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De volta ao futuro

No Museu de Belas Artes de Boston, visitantes entrarão em versão 3D das pirâmides de Gizé

Por Fernando Martines
Atualização:

Voltar no tempo é algo que habita o imaginário humano desde sempre. Pois o Museu de Belas Artes de Boston e a Universidade de Harvard parecem ter chegado perto disso. Em parceria com a empresa francesa Dassault Systémes, o Planalto de Gizé, onde estão as maiores pirâmides do Egito, será totalmente recriado em 3D no museu. Detalhe: recriado do modo que era no Antigo Egito.

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Mostra em 3D será aberta ano que vem (Fotos: divulgação)

“É como voltar no tempo. As tumbas, os detalhes das pirâmides, as cores, as inscrições, todas essas coisas poderão ser vistas do modo como foram descobertas quase um século atrás, quando estavam bem conservadas. Hoje muitas tumbas estão em péssimo estado, o que impede quase qualquer tipo de visualização”, explica Peter Der Manuelian, diretor do Museu de Boston e professor de arqueologia da Universidade de Harvard.

A história da recriação do Planalto de Gizé começa no início do século passado com o egiptólogo George Reisner. Durante 40 anos, Reisner se dedicou a escavar as pirâmides de Gizé e com o mesmo afinco documentar em milhares de fotos, textos, desenhos e relatórios todas as etapas e descobertas do seu trabalho. Agora, Harvard, o Museu de Boston e a Dassault digitalizaram esse material para recriar os achados de George Reisner.

O ambiente será interativo: o visitante terá de usar óculos e por meio de botões irá escolher para qual lado andar, onde quer entrar. Vídeos já feitos do Arquivo de Giza, como é chamado o projeto que deve ser lançado em março do ano que vem, mostram que as pessoas terão grande liberdade para andar por Gizé.

Der Manuelian vê essa iniciativa do Museu de Boston como mais um passo em uma direção que não tem volta. “Os museus de ciência que apresentam obras estáticas estão acabadas. A tecnologia, como 3D, redes sociais, smartphones, tudo deve ser usado para fazer que o acervo seja mantido vivo. E isso com certeza trará um novo público aos museus”, aposta o professor de Harvard que não vê a hora de usar a Gizé Virtual na aulas. “Quando um aluno tiver dúvida, eu poderei mostrar: ‘a estátua foi descoberta aqui’, ou ‘a tumba tinha esta forma, como você pode ver’”.

Tumba 3D. O 3D já foi ao Antigo Egito. Marcello Dantas, um dos curadores do Museu da Língua Portuguesa, conta: “O Museu Britânico (em Londres) não queria abrir um sarcófago, pois o contato com o ar iria estragá-lo. Então usaram tomografias para recriá-lo. A versão 3D mostrava muito mais do que o objeto em si, que estava deteriorado”. 

No Rio, binóculo conduz passeio Se no Museu de Boston o 3D é usado para a ciência, no Rio de Janeiro ele serve para outros fins. O Visorama, uma espécie de binóculo com botões, pode projetar uma imagem fictícia (a paisagem do Pão de Açúcar na década de 30) ou captá-la, com sua câmera embutida, e criar uma experiência de realidade aumentada (informações dos bairros saltam ao se olhar para eles). André Parente, artista, professor da UFRJ e idealizador do Visorama expõe, no Oi Futuro, uma históriaem que visitante deve optar em ir à praia de Copacabana ou ao Real Gabinete Português e, a partir da decisão entre uma das opções, pode vivenciar três histórias diferentes, dependendo de como interagir com o aparelho.

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