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Filantroponário

Depois de transformar o comércio eletrônico ao fundar o eBay, esse imigrante francês de 44 anos decidiu usar o mesmo conceito para mudar o mundo da filantropia

Por Redação Link
Atualização:

Depois de transformar o comércio eletrônico ao fundar o eBay, esse imigrante francês de 44 anos decidiu usar o mesmo conceito para mudar o mundo da filantropia

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Por Jon Swartz (USA Today)

Em algum momento do discurso, Pierre Omidyar fez uma pausa. O bilionário fundador do eBay e ativista das boas causas respondia a questões de bolsistas da Casa Branca quando uma pergunta o pegou em cheio. “O que você quer alcançar na vida?” Omidyar, 44 anos, fitou o autor da pergunta. “Vivemos uma vida confortável, mas são as relações que a enriquecem.”

Ele virou milionário da noite para o dia em 1998. Isso foi três anos depois de ele escrever o código que se tornaria o eBay. A companhia fez oferta pública de ações e, em suas próprias palavras, Omidyar ficou “ridiculamente rico”. Sua fortuna pessoal é estimada em US$ 6,2 bilhões, o que o posiciona como o 145º homem mais rico do mundo de acordo com a Forbes. Mas ele é um bilionário raro, que evita clichês associados aos ultrarricos.

“Chegou um ponto em que eu poderia, literalmente, comprar todos os carros. E eu não queria carro nenhum.” Sua mulher, Pam, tem uma minivan. ele, um Toyota Prius. Eles moram com os filhos em uma casa modesta em Honolulu, no Havaí. Pierre diz sentir desconfortável com o fato de ter acumulado tanto dinheiro tão rápido.

 

Enquanto refletia sobre o que fazer, pensou em como o eBay deu às pessoas uma plataforma para que elas virassem empreendedoras de sucesso. Por que não aplicar esse conceito à filantropia? Criou Fundação eBay em junho de 1998.

Até hoje, Pierre e Pam doaram mais de US$ 1 bilhão a centenas causas por meio de doações e de quatro organizações criadas por eles: Omidyar Network, Humanity United, Hope Lap e Olupono Iniative. “Ele é a nova cara da filantropia”, diz o ex-presidente dos EUA Bill Clinton, que conhece Omidyar há mais de dez anos. O CEO do eBay, John Donahoe, emenda: “De maneira discreta, ele tem enorme impacto no mundo.”

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A lenda do Vale do Silício que virou filantropo ficou muitos anos calado, dando uma ou outra entrevista e vivendo de maneira reclusa no Havaí. Por que falar agora? Para mostrar ao mundo de que forma sua organização cria equipes filantrópicas que podem gerar mudanças no longo prazo.

Ele também subiu o tom de seu discurso político: “Há um dramático declínio, uma total falência da liderança”, disse em um jantar vegetariano antes da sessão de perguntas e respostas. “Estou preocupado com o sonho americano”, disse o francês que imigrou para os EUA na década de 1970. “Pense nos mais brilhantes que vieram para cá”, diz, listando os fundadores do Google (Sergey Brin é russo) e do Yahoo (Jerry Yang, taiwanês).

Fanático por analisar números, Omydiar continua envolvido com o eBay. Presidente e principal acionista da empresa, vai a quatro reuniões anuais e intervém quando é preciso mudar alguma coisa. Ele gerou uma grande movimentação após a saída de Meg Whitman do cargo de CEO da empresa. Escalou Donaheo para substituí-la, contratou Mark Cages como CTO e nomeou Marc Andreessen como membro do conselho. Whitman, hoje à frente da HP, não quis dar entrevista. “Ele acredita que as pessoas são boas e acredita no indivíduo, no homenzinho, que impacta em escala global”, diz Donahoe, que conheceu Omidyar há sete anos, quando entrou no eBay.

A atuação de Omidyar na filantropia, baseada vagamente em uma abordagem de fundos de capital de risco, foi um poderoso agente de transformação social, da mesma forma como o eBay mudou o comércio. Suas doações são feitas a organizações com sólidos planos de negócios que geram ganhos que sustentam o trabalho não-lucrativo.

Para Bill Gates, Omidyar é uma figura central na intersecção entre filantropia e tecnologia. “Pierre aborda a filantropia com um espírito inovador e empreendedor, com o qual todos podemos aprender”, diz Gates. “Filantropia não é dinheiro”, diz Omidyar. “O dinheiro é importante, mas o impacto importa mais.”

—-Leia mais:Link no papel – 20/02/2012

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