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Netflix no Brasil

Serviço chega ao País por R$ 14,99 mensais e oferece o primeiro mês gratuito para quem quiser testar

Por Murilo Roncolato
Atualização:
 

Reed Hastings, diretor e cofundador da empresa, veio ao Brasil anunciar o início das operações da Netflix. FOTO: Marcio Fernandes/AE SÃO PAULO – A Netflix finalmente chegou. A empresa, que oferece streaming ilimitado de filmes e séries pela internet, anunciou o início das suas operações no País nesta segunda-feira, 5. O serviço estará disponível gratuitamente por este primeiro mês para quem quiser testá-lo e, depois disso, cobrará R$ 15 mensais por cliente. Até o dia 12 de setembro, a Netflix também estará em países como Argentina, Chile, Colômbia, México, Venezuela, além de todo o Caribe.

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“O consumidor tem o controle do que vai ver”. Seguindo o conceito de click and watch (clique e assista), o cofundador e diretor da empresa, Reed Hastings, acredita que o serviço conseguirá uma boa recepção no país em função de alguns fatores: preço acessível, boa quantidade de conteúdo que, juntos, devem alimentar a relação faminta que brasileiros tem por vídeo. “Quando testamos o Netflix pelo mundo não havia lugar como o Brasil. Essa paixão por vídeo é única”, disse.

No acervo, filmes e seriados de produtoras e distribuidoras populares como Paramount, Sony, Disney, MGM, Miramax, BBC e a brasileira TV Bandeirantes. Há ainda um acordo com a Warner que, segundo o diretor de conteúdo Ted Sarandos, está próximo de ser fechado e deve trazer todas as séries da produtora. A Globosat, das Organizações Globo, não teria nenhuma negociação com a Netflix, embora Hastings tenha declarado seu interesse em algum tipo de acordo.

“São milhares de horas de vídeos, variando de filmes de Hollywood a novelas”, disse Hastings. O executivo ainda estima que o intervalo entre o lançamento de um filme nos cinemas e sua chegada à Netflix é de, em média, um ano.

A Netflix já possui um escritório em São Paulo de atendimento ao consumidor e anuncia “investimentos substanciais” em propaganda em contratos assinados com variadas agências.

O serviço pode ser acessado por televisões com acesso à internet (aplicativo estará disponível já nos próximos meses), computadores e demais dispositivos móveis, como celulares (o app para iPhone deve ficar pronto até novembro), tablets e consoles como Sony Playstation 3, Nintendo Wii e Xbox (até o final do ano).

Nem sempre perfeito. Dentre os possíveis problemas a serem encontrados pela companhia aqui, a limitação do alcance e qualidade da banda larga oferecida é certamente o mais temido. “O stream não ficará perfeito sempre, mas acreditamos na melhora da banda larga ano a ano”, confessa o diretor do serviço.

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Por aqui, haverá ainda a concorrência de serviços semelhantes como o do NetMovies – que oferece planos de streaming ilimitado a partir de R$ 10 –, Saraiva Digital, Terra TV Video Store, Sky on Demand e Net Now. Reed Hastings se mostra confiante e aposta no seu catálogo de programas e na assinatura de R$ 15 mensais para se impor contra os rivais. O diretor aproveitou para reforçar a intenção da empresa em manter a taxa nesse valor “por muito tempo”.

Sobrevivência. A chegada do serviço no Brasil levanta palpites sobre o futuro de modelos tradicionais de negócio na área de entretenimento, como as locadoras e as operadoras de TV por assinatura, como a Net e a SKY Brasil. Ao Estado, o diretor de produtos e serviços da Net, Márcio Carvalho disse acreditar que o Netflix tende a ser, por enquanto, um “negócio de nicho” para “quem quer algo a mais”.

A Blockbuster no Canadá anunciou o fim de suas operações nesta sexta-feira, 3, e o fechamento de 253 lojas no país. A locadora vinha sofrendo quedas em sequência e o principal suspeito de ter agilizado essa situação é o negócio de streaming de conteúdo por assinatura, como o do Netflix.

Reed Hastings rejeita a ideia de que seu negócio pode gerar a queda de outros. “Somos um produto complementar. É como o DVD, não é por ter o aparelho DVD que o consumidor deixa de assinar TV a cabo. O número de assinantes desse tipo de negócio vem crescendo lado a lado ao Netflix”. Para ele, locadoras físicas também não devem perder sua posição. “Locadoras foram populares por 20 anos e vão continuar sendo”, acredita.

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A Netflix começou em 1997 nos Estados Unidos oferecendo locação de filmes por correio. A prática de streaming foi iniciada apenas em 2008 e hoje se tornou o foco da empresa. Desde abril, sabe-se que a empresa corre com seu plano de expansão internacional, para além da América do Norte. No entanto, apenas o serviço de entrega de DVDs por correio está fora desse pacote. A necessidade de sistemas de logística seria a principal barreira.

Além disso, por apostarem essencialmente em “oferta de conteúdos globais”, o streaming é o tipo de negócio que mais se adequa. “A nossa intenção é levar o conteúdo do mundo para os cidadãos do mundo”, disse Hastings quase entoando um slogan. Hastings coloca todas as fichas também nos televisores inteligentes, ou Smart TVs. Para ele, o futuro está nas televisões conectadas, o que seria algo extremamente conveniente para serviços como o da Netflix. “Pelos próximos cinco anos todas as televisões a serem vendidas serão conectadas à internet”, diz.

Pirataria. Se o seu trabalho não competirá com os negócios já estabelecidos no mercado tradicional, o streaming pode acabar sorrateiramente com um outro tão popular quanto: a pirataria. Hastings cita o caso do Canadá, onde o site de torrent BitTorrent perdeu uma grande quantidade de usuários após a entrada da empresa no país.

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“Pelo baixo preço é uma oportunidade para pessoas pagarem pelo conteúdo, em vez de apelar para a pirataria”, afirma.

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