo de criptografia em todas as etapas. Até esta versão, o cache (os arquivos com os dados de localização) era mantido no iPhone de forma não encriptada, poderia ir para o computador pelo backup da mesma maneira e só se tornava criptografado quando ia para o banco de dados da Apple.

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A polêmica teve início quando dois pesquisadores Alasdair Allan e Pete Warden divulgaram a prática de armazenamento de dados de localização de aparelhos iPhone e iPad pela Apple. Eles criaram até um aplicativo que fazia uso do cache e mostrava para o usuário em um mapa por onde seu aparelho havia passado. Dias depois, congressistas dos Estados Unidos já enviavam carta à Apple cobrando explicações sobre a suposta coleta de dados, o que poderia se enquadrar como uma infração legal.

Congresso convoca empresas. O Congresso dos Estados Unidos convocou Google e Apple para dar explicações sobre a coleta e compartilhamento de dados pessoais de seus usuários. Após a “denúncia” feita pelas pesquisadores sobre os dispositivos Apple, foi revelado que processos semelhantes ocorriam nos sistemas operacionais Android (Google) e Windows Phone (Microsoft). Além delas, os políticos enviaram questionamentos a fabricantes como Microsoft, Nokia, Research in Motion (dona do Blackberry) e a Hewlett-Packard (HP/Palm).

Segundo o jornal espanhol El País, o senador democrata Al Franken, presidente da comissão de privacidade, confirmou que a audiência sobre “proteção da vida privada no setor das tecnologias móveis” ficou marcada para o dia 10 de maio.

Jobs responde. O CEO licenciado da Apple, Steve Jobs, conversou por telefone com Ina Fried, autora do blog Mobilized do AllThingsD, e se lamentou que a indústria de tecnologia “não tenha feito um bom trabalho de educação dos seus usuários sobre temas que se tornaram tão complicados”. “Por isso, (as pessoas) acabaram caindo em muitas conclusões erradas na semana passada”, após os comentários dos dois pesquisadores.

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Jobs explica que “os arquivos encontrados por eles (os pesquisadores), como explicamos, são basicamente dados que nós obtemos de forma anônima, coletadas de dezenas de milhares de iPhones por aí”.

Ele confirma que a Apple vai prestar depoimento no Congresso “e demais órgãos regulatórios” e vai fazer o que for necessário para tornar as coisas mais claras. “Eles nos convocaram e nós honraremos o convite, com certeza”, diz.

Ao blog, Steve Jobs disse que “será interessante ver o quão agressiva a imprensa irá cobrir o assunto e olhar o que as outras empresas estão fazendo”, disse. “Algumas delas não fazem o que nós fazemos, isto é certo.” O figurão da Apple já havia dito anteriormente que outras empresas também coletavam informações desse tipo, mas sugere que elas não sejam tão cuidadosas quanto ela.

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