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Internet muda comércio de obras de arte

The Art Detective, de Philip Mould, trata da popularização do mundo das negociações de obras de arte

Por Agências
Atualização:

Quando Philip Mould começou a trabalhar como marchand profissional 22 anos atrás, o trabalho de compra e venda de obras de arte de alto nível era limitado a um grupo restrito de historiadores experientes que vasculhavam o mundo em busca de obras-primas.

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Mas o mundo atemporal da arte mudou na era da internet e da alta tecnologia. Mould e sua equipe antes se limitavam a examinar 15 a 20 obras por dia, mas hoje podem avaliar o valor de entre 50 e 100 obras diariamente.

“Há mais possibilidades, mais descobertas”, disse ele. “Mas também há mais concorrência. Existe uma nova geração que curte a adrenalina e compra indiscriminadamente.”

O novo livro de Mould, The Art Detective, trata do mundo antes desconhecido mas hoje amplamente acessível da negociação e restauração de obras de arte. “O conhecimento está mais democratizado hoje”, diz ele.

No passado, ele tinha de usar fotos de baixa qualidade para avaliar uma obra de arte oferecida por um vendedor. Hoje ele pode examinar cada centímetro de um quadro de perto, usando imagens digitais modernas.

O subtítulo de seu livro é “Falsificações, fraudes, achados e a busca por tesouros perdidos” e uma de suas melhores histórias é a descoberta de um autorretrato de Rembrandt.

Atribuída originalmente a um seguidor de Rembrandt, a tela foi avaliada no passado como valendo entre 2 mil e 4 mil dólares. Mais tarde, tendo sido autenticada como autorretrato perdido, foi vendida por 5,2 milhões de dólares em um leilão, e hoje é estimada em 40 milhões de dólares.

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Especialista em retratos britânicos, Mould é apresentador do programa de TV Antiques Roadshow, em que especialistas avaliam o valor de antiguidades compradas na Grã-Bretanha. O programa já foi reproduzido em vários países, incluindo Estados Unidos, Canadá, Austrália e Alemanha.

Mould disse que é atraído pelas próprias obras de arte e pela emoção da busca.

“O momento mais instigante é quando uma pintura é restaurada”, disse ele. “É o equivalente artístico a uma cirurgia cardíaca. Às vezes nem consigo assistir ao trabalho. As emoções são extremas, especialmente quando você mesmo pagou pelo trabalho.”

Mould usa seu conhecimento especializado para expor fraudes. A polícia britânica estima que 50% das obras de arte vendidas na eBay, por exemplo, são falsificadas.

“Há mais falsificações hoje. Muitas delas vêm da China, por exemplo. Mas ninguém pode recriar os efeitos do tempo. Mesmo o cheiro é importante”, diz ele.

“É muito empolgante. O conhecimento tradicional é muito ajudado pela ciência moderna”, acrescenta.

Por exemplo, uma tecnologia sofisticada de impressões digitais permite que compradores autentiquem obras de arte, encontrando a impressão digital do artista, às vezes de séculos atrás.

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“Uma impressão digital é melhor que uma assinatura para determinar a autenticidade de uma obra. Diferentemente da assinatura, a impressão digital não pode ser falsificada.”

(REUTERS)

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