Mountain Lion torna o Mac mais parecido com o iPad

Pogue avalia o novo OS da Apple que garante agendar atualizações para seu Mac anualmente

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Por Redação Link
Atualização:

Os iPhones e iPads da Apple têm recebido a maior parte da atenção, mas a Apple está agora apontando os holofotes para o Mac.

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Corriam rumores de que a Apple estaria relegando o Mac para segundo plano, mas é difícil acreditar nisso depois do anúncio feito na quinta-feira, 16: a partir de agora, a Apple vai atualizar o Mac OS X uma vez por ano.

E isso vai começar em meados deste ano com o Mac OS X 10.8, apelidado de Mountain Lion, apenas um ano depois do lançamento de sua primeira versão.

Agora teremos de decidir uma vez por ano se aceitamos ou não pagar os US$ 30 por ano (ou o valor que a Apple decidir cobrar) pelo privilégio de manter o sistema operacional atualizado.

Mas a grande surpresa é que, pela primeira vez, a Apple decidiu dar aos jornalistas que cobrem a área da tecnologia uma prévia inicial da nova versão do Mountain Lion – não apenas meses antes do seu lançamento para o público, mas antes mesmo de o sistema ser liberado para a comunidade de desenvolvedores.

Quando o Lion foi lançado em meados do ano passado, as grandes mudanças eram no sentido de tornar o Mac mais parecido com o iPad. Os gestos feitos no trackpad simulavam os gestos de múltiplos toques usados na tela de um iPad. Recursos do Lion como o modo de exibição em tela cheia, o salvamento automático e o Launchpad são também cópias descaradas do iPad; se a Apple não tivesse roubado esses recursos de si mesma, ela certamente abriria um processo por violação de propriedade intelectual.

Bem, não olhe agora, mas o Mountain Lion traz ao Mac um número ainda maior de recursos do iPhone e do iPad. A mais interessante dentre as novas vantagens é a semelhança entre a suíte de aplicativos do Mac e aquilo que encontramos no iPhone/iPad, como os recursos Reminders (lembretes), Notes (anotações), Messages (mensagens) e Game Center (central de jogos). Por meio da sua conta gratuita no serviço iCloud, todos estes aplicativos são sincronizados instantaneamente e sem complicações em todos os seus dispositivos Apple. No Mac, digita-se um lembrete para si mesmo; este vai aparecer simultaneamente no iPhone vinculado à mesma conta.

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Os lembretes são bacanas: é possível adicionar fotos a eles, ou mudar o estilo e o tamanho da fonte. (As mudanças de tamanho e tipo de fonte também são sincronizadas com o iPhone/iPad do usuário, mas não as fotos). Pode-se ainda afixar um lembrete na área de trabalho para ter a certeza de que este irá chamar sua atenção.

O serviço de mensagens é particularmente interessante. Agora é possível digitar mensagens breves – ou registrar fotos e vídeos – e enviá-las para qualquer outra pessoa que tenha um iPhone, iPod Touch ou um Mac rodando o Mountain Lion, diretamente do seu computador. Estas podem parecer mensagens de texto, mas são gratuitas e não envolvem uma operadora de telefonia celular. E, como tudo é sincronizado, vemos a mesma conversa na íntegra em cada um dos dispositivos associados a uma mesma conta. Se começou um bate-papo com o patrão no celular, pode-se ir para casa, sentar-se na frente do Mac e ver uma transcrição completa de tudo que foi escrito até então.

Este novo aplicativo Messages substitui o venerável iChat. Ou, na verdade, ele se soma ao iChat; todos os velhos recursos do iChat continuam ali. E pode-se baixar uma versão prévia deste aplicativo hoje mesmo a partir da Mac App Store.

O Twitter foi agora incorporado a muitos programas do Mac, como o Safari, iPhoto, Photo Booth e Quick Look, de modo que pode-se tuitar quase qualquer coisa. Um botão Compartilhar também foi agora incorporado a muitos aplicativos do Mac. No navegador Safari, por exemplo, pode-se clicar nele para partilhar um site por meio do Mail, do Messages ou do Twitter. No programa Notes, o botão Share oferece a possibilidade de enviar um lembrete pelo Mail ou pelo Messages.

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No Preview, o botão oferece como possibilidades o compartilhamento via Mail, Messages, Twitter, Flickr ou AirDrop (o recurso de compartilhamento simples e direto entre dois Macs).

Mas o novo recurso de que mais gostei é o Notifications Center (centro de lembretes e notificações). Trata-se de uma atraente lista em cinza escuro de tudo aquilo que vem tentando chamar a atenção do usuário: novas mensagens de e-mail na caixa de entrada, conversas do Messages, alertas e lembretes. No iPhone, esta lista é acessada ao arrastar o dedo pela parte superior da tela. No Mac, é preciso trazer dois dedos da extremidade direita do trackpad até o centro. Demais. (Pode-se também clicar num botão especial na barra de menus.)

Ao fazê-lo, o Notifications Center desliza para o centro da tela vindo da direita, deslocando o restante da área de trabalho para a esquerda. O efeito é maravilhoso e digno de algo criado pela Apple.

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Como ocorre no iPhone, os programas que querem chamar a atenção do usuário podem exibir um lembrete visual automático (que aparece durante alguns segundos no canto superior direito da tela e logo desaparece) ou uma caixa de diálogo (que exige um clique no botão Fechar ou no botão Exibir, levando-nos ao programa em questão). É possível especificar o tipo de lembrete desejado (ou até desligar a função) no caso individual de cada programa.

Atualmente, estas notificações podem ser exibidas pelo Calendar, Safari, Reminders, Messages, Mail, App Store, Software Update (gerenciador de atualizações), Facetime e Game Center, e os desenvolvedores podem incorporar o Notifications Center aos seus próprios aplicativos.

E como fazemos para evitar um bombardeio de alertas a cada e-mail recebido durante o dia de trabalho? Um novo recurso permite que especifiquemos determinadas pessoas como VIPs – clica-se numa estrela ao lado de seus nomes na nova versão do Mail. Somente as mensagens enviadas por VIPs disputam a atenção do usuário no Notifications Center.

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É muito grande o número de pequenos ajustes feitos (mais de 100, diz a Apple). Alguns dos principais destaques:

• O Game Center, um ambiente central que facilita a busca por parceiros de jogos na internet, chega agora também ao Mac. A Apple diz que 100 milhões de pessoas se inscreveram no Game Center do iPhone/iPad, e 20 mil títulos são compatíveis com o serviço – e agora que o Game Center chega ao Mac, torna-se possível jogar contra todos aqueles que se inscreveram a partir de seus celulares e tablets.

• Aqueles que possuem uma Apple TV vão adorar isso: agora tornou-se possível exibir aquilo que está no Mac na tela da TV, via sinal wireless. É isso mesmo, o recurso AirPlay, do iOS, foi trazido ao Mac. Pense em exibições de slides, aulas demonstrativas, vídeos do YouTube, filmes da Netflix – basta um clique e tudo isto surge na TV, em formato de alta definição 720p, e não mais somente na pequenina tela do Mac.

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• Quando abrimos um dos aplicativos do iWorks, como o Pages ou o Keynote, são exibidos dois botões para abrir e salvar os documentos: “iCloud” e “no meu Mac”. Ou seja, pode-se agora armazenar e editar os documentos na rede, para facilitar o acesso (e a sincronização) a partir de qualquer dispositivo Apple. Dentro desta tela de arquivamento, é possível criar pastas como é feito no iPhone: arrastando os documentos uns para cima dos outros.

• O Gatekeeper é um novo sistema de segurança. Ele controla os aplicativos baixados que podem ou não ser instalados no seu Mac. Há três opções: Mac App Store Only (ou seja, aplicativos aprovados e previamente checados pela Apple); App Store and Identified Developers (aceita também os aplicativos desenvolvidos por empresas conhecidas pela Apple); e Anywhere (aplicativos obtidos em qualquer lugar). O Mac nunca teve grandes problemas com vírus e programas maliciosos, mas, caso isto mude, essa nova forma de defesa estará a postos.

• Os nomes dos aplicativos foram mudados para se assemelharem mais aos encontrados no iPhone/iPad. Assim, o Address Book passou a ser chamado de Contacts; o iCal virou Calendar; o iChat se tornou o Messages.

• Há um número muito maior de recursos voltados para os usuários chineses, incluindo um sistema de reconhecimento de caracteres chineses que atualiza o dicionário chinês do Mac conforme novas palavras entram no vocabulário popular. Os equivalentes chineses do Google, YouTube, Twitter e Facebook são agora integrados por meio de botões Share e outras funções, exatamente como ocorre na versão americana.

• Existe um botão Search (busca) no Lauchpad (a tela central que ativa os aplicativos do Lion, como a tela Home do iPhone/iPad).

• Quando o recurso de compartilhamento de tela com outro Mac está ativo (ótimo para solucionar problemas técnicos), pode-se trocar arquivos entre os computadores simplesmente arrastando-os e largando-os no local desejado.

• O Safari possui agora uma barra única para buscas e endereços URL.

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• Os formulários em PDF podem agora ser preenchidos no Preview, o leitor de PDFs embutido no sistema operacional.

• No Calendar, a lista de categorias (Família, Trabalho, Filhos, etc.) voltou a ser um painel lateral que pode ser deixado aberto. (A Apple admite que transformar isto numa bolha que se sobrepunha na tela foi um equívoco do Lion.)

• Existe uma coluna Groups em Contacts.

• Há um novo navegador de widgets na Dashboard.

No geral, o Mountain Lion mostra que a Apple prossegue na sua tentativa de unificar seu ecossistema – trazendo assim os mesmos aplicativos, interfaces e dados a todos os dispositivos da empresa. Trata-se de uma maneira calculada e malevolamente astuta de tornar ainda mais atraente, confortável e útil a ideia de nos mantermos dentro da família Apple. Todos os dados do usuário estão à espera num mesmo formato e posição em cada dispositivo Apple. Todos os seus sistemas operacionais estão ficando cada vez mais parecidos uns com os outros, e todos os dados dos usuários estão se tornando mais acessíveis e fáceis se manter em sincronia.

Temos de nos perguntar como a Apple espera manter este ritmo de mudanças no Mac OS X ano após ano sem jamais meter os pés pelas mãos.

É preciso perguntar também como a Apple fará para numerar as diferentes versões do Mac OS X, já que este se encontra na versão 10.8. (Na verdade, os funcionários da Apple me disseram que a empresa não vê problema em usar duas casas decimais depois do ponto, como Mac OS X 10.10, Mac OS X 10.11 e Mac OS X 10.12.)

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Mas a grande pergunta é: por quanto tempo a Apple conseguirá batizar seus sistemas operacionais com o nome de grandes felinos? Mac OS X Lince-Pardo? Mac OS X Puma? Mac OS X Gatão Doméstico Acima do Peso?

Nota do editor: David Pogue escreve livros sobre tecnologia, incluindo guias e manuais, entre os quais se incluem títulos que cobrem o sistema operacional do Mac. Estes projetos não são encomendados pela fabricante de tais produtos nem são escritos em parceria com ela.

/ Tradução de Terezinha Martino

* Publicado originalmente em 16/2/2012.

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