Controle por gestos chega aos PCs

Movimentar o corpo para interagir com máquinas é visto como próximo estágio da interface de usuário

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Por Camilo Rocha
Atualização:

Movimentar o corpo para interagir com máquinas é visto como próximo estágio da interface de usuário

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SÃO PAULO – Há uma nova tecnologia no ar e não se trata apenas de metáfora. O reconhecimento de gestos – por sistemas que interpretam movimentos corporais do usuário para realizar ações hoje feitas com mouse ou controle remoto – é uma das fronteiras mais promissoras para videogames, TVs e computadores.

 

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Especialistas do setor já falam em uma “nova era”. “O controle de gestos faz parte de uma família da tecnologia chamada interface natural”, diz Paulo Iudicibus, diretor de inovação da Microsoft Brasil. “É a evolução da forma como os computadores vão interagir com a gente.” Para os fundadores da startup norte-americana Thalmic Labs, inventora da braçadeira leitora de gestos MYO, este tipo de controle inaugura uma era em que “a fronteira entre homem e máquina se dissipa”.

Ferramentas atuais como mouse, cursor e teclado físico são parte do que é conhecido como interface gráfica. “Dispositivos assim são reativos, você clica no mouse e ele faz alguma coisa”, explica Iudicibus. “A interface natural é pró-ativa. Com ela, entro numa sala escura, o computador me reconhece, me cumprimenta e pergunta se quero acender a luz.”

As grandes empresas de tecnologia correm para incorporar esses recursos. A Samsung e a LG já vendem televisores que obedecem a comandos de voz e de gestos. O smartphone topo de linha da Samsung, o Galaxy S4, também traz recursos do tipo. Mas são as pequenas empresas que estão na vanguarda da pesquisa nesta área. Por isso, elas têm atraído a atenção de grandes companhias.

A Intel, maior fabricante de chips do mundo, comprou recentemente uma startup israelense chamada Omek, que desenvolve uma tecnologia do tipo. Um de seus softwares, o Omek Grasp, lê 22 articulações da mão e seus movimentos.

A empresa de chips também promove um concurso mundial de ideias nessa área. As melhores receberão o empréstimo de uma câmera Senz3D para desenvolvê-la. Trata-se de uma webcam que lê gestos desenvolvida com a Creative e que só chegará às lojas no fim do ano.

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Outra startup israelense com pesquisa relevante na área, a PrimeSense, estaria na mira da Apple. Nenhuma das duas empresas confirma. “Qualquer grande companhia precisa investir nesse tipo de interface hoje”, disse ao Link Tal Dagan, vice-presidente de marketing da PrimeSense. Analistas acreditam que a Apple está em busca de tecnologia para usar em produtos para televisão.

É da PrimeSense que veio o aparelho de reconhecimento de gestos mais famoso do mundo: o sensor Kinect, lançado pela Microsoft como acessório de seu videogame Xbox 360. O produto não só revolucionou a experiência de games como foi adotado para usos fora de seu propósito original, da medicina à educação infantil.

A versão 2.0 do Kinect, anunciada junto do Xbox One em maio, foi desenvolvida apenas pela Microsoft. Entre suas novidades está a capacidade de ler batimentos cardíacos, expressões faciais e 25 articulações das mãos. “Ele consegue ver se você está sorrindo ou está preocupado”, diz Iudicibus. O nível de sofisticação motivou preocupação com um olho de Big Brother na sala de estar. A empresa respondeu que o aparelho pode ser desligado a qualquer hora.

Computador. Na semana passada, chegou aos Estados Unidos o aguardado Leap Motion. É uma caixinha, pouco maior que um isqueiro, que traduz movimentos das mãos em comandos no computador. A empresa fez uma parceria com a Asus para incluir sua tecnologia em notebooks e PCs da fabricante.

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Em 2014, será a vez a braçadeira MYO chegar ao mercado. Ao captar movimentos musculares, ela traz uma maneira nova de reconhecer gestos. O produto já está disponível em pré-venda no site da empresa por US$ 149. Foram feitos mais de 30 mil pedidos. Os criadores disseram ao Link que o aparelho pode ser usado por games, mas também para propósitos industriais, de saúde, educação e criação musical. Pessoas com limitações de comunicação e movimento também serão beneficiadas.

Juliano Alves, gerente de desenvolvimento da Intel, diz que uma das ideias recebidas pela empresa é um leitor da linguagem brasileira de sinais (Libras). “Uma pessoa faz os símbolos com a mão, a câmera interpreta e transforma em som ou mensagem de texto.”

Os especialistas ressaltam, porém, que o mouse e o teclado não serão aposentados e que a nova tecnologia rende mais em alguns tipos de aparelho. Dagan, da PrimeSense, acredita que há muito futuro para o controle por gestos em televisões, para substituir o controle remoto. “Mas não faz muito sentido em smartphones ou tablets.”

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—-Leia mais:Leap Motion requer muita práticaLink no papel – 29/7/2013

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