Chineses deixam de trocar iPhone todo ano

Smartphone da Apple, que já foi considerado símbolo de status entre os chineses, sofre com a concorrência de fabricantes locais de celulares

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Por Redação Link
Atualização:

Reuters

 

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Paul MozurThe New York Times

Desde 2010, Yu Kai segue o ritual de todo ano: quando um novo iPhone da Apple aparece, ele se livra do velho e corre a uma loja de Pequim para comprar o último modelo. Não neste ano. Em vez de comprar imediatamente o iPhone 6S, Yu vai esperar para ver como será o próximo iPhone e diz que pode até mudar para um modelo de outro fabricante.

Na China, onde a Apple sempre foi símbolo de riqueza e modernidade, Yu não está sozinho. O balanço financeiro da Apple relativo ao primeiro trimestre de 2016, divulgado nesta semana, mostrou como é difícil manter o interesse do consumidor chinês, inconstante e cada vez mais difícil de impressionar. Tim Cook, presidente executivo da companhia, informou que as vendas na China continental caíram 11% em relação a igual período do ano passado – no primeiro trimestre de 2015, elas foram 80% mais altas que em igual período de 2014.

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O declínio anunciado terça-feira, porém, representa um retrocesso em um dos produtos mais amados na China. Segundo analistas, consumidores chineses jovens de classe média tendem cada vez mais a experimentar celulares dos muitos concorrentes – incluindo Huawei, Meizu e Xiaomi – que competem com a Apple em tecnologia e design e oferecem seus produtos por algumas centenas de dólares a menos.

Mais do mesmo. Um desafio para as vendas da Apple neste ano é que seus modelos mais recentes não mostraram grandes avanços em relação à geração anterior. “Todo mundo comprou um iPhone 6”, diz Steven C. Pelayo, analista de tecnologia do HBC. “Os chineses estão menos inclinados a passar para um 6S, que apresenta pequenas mudanças.”

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Qu Dewei, que há quatro anos vende smartphones num shopping de tecnologia no leste de Pequim, diz que tem sido difícil vender iPhones desde setembro, quando surgiu o iPhone 6S. “Nenhuma das marcas está indo bem”, diz Qu. “Mas enquanto ainda consigo vender um ou dois telefones Huawei em dez dias, às vezes não vendo nem um iPhone 6S.”

As fracas vendas de iPhones também refletem a desaceleração no crescimento do enorme mercado de smartphones da China. Jason Low, analista em Xangai do grupo de pesquisas Cannalys, diz que o mercado vai crescer apenas 4,7% em 2016. Em 2013, o crescimento anual foi de 50%. “Se você observar o mercado como um todo, a Apple não pode derrotar tantos concorrentes, como a Samsung e marcas locais como Huawei”, diz Low.

Apesar das pressões, Cook diz que a Apple está otimista com a China. Há um precedente para uma recuperação da Apple: em 2013, a empresa parou de crescer no país quando concorrentes ofereceram celulares de tela grande. Quando a Apple finalmente apresentou um celular com tela de tamanho semelhante, em 2014, as vendas voltaram aos trilhos.

De muitos modos, a companhia está hoje em posição similar. Os aparelhos da Samsung trazem bordas arredondadas e muitos dizem que a câmera da Huawei é melhor. Isso pressiona a Apple a trazer novidades no próximo iPhone, ainda este ano. /TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

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