Google perde nova chance de ser gigante em smartphones

Enquanto concorrentes têm problemas, empresa de buscas não é capaz de aproveitar boa onda para popularizar Pixel

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Por Hayley Tsukayam
Atualização:

Desde seu lançamento, em outubro, o Pixel, novo smartphone do Google, recebeu ótimas análises da crítica. Em comunicados, o Google já disse que vai lançar uma segunda versão do aparelho. No entanto, apesar do sucesso, parece que a empresa está perdendo uma chance de ouro para se tornar uma grande fabricante de smartphones. 

O Google não divulgou números oficiais de vendas do Pixel, mas analistas estimam que só 550 mil aparelhos foram vendidos em todo o mundo até o fim de 2016. Para efeitos de comparação, a Apple vendeu 78 milhões de iPhones entre outubro e dezembro, enquanto a Samsung conseguiu vender 2,5 milhões de Galaxy Note 7 entre agosto e outubro, quando o celular foi descontinuado após sucessivos problemas na bateria. 

Próxima versão do Pixel, smartphone do Google, poderá ter telas curvas de OLED Foto: REUTERS/Beck Diefenbach

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Hoje, o Google tem menos de 1% do mercado global de smartphones, diz Ramon Llamas, analista de pesquisas da consultoria IDC. É pouco, comparando com os 18% da Samsung e os 18,2% da Apple no quarto trimestre de 2016. 

Tropeços. Quando o Pixel foi lançado, a concorrência estava mal das pernas: o Galaxy Note 7, da Samsung, teve problemas com sua bateria e foi descontinuado, enquanto a Apple era criticada por trazer pouca inovação às últimas versões do iPhone. 

Ao ser lançado, o aparelho chamou atenção: tem boa câmera, bela construção e inovações como o assistente pessoal Assistant. Além disso, o Google se esforçou para vender o aparelho – como não fez com a linha Nexus. A empresa reportou gastos de US$ 3,2 milhões em marketing, além de um considerável esforço, para vender o Pixel como “o celular do Google”. Nos EUA, o aparelho é vendido a partir de US$ 649, no site da empresa. 

Há, porém, falhas na estratégia do Google: nos EUA, apenas uma das quatro grandes operadoras, a Verizon, vende o aparelho. Hoje, a maioria dos americanos prefere comprar um aparelho de uma operadora, vinculado a planos pós-pagos, do que optar por celulares desbloqueados. 

Oferecer um novo smartphone por apenas uma operadora não é uma ideia ruim: a Apple fez o mesmo com o iPhone, em parceria com a AT&T, e o próprio Google foi parceiro da Verizon ao lançar o Nexus. No entanto, após três meses de lançamento, as lojas ainda têm problemas de estoque do Pixel. 

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Ter o interesse dos consumidores é bom, mas é ruim para o Google não capitalizar em cima da demanda. A principal razão para a falta de aparelhos, dizem analistas, é que o Google está tendo problemas no fornecimento de peças do smartphone.

Retomada. Isso não quer dizer que o Pixel não possa ganhar força em breve. No Mobile World Congress, congresso de smartphones realizado há duas semanas em Barcelona, o aparelho mais discutido foi um celular da Nokia que parece ter sido lançado nos anos 2000. No fim do mês, porém, a Samsung vai anunciar seu novo smartphone, o Galaxy S8, colocando o Google sobre pressão mais uma vez. 

Por fora, o Google tenta demonstrar que está feliz com as vendas do Pixel. Seu presidente, Sundar Pichai, se disse “entusiasmado” com as vendas do aparelho no fim do ano. Hoje, porém, o Pixel parece ser mais um experimento interessante do que um grande sucesso, diz Ramos, da IDC. “Ele tem sido bom para quem está usando”, explica. “Mas é um aparelho há cinco meses no mercado que ainda não chegou à mão de todos os interessados. E isso é ruim.” / TRADUÇÃO DE BRUNO CAPELAS

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