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Bitcoin, Ether e outras moedas virtuais sofrem com instabilidade

Rumores sobre a morte do criador da moeda virtual derrubaram cotação da Ether na semana passada

Por Claudia Tozzeto e Guilherme Mendes
Atualização:

Mesmo com o bom momento das moedas virtuais, é preciso estar atento à alta instabilidade desse novo e promissor mercado. A maioria dos investidores e especialistas consultados pelo Estado afirmam que, muitas vezes, elas são usadas em caráter puramente especulativo.

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Assim como no sistema financeiro global tradicional, no qual o dólar influencia a cotação de moedas no mundo todo, as variações no preço do Bitcoin podem causar efeito semelhante nas moedas virtuais com transações em menor volume.

Além disso, assim como no caso das moedas tradicionais, acontecimentos ou notícias podem fazer a cotação oscilar.

Na semana passada, muitos investidores da Ether ficaram ansiosos com a circulação de uma notícia falsa de que o criador da Ethereum, o russo Vitalik Buterin, teria morrido. 

O rumor fez a cotação da Ether passar de US$ 317 para US$ 0,10 em poucos segundos, no dia 21 de junho. Mesmo após a recuperação nos dias seguintes, a moeda era negociada com preço 20% abaixo do registrado antes das especulações sobre o criador da Ethereum. “A Ether tem um potencial absurdo de crescimento”, diz o pesquisador do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio), Gabriel Aleixo. “Mas ainda é uma moeda imatura. É só ver o tamanho da queda no valor da moeda por conta de um boato.” Para Alexandre Linhares, professor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (Ebape), vinculada à Fundação Getúlio Vargas (FGV-Rio), as moedas virtuais ainda apresentam um comportamento um tanto “bipolar”. 

“Como muita gente compra a moeda mais para especular do que para usar, o mercado está muito condicionado à emoção”, explica. “Em momentos de euforia do mercado, a cotação sobe muito, gera quase uma bolha, mas o preço pode cair na mesma velocidade.”

Ataques. Apesar da alta volatilidade das moedas digitais, elas sobreviveram nos últimos meses a dois duros golpes. Em meados de maio, um ataque cibernético global, chamado WannaCry, “sequestrou” dados de mais de 300 mil computadores em 150 países.  Cerca de um mês e meio depois, foi a vez do Petrwrap, ataque similar ao WannaCry, mas que teve alcance menor, infectando mais de 12 mil PCs em diversos países.

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Em ambos os casos, os cibercriminosos pediam o pagamento de um resgate na moeda virtual Bitcoin. Ao primeiro olhar, o mau uso da moeda virtual poderia gerar desconfiança no mercado e fazer as cotações desabarem. Mas aconteceu exatamente o contrário. De acordo com levantamento alguns dias após o ataque do WannaCry, o Bitcoin teve alta de 139%, enquanto o Ether registrou alta de 410%. “Muitas pessoas acabaram conhecendo as moedas e descobriram que elas não servem só para o mal, mesmo que os sequestradores tenham pedido Bitcoins como forma de resgate”, diz o economista Paulo Aragão, que estuda e investe em moedas virtuais desde 2006.

O comportamento também mostra que há confiança no sistema financeiro digital – fator essencial para a sustentabilidade das moedas virtuais em longo prazo. “A garantia que as moedas virtuais têm é a inviolabilidade”, diz o professor Rogério Mori, da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP). 

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