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Grupo faz protesto contra vigilância na NETmundial

Usando máscaras de Snowden no rosto e com faixas, grupo composto por ativistas internacionais fez ação durante discurso da presidente Dilma Rousseff

Por Murilo Roncolato
Atualização:
 

SÃO PAULO – Durante o discurso da presidente Dilma Rousseff na NETmundial o som falhou. Um barulho atordoante tomou o plenário e Dilma teve de esperar, com cara de poucos amigos, durante 20 segundos. Enquanto a solução não vinha, um grupo de ativistas usando máscaras com o rosto do ex-agente Edward Snowden levantou uma faixa onde se lia “Somos todos vítimas da vigilância. Estamos com você, Dilma”.

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Por trás de duas das máscaras, estavam o ativista Jérémie Zimmermann, membro e fundador do grupo francês La Quadrature du Net; e Jacob Appelbaum, hacker membro da base de desenvolvimento do Tor Project, lembrado por sua ligação com Julian Assange e o Wikileaks. A reivindicação, vocalizada por Zimmermann, é por prioridades.

“Grupos multissetorias existem há mais de 15 anos e tudo o que vimos foi a criação de um mundo de vigilância massiva”, diz o francês. “Temos uma situação de urgência aqui [referindo-se às revelações dos esquemas de monitoramento virtual pela NSA] e estamos aqui de novo discutindo apenas princípios.”

Para o ativista, as ações práticas acabam surgindo de forma autônoma e isolada na internet. “Vemos atitudes sendo tomadas pelo Google, pelo governo chinês, com a criação do BitTorrent, do Tor. Essas ações mudam o modo como a internet funciona e geram impacto.”

 

Zimmermann citou Dilma e a sua menção à necessidade de se tratar a internet como um bem comum. “Os governos e as empresas deveriam estar discutindo maneiras de preservar esse bem comum, para que os verdadeiros atores possam agir: os cidadãos.” Como comparação cita os movimentos pela causa LGBT e em defesa dos direitos humanos. “Nenhum desses direitos foi criado a partir de modelos multissetoriais globais, mas sim tendo como partida pessoas corajosas que enfrentaram o sistema.”

O ativista francês cita uma pesquisadora brasileira que uma vez o teria mandado levar suas opiniões para debate em fóruns como o Fórum de Governança da Internet (IGF), que tem modelo semelhante ao do NETmundial. “Eu não acredito nisso. Para mim, eles são parte do problema. Eles se reúnem há 15 anos na CMSI (Cúpula Mundial da Sociedade da Informação, da ONU) e no IGF, viajam a lugares incríveis ao redor do mundo, vestem-se bem, e nunca tomaram uma única decisão”, diz.

“As revelações de Snowden mostraram que em todos esses anos de modelo multissetorial, tudo o que se criou foi um mundo de opressão e vigilância. Precisamos mudar isso.”

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