Entidade pede incentivo para games brasileiros

Fecomercio enviará carta ao Ministério de Ciência e Tecnologia pedindo incentivos para os jogos eletrônicos

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Por Murilo Roncolato
Atualização:
A partir da esquerda: Moacyr Alves Jr., Mitikazu Lisboa; Pedro Franceschi; Adolfo Melito; Emiliano de Castro; André Forastieri e Fábio Feldman no evento na Fecomercio. FOTO: Divulgação  Foto:

A maior entidade representativa da classe comercial de São Paulo enviará uma carta ao Ministério de Ciência e Tecnologia e passará a pressionar governo federal a fim de buscar incentivos e capacitação para a indústria de jogos eletrônicos no país. Atualmente, o mercado de games gera R$ 300 milhões para as empresas brasileiras. A perspectiva é de que esse número salte para R$ 3 bilhões até 2016.

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A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) se uniu às principais produtoras e entidades representativas das empresas do setor de entretenimento eletrônico e definiu uma carta sugerindo ações que o executivo deveria tomar para alavancar o setor no Brasil.

“Vamos falar a verdade, o mercado no Brasil não existe”, disse Adolfo Melito, um dos assinantes da carta e presidente do conselho de Economia Criativa da Fecomercio. O conselheiro acrescenta ainda que o número brasileiro de R$ 300 milhões se torna pífio quando comparado ao dos Estados Unidos. “O mercado de games no mundo gera US$ 30 bilhões, os Estados Unidos sozinho detém metade desse bolo”, aponta.

Segundo ele, as entidades pressionarão o governo sob três aspectos: capacitação profissional, combate à pirataria e diminuição no custo de contratação de trabalhadores.

 

“Além da desoneração da folha de pagamento”, diz Melito, “é urgente a renúncia fiscal: tem que tirar IPI, PIS e COFINS e incluir a categoria no Finep”. A Federação paulista se uniu a grupos como Abragames (Associação Brasileira de Desenvolvedores de Jogos Eletrônicos) e Acigames (Associação Comercial, Industrial e Cultural de Games), esta responsável pela bandeira do Jogo Justo, iniciativa que briga pela redução dos impostos sobre jogos eletrônicos de 80% para 15%.

O conselheiro da Fecomercio diz ainda que é urgente ações contra pirataria, já que, segundo a Abragames, 94% dos jogos para computador e videogames (consoles) são adquiridos ilegalmente. “Se as empresas tiverem que gastar dinheiro para evitar isso, não vai haver dinheiro para desenvolvimento”, opina.

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O diálogo entre o setor e o Ministério de Ciência e Tecnologia já existe desde o início de fevereiro, sendo a carta mais um elemento técnico e formal da discussão. Ela será levada ao ministro Aloizio Mercadante na próxima semana, entre os dias 1 e 2 de março.

“A gente não vai dar espaço para isso ficar lá três anos sem ninguém fazer nada. Se algo não puder ser feito em 6 meses, é muita incompetência. Nós estamos colocando a bola na frente do gol, só falta o Ministério botar para dentro”, brinca Melito.

Mercado

Durante evento ocorrido na Fecomercio nesta sexta-feira, 25, intitulado “O Mercado de Games e Aplicativos no Brasil”, o presidente da Abragames, Emiliano de Castro, ilustrou o potencial do setor comparando-o com outras áreas do mercado de entretenimento. Como exemplo citou que, no cinema, o filme Lua Nova chegou a 73 milhões de dólares em 24 horas; na literatura, o livro Harry Potter e as Relíquias da Morte bateu 220 milhões de dólares; e no setor de games, Call of Duty Modern Warfare 2 atingiu 400 milhões de dólares em um dia”.

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“O faturamento de games já superou a indústria de cinema, isso não é surpresa, incrível é a gente ainda se impressionar com esses dados no Brasil”, diz Castro. Ele ainda aponta que no Brasil falta uma “cultura de jogos”, o que gera debates “pobres e mal informados” sobre games, sempre relacionando-os com violência e jogos de azar.

Outra deficiência apontada pelos representantes do mercado é a falta de capacitação dos profissionais. Mitikazu Lisboa, diretor da Hive Games, reclama que os aspirantes possuem apenas ideias, mas não têm conhecimento técnico em design, simulação, 3D, programação ou visão de mercado. Segundo Lisboa, há 15 vagas na Hive que eles não conseguem preencher.

A Hive Games possui o maior faturamento dentre as empresas de games no Brasil. O lucrou no ano passado foi de cerca de R$ 8 milhões, mais do que o dobro em relação aos R$ 3,9 milhões de 2009. Mitikazu aponta que uma enorme possibilidade no gênero é o de publicidade dentro do ambiente virtual dos jogos ou in-game advertising. A previsão é de que esse nicho gire US$ 1 bilhão no mundo em 2011.

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