O conselho administrativo do Uber se reuniu neste domingo, 11, para discutir se Travis Kalanick, presidente executivo da empresa, deve deixar seu cargo temporariamente. Segundo uma fonte próxima à empresa, Kalanick poderá mudar de cargo ou ainda perder poderes dentro do Uber, que passa por uma forte crise.
O encontro, que não foi revelado pelo Uber, pode ser um momento vital na trajetória do Uber, avaliado em US$ 62,5 bilhões. Nos últimos meses, a empresa foi acusada de usar programas para fiscalizar rivais e governos, bem como enfrentou problemas em sua cultura interna, com acusações de assédio moral e sexual.
Além disso, segundo a fonte, o conselho também conversou sobre o que deve ser feito após o resultado de uma investigação sobre a cultura de trabalho da empresa, feita pelo ex-advogado geral dos EUA, Eric Holder. Na última semana, a empresa demitiu mais de 20 funcionários após a revelação dos resultados de outra investigação, feita pela consultoria Perkins & Cole.
Segundo a fonte, o conselho do Uber vai revelar o resultado da reunião aos funcionários da empresa nesta terça-feira, 13. Um dos possíveis resultados da reunião é a saída de Emil Michael, diretor de negócios do Uber, e uma das pessoas mais próximas da empresa a Kalanick.
O diretor de negócios ajudou a supervisionar amplas iniciativas estratégicas, incluindo fusões e aquisições e captação de recursos. Ele se juntou à Uber em 2013. Procurado pela Reuters, o executivo não respondeu aos pedidos de comentários.
Investigações. A investigação sobre assédio sexual dentro dos escritórios do Uber começou em fevereiro, depois que uma ex-funcionária, Susan Fowler, alegou que seu gerente usou o software de bate-papo da empresa para tentar "fazer com que fizesse sexo com ele". Como prova, ela ainda fez imagens da tela com as mensagens.
As acusações de Fowler, que trabalhou como engenheira no Uber entre novembro de 2015 e dezembro de 2016, foram publicadas em um blog pessoal no dia 19 de fevereiro. Além de descrever o assédio, a ex-funcionária disse que quando relatou a ofensa para funcionários de recursos humanos e de gestão, eles se recusaram a punir o agressor porque ele tinha "um alto desempenho".
"Eles não se sentiriam confortáveis punindo-o pelo que provavelmente foi apenas um erro inocente de sua parte", escreveu Fowler, em seu blog. Em resposta, Travis Kalanick, presidente executivo do Uber disse que o caso era "abominável e contra tudo o que o Uber defende e acredita". Na época, Kalanick pediu a abertura da investigação.
Além disso, também em fevereiro, o Uber demitiu seu vice-presidente de engenharia, Amit Singhal. Ex-chefe de buscas do Google, Singhal foi despedido depois que o site norte-americano Recode revelou que o engenheiro deixou o Google após ser acusado de assédio sexual. De acordo com o Recode, o Uber não sabia das acusações contra Singhal quando o executivo foi contratado, em janeiro, apesar de ter feito uma investigação minuciosa sobre seu passado profissional.