Indústria colaborativa

Grupo usa o conceito do software livre para incentivar a fabricação de produtos que não agridem o meio ambiente

PUBLICIDADE

Por Tatiana Mello Dias
Atualização:

Grupo usa o conceito do software livre para incentivar a fabricação de produtos que não agridem o meio ambiente

PUBLICIDADE

SÃO PAULO – Coco e polvilho formam uma combinação poderosa. Não para a cozinha, mas na indústria – o material que resulta da fibra de coco junto do polvilho (o culinário mesmo) é resistente, versátil e sustentável. Com a mistura, é possível criar objetos – como um capacete de bicicleta ou um coletor biodegradável de fezes de animais, por exemplo. Essas são algumas das ideias que começam a ser tiradas do papel no Mineo, um projeto online para combinar a mentalidade do software livre (feito colaborativamente e sem copyright) à produção industrial – da concepção do produto à sua venda.

—- • Siga o ‘Link’ no Twitter, no Facebook, no Google+ no Tumblr e no Instagram

O Mineo viabiliza a produção de objetos que solucionem problemas reais e cria uma cadeia de produção mais aberta e sustentável. Para isso, o projeto junta duas pontas: aqueles que têm as ideias e as pessoas que têm as condições para tirá-las do papel. O coletor e o capacete foram ideias apresentadas por colaboradores que imaginaram novos objetos a partir do material proposto pelos criadores do site.

 Foto: Estadão

A equipe do Mineo, de 12 pessoas, entra em contato com fornecedores de matéria-prima e lança o desafio no site – são as “chamadas criativas”. Para o fornecedor, isso é bom porque desse processo podem sair novos usos para seu material. E, para os criadores, é uma maneira de viabilizar uma ideia. “Tem uma galera que pega empréstimo no banco para produzir um protótipo e há fornecedores que querem investir em desenvolvimento de produto, mas não têm departamento de TI”, diz Bárbara Dick, fundadora do Mineo.

A partir da ideia publicada, o Mineo reúne pessoas para colaborar no desenvolvimento do produto e, então, viabilizar a sua produção e comercialização. “Essa ideia de abrir as coisas, a cultura do processo aberto, nós trazemos do open source de software”, diz Bárbara. “Em cada fase nós tentamos reproduzir o processo criativo offline e colocar isso online para buscar a experiência coletiva e ir tapando esses buracos que existem, por exemplo, na viabilização”, explica a fundadora.

Hoje há 12 ideias em discussão. Além do capacete e do coletor, há uma cesta para bicicleta, uma cadeira de balanço, uma luminária e uma capa dura de livro. O criador publica a ideia – por um custo de R$ 10 – e convoca a comunidade para fazer melhorias. Eles justificam o pagamento: “assim, todos vão compartilhar somente aquelas ideias que acreditam e vão cuidar com carinho delas”, escrevem os fundadores no site.

Publicidade

Há ideias que foram rejeitadas por empresas, trabalhos de faculdade e até um projeto de uma empresa italiana que foi colocado na plataforma como uma maneira de viabilizar a sua entrada no mercado brasileiro. Produto feito e testado, é hora de vender. Os objetos serão colocados inicialmente no site de financiamento colaborativo Catarse, em uma pré-venda para que possam ser produzidos em maior escala. Mais ou menos como aconteceu com o relógio Pebble, que arrecadou US$ 10 milhões no Kickstarter.

On e off. O Mineo surgiu da aproximação entre uma empresa de software a outra de design de produtos. A conversa foi por meio do Catarse – os envolvidos já se conheciam. Eles começaram a estudar modelos de tech shops, espécie de oficina colaborativa em que as pessoas constroem coisas.

“Queríamos ver como poderíamos criar mais projetos, para que mais pessoas conseguissem tirar as ideias do papel. E até solucionar coisas que a indústria não tem tempo ou dinheiro para olhar”, explica Bárbara. “Começamos a pensar em maneiras para que mais pessoas pudessem produzir seus produtos de forma sustentável. A ideia era que todo mundo ganhasse com isso em cadeia.”

A fabricação dos produtos idealizados no site deve começar neste mês, ainda em fase de testes. Se tudo der certo, as vendas começam em dois meses.

—-Leia mais:• Link no papel – 11/02/2013

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.