Billboard vai incluir dados de streaming em parada musical

Mais de 1,5 mil serviços de streaming vão ser considerados na Billboard 200, parada de sucessos que mede os álbuns mais vendidos semana a semana

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Por Agências
Atualização:
 

Ben SisarioThe New York Times

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Serviços de streaming como o Spotify trouxeram à tona grandes mudanças na indústria da música. Mas uma parte importante ainda do showbiz ainda não foi contemplado: a parada de sucessos da Billboard. Até agora.

A Billboard e a Nielsen SoundScan, a agência que fornece à Billboard os seus dados, vão começar a adicionar dados de streaming e downloads digitais à fórmula do Billboard 200, parada de sucessos que mostra semanalmente os hits do mundo da música. É a maior mudança da parada de sucessos desde 1991, quando a revista começou a utilizar os dados da SoundScan – uma modificação revolucionária para uma indústria que há muito criava seus placares a partir de pesquisas com lojas de discos.

A nova parada de sucessos, que cobrirá as vendas e as audições da última segunda-feira, 17, até o dia 30 de novembro, será revelada no site da Billboard em 4 de dezembro e será publicada na edição do dia 13 de dezembro. Para Silvio Pietroluongo, diretor de paradas da Billboard, o novo método vai refletir a maneira como as pessoas ouvem música nos dias de hoje.

“Sempre nós limitamos aos impulsos iniciais, quando alguém comprou um disco”, disse Pietroluongo. “Agora, teremos a habilidade de perceber o engajamento de um artista e sua popularidade ao longo do tempo”.

Um resultado esperado é de que álbuns de grandes estrelas pop, que costumam ter boas estreias e quedas constantes, deverão permanecer mais tempo no topo da lista. “My Everything”, segundo disco da cantora Ariana Grande, por exemplo, foi o nº 1 em setembro, mas caiu para 36º lugar nas paradas da última semana, com menos de 10 mil cópias vendidas. Na nova fórmula, ele ficaria em 9º lugar.

A SoundScan e a Billboard vão contar 1,5 mil fontes de streaming de música, como o Spotify, Beats Music, Rdio, Rhapsody e Google Play, de forma equivalente à venda de um álbum. Pela primeira vez na história, a medida também contará com “faixas equivalentes a um álbum”. Ou seja: a cada 10 canções escutadas de um álbum específico, ela contará como uma venda no ranking de álbuns da Billboard 200.

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Painel atualizado. A mudança tem sido bem-vinda por parte de gravadoras que se frustram com o método antigo de medição. Daniel Glass, dono do selo independente Glassnote Records, que tem em seu catálogo artistas como Mumford & Sons e a sensação Chvrches, disse que a parada da Billboard tem um grande papel na indústria ao demonstrar o sucesso de um novo artista. Nos dias de hoje, porém, os fãs de novos artistas estão acostumados a ouvi-los no streaming, e não a comprar seus discos. “Vamos ter um reflexo maior do que está sendo consumido”, diz Mr. Glass.

De acordo com a SoundScan, o primeiro semestre de 2014 demonstrou queda de 15% nas vendas de discos, em comparação com o mesmo período de 2013. O número de downloads de música digital também caiu, enquanto serviços de streaming cresceram 42% no mesmo intervalo de tempo.

“Vendas de álbuns são cada vez mais uma parte menor da indústria”, diz David Bakula, analista da Nielsen. “Olhar para as vendas de um disco e determinar seu sucesso só por isso é ignorar metade do negócio da música hoje em dia”.

Revolução? A cada ação, uma reação: toda vez que a Billboard modifica seu critério, repercussões acontecem. Em 2013, quando a Billboard começou a contar visualizações do YouTube para o Hot 100, sua parada de canções de sucesso, críticos temeram que a modificação beneficiasse canções em vídeos virais. De fato, foi o que aconteceu com “Harlem Shake”, do DJ Baauer, que teve vendas modestas, mas grande exposição graças à videos que mostravam sua dança engraçada.

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Menos exagerado, outro caso que mostra a mudança dos tempos é o de que uma paródia ao vídeo “Wrecking Ball”, de Miley Cyrus, ajudou a música da ex-cantora da Disney a retornar ao nº1 das paradas depois de nove semanas ausente.

Além de tudo, as novas regras podem atrapalhar artistas que não estão em serviços de streaming ou são mais consumidos através de venda física. É o caso de Barbra Streisand, por exemplo: em setembro, seu disco Partners ficou em 1º lugar, e na última seleção de sucessos, estava em 7º lugar. Com as novas regras, Partners estaria em 13º.

Mas o exemplo mais icônico de que nem tudo vai mudar é o da cantora Taylor Swift. 1989, o disco mais vendido do ano até aqui, chegou ao topo da tabela sem estar presente no Spotify e em outros serviços de streaming. Há duas semanas, ainda estava no 1º lugar com quase 1,3 milhão de cópias vendidas – a maior vendagem de um álbum de qualquer artista nos últimos 12 anos. Na última tabela, “1989″ permanecia em 1º lugar com 312 cópias mil vendidas. “Nenhum streaming no mundo todo poderia tirar de Taylor o nº 1″. / TRADUÇÃO DE BRUNO CAPELAS

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