Beakman atrai multidão na Campus Party

Personagem que fez sucesso na TV na década 1990 foi a grande atração do dia na Campus Party; em entrevista, diz que seu sucesso na América Latina é maior do que nos EUA

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Por Ligia Aguilhar
Atualização:
 

SÃO PAULO – O ator Paul Zaloom veio ao menos quatro vezes para o Brasil nos últimos dois anos. Ainda assim, foi uma das atrações mais aguardadas da Campus Party deste ano e atraiu uma multidão ao palco principal do evento no início da tarde desta quinta-feira, 5.

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O ator é quem dá vida a Beakman, o cientista maluco que foi ídolo das crianças e adolescentes na década de 1990 com seu programa “O Mundo de Beakman”. Com meia hora de atraso, ele subiu ao palco Terra da Campus Party devidamente caracterizado e foi ovacionado pela plateia. Sua apresentação recriou um pouco da magia do programa. Beakman chamou pessoas da plateia para participar de brincadeiras e experiências que explicavam conceitos da ciência.

Bom no improviso, Zaloom soube manejar bem a interação com o público no palco e divertiu até com as piadas mais fáceis, já que o público parecia muito emocionado com a presença do ídolo de infância para prestar atenção em qualquer outra coisa. Por onde se olhava a expressão era a mesma: olhares atentos e um sorriso no canto da boca. Quem cresceu assistindo diariamente ao “Mundo de Beakman” ficou encantado de ver o herói da infância em cima do palco.

Trajetória.

 

Uma hora após o início da apresentação, o Beakman saiu de cena. Em seu lugar apareceu Paul Zaloom, já descaracterizado, para contar a história do famoso personagem que faz questão de manter vivo até hoje.

Em uma apresentação novamente bem-humorada, ele contou que o programa foi criado graças ao Congresso dos EUA que criou uma lei em 1990 obrigando as emissoras americanas a dedicarem mais horas a programas educativos. O personagem Beakman foi inspirado em uma tirinha de quadrinhos famosa na época chamada “U can with Beakman and Jax” na qual os personagens tiravam dúvidas do leitor.

Zaloom foi escolhido para o papel principal no programa após os diretores fazerem algumas buscas sem resultado em Hollywood. Além de ator, Zaloom é cineasta e ventríloquo e seu dinamismo chamou a atenção da produção.

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O intérprete de Beakman mostrou cenas do primeiro programa, erros de gravação e imagens de como estão hoje as três atrizes que foram suas assistentes ao longo do programa. Mas o que o emociona mesmo é falar de Mark Ritts, o ator que interpretava o rato Lester e que faleceu em decorrência de um câncer em 2009. “Ele é um dos caras mais incríveis que eu já conheci. Eu o amo e cuidei dele nos seus últimos meses de vida”, contou. “Sinto falta dele o tempo todo.” Mais uma vez Zaloom foi ovacionado pela plateia.

Sucesso no Brasil.

 

Zaloom diz que não fazia ideia do seu sucesso na América Latina e no Brasil até começar a vir para cá nos últimos anos. “Eu sempre fico curioso sobre o que fez as pessoas responderem tanto ao programa por aqui. Eu não sei exatamente o que é. Creio que há algo sobre a sensibilidade e o humor do programa”, diz. “Nos EUA eu só me apresento para crianças. Aqui no Brasil tem toda essa nostalgia… percebo que tive um efeito na vida de muitas pessoas que me dizem ter escolhido carreiras nas áreas de ciência e biologia por causa do programa.”

Apesar disso, Zaloom não se considera um defensor da cultura nerd. “Nunca me imaginei como um nerd, mas como alguém esquisito. E eu meio que abracei isso. Foi legal.”

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É a resposta do público e a vontade de continuar a ter um impacto na vida das pessoas que ele diz serem os motivadores para manter o personagem vivo. “Eu quero propiciar um momento agradável para as pessoas. Quero fazer elas rirem de algo que as mataria, fazerem elas baixarem suas defesas”, diz.

No auge do sucesso, “O Mundo de Beakman” chegou a ser exibido em 90 países. A cada programa, Beakman sempre lia a carta de algum telespectador cheio de dúvidas sobre o mundo. Se o programa fosse gravado hoje em dia, diz ele, teria muito mais interatividade por causa da internet.

Questionado se já pensou em retomar o programa na web por meio de vídeos em plataformas como o YouTube, Zaloom diz que não seria possível. “Tinha um grande investimento por trás do programa. Cada episódio custava cerca de US$ 250 mil. Nenhum programa infantil da TV americana tem um orçamento como esse”, diz.

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