Além do envelhecimento da população, outras tendências provocam uma mudança radical na economia japonesa. Uma delas é efeito do acidente de Fukushima. A aversão ao risco nuclear levou ao fechamento de 50 usinas. Foi preciso importar óleo e gás, o que levou a balança comercial a ficar no vermelho. Com o déficit, a moeda japonesa, o yen, ficou mais fraca, favorecendo as exportações.
Some-se a isso a adoção de uma nova política econômica, a partir da eleição do primeiro-ministro Shinzo Abe, em 2012. A ‘Abenomics’ prevê injeção de recursos na economia, redução de juros e expansão de gastos públicos. Depois de 20 anos de estagnação, a economia voltou a crescer. O movimento é sustentável? Para o estrategista de Japão, em Tóquio, do Bank of Tokyo-Mitsubishi, Takahiro Sekido, não há dúvida. “Recentemente, o yen voltou a se valorizar, mas ainda está num nível confortável para as exportações.”
Sekido aponta outras tendências que vieram para ficar. As indústrias chinesas não atingiram o nível tecnológico das japonesas. Por isso, o Japão é grande fornecedor de equipamentos de última geração para fábricas chinesas, diz Sekido. Os gastos públicos para a Olimpíada de 2020 também garantem um impulso à economia. Outro impulso vem do turismo. “Quando você anda nas ruas das grandes cidades, como Tóquio e Osaka, tem tanto chinês que parece que está na China”, diz Sekido.
No campo, a mudança é provocada pelo encolhimento da população. “No passado, focamos no mercado doméstico, mas como a população está caindo precisamos repensar nossa estratégia”, diz Hiroshi Watanabe, vice-diretor da divisão de exportações do Ministério da Agricultura.
O governo quer aumentar as exportações em 10% ao ano. Como o país não tem muita área, a ideia é vender produtos caros, de saquê a bife wagyu, que chega a US$ 1 mil o quilo, aproveitando o apetite global por comida japonesa. O número de restaurantes japoneses no mundo subiu de 89 mil, em 2015, para 118 mil, diz Watanabe.