PUBLICIDADE

Com o Switch, Nintendo vira o jogo

Design inovador e facilidade de uso, aliados a jogos de ícones como Mario e Zelda, ajudam empresa a se reerguer no mercado de videogames; para analistas, nova versão do console surpreendeu

Por Bruno Capelas
Atualização:
Nintendo Switch: console virou um hit da gigante da games. Foto: Timothy Clary/AFP

Quem joga, sabe: juntar moedas é um dos maiores segredos para conseguir uma nova vida nos jogos do encanador bigodudo Mario. Juntar US$ 1 bilhão, por sua vez, pode mostrar como a criadora do personagem, a Nintendo, está conseguindo se reerguer. Depois de amargar cinco anos fracos, três deles registrando prejuízo, a tradicional companhia japonesa de videogames pela primeira vez projeta um lucro de US$ 1,06 bilhão no atual ano fiscal, quase sete vezes o registrado em 2016. O segredo por trás da retomada tem nome: Switch, seu novo console.

PUBLICIDADE

Na última semana, a companhia divulgou que vendeu 7,6 milhões de unidades do aparelho em seis meses após seu lançamento. A meta, até março do ano que vem, quando se encerra seu ano fiscal, é vender 14 milhões de consoles – mais do que o Wii U conseguiu em quatro anos e meio no mercado. Por enquanto, o Switch não é vendido oficialmente no Brasil, mas pode ser encontrado no varejo popular por até R$ 2 mil; nos EUA, ele custa US$ 299.

Os números, porém, descrevem apenas uma parte do processo pelo qual a empresa passou nos últimos tempos. Após o fracasso do Wii U, a Nintendo se abriu para o mercado de smartphones, emplacando sucessos como Pokémon Go e Super Mario Run, e percebeu que podia voltar a inovar. “Com o Switch, a Nintendo voltou a ser legal”, resume André Pase, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

Versátil. Parte disso se deve ao design do Switch (ver gráfico ao lado). “Vejo muita gente jogando o Switch na rua, como se fosse um portátil, mas ele também se dá bem na TV. É muito animador ver um videogame fazer isso”, avalia Ed Boon, criador do clássico game de luta Mortal Kombat – que ainda não ganhou uma versão para o console da Nintendo.

Além disso, seus controles são versáteis e podem ser usados por um jogador, divididos por amigos e até mesmo usados como bastões, como no antigo Wii, o maior sucesso da história da Nintendo.

A facilidade de uso também atrai jogadores. “Vivemos numa era em que temos muita coisa para aprender, e pouco tempo. A Nintendo já percebeu isso há algum tempo”, avalia Pedro Latorre, professor de design do Instituto de Tecnologia Mauá. 

Recheio. Mais do que inovação e design, é preciso ter bom conteúdo. Basta ver o exemplo do sensor de gestos Kinect, da Microsoft, que falhou por não emplacar grandes jogos. 

Publicidade

O próprio Wii U não emplacou por conta disso, ao não ter uma sequência expressiva de lançamentos. “O jogador só aceita pagar algumas centenas de dólares por um videogame se souber que ele vai ter bons jogos no futuro”, explica Pase.

Com o Switch, a Nintendo aprendeu a lição: logo na estreia, trouxe um novo jogo da série The Legend of Zelda. Elogiado, Breath of the Wild é apontado pelos críticos como o melhor game da temporada. O jogo já vendeu 4,7 milhões de unidades – ou seja, dois em cada três donos de um Switch possui uma cópia.

Depois, a empresa enfileirou grandes lançamentos mensais. Entre eles, títulos como Mario Kart 8 Deluxe, ARMS, Splatoon 2 e Super Mario Odyssey – este último, lançado na semana passada, é uma nova aventura do encanador e pode roubar de Zelda o troféu de “jogo do ano”.

“O Switch pode não ter tantos jogos, mas eles têm um jogo relevante por mês, o que sustenta a atenção dos fãs”, diz o analista Mat Piscatella, da consultoria americana NPD Group.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Além disso, a Nintendo tem sido hábil em costurar parcerias. Em seu primeiro ano, o Switch vai receber versões dos populares jogos de esporte FIFA 18 e NBA 2K18, bem como títulos do porte de Doom, Skyrim e Wolfenstein II, da Bethesda, ou Minecraft, da Microsoft. A Ubisoft também criou um jogo que mistura os coelhos Rabbids com Mario, que gerou um maiores hits do Switch.

Segunda fase. Ainda é cedo, no entanto, para que a Nintendo cante vitória. A japonesa teve problemas para atender a demanda pelo Switch nos primeiros meses. “A meta de vender 14 milhões de aparelhos em um ano mostra que eles estão resolvendo isso, mas é bom ficar atento”, diz Piscatella.

Para os especialistas ouvidos pelo Estado, a empresa também precisa manter o ritmo de lançamentos de jogos e atingir o mercado de massa. “Por enquanto, o Switch só falou com os jogadores tradicionais”, diz o analista. “Ele precisa ser aquele videogame que você leva para a casa da sua avó e ele é tão bacana que até ela vai querer jogar.”

Publicidade

Confira, no infográfico abaixo, como o Switch funciona:

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.