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Onda colaborativa conquista novos negócios no País

Empresas se inspiram em modelos internacionais, mas ainda esbarram na falta de confiança de investidores e do consumidor

Por Ligia Aguilhar
Atualização:
 

No Brasil, diversas startups já começam a surfar na onda da economia compartilhada. O recém-divulgado resultado do Seed, programa de aceleração de empresas do Estado de Minas Gerais, é um sinal de que o mercado para esses negócios está se aquecendo por aqui.

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Após seis meses ajudando um grupo de startups aprovadas em seu processo seletivo a se desenvolver, o Seed escolheu duas para serem premiadas com uma viagem ao Vale do Silício. As vencedoras, Homestay Brazil e Cabe na Mala são representantes da economia compartilhada.

A Cabe na Mala conecta pessoas interessadas em produtos do exterior a viajantes que se colocam à disposição para trazê-los em troca de uma recompensa. Criada em 2013, a startup já recebeu R$ 68 mil em investimento e realiza hoje mais de 90 transações mensais. A estimativa de faturamento para este ano é de R$ 500 mil.

Assim como as startups estrangeiras, a Cabe na Mala já enfrentou pressões pelo seu modelo de negócio. “Infelizmente as leis não caminham no mesmo ritmo da inovação. Hoje não permitimos mais encomendas acima de US$ 500, cota máxima permitida por lei”, diz a cofundadora Ana Paula Lessa.

Mas o principal desafio para as empresas brasileiras do segmento está na conquista de clientes e investidores. “Lá fora, investidores enxergam de forma mais clara o potencial desses negócios. O Friendshipper, plataforma estrangeira similar ao Cabe na Mala, já recebeu US$ 1 milhão de investimento”, diz a empreendedora.

Estímulo O crescimento do Uber e Airbnb pode ajudar os negócios brasileiros colaborativos a ganhar credibilidade, diz o diretor de comunicação do Seed, Giuliano Bittencourt. “Elas podem estimular investidores a apostar em negócios parecidos para vendê-los futuramente”, afirma.

Por outro lado, criar uma startup idêntica a outra empresa estabelecida (o chamado copycat) e que já atua no País pode dificultar o caminho para o sucesso. A Homestay Brazil, que oferece um serviço semelhante ao Airbnb, precisou mudar seu modelo de negócio durante o programa de aceleração do Seed para não bater de frente com a gigante americana. A startup está desenvolvendo uma rede de outros serviços associados à hospedagem, como o aluguel de carros, e fechou parcerias com empresas estrangeiras de hospedagem para ampliar seu mercado de atuação.

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Em seis meses, a startup registrou seis mil cadastros espontâneos e intermediou R$ 170 mil em transações. Um número ainda pequeno, mas que é considerado uma vitória. “O brasileiro está menos acostumado a esse tipo de serviço e é mais desconfiado, por isso precisa de mais suporte e ajuda para aderir”, diz o cofundador da Homestay Brazil, Leonardo Neves.

O Brasil também já tem uma versão local do Uber. O aplicativo Zaznu conecta motoristas com espaço sobrando no carro a passageiros em busca de uma carona. O motorista propõe um valor para a corrida, mas o usuário pode pagar quanto quiser.

O app, lançado em fevereiro, funciona em cinco cidades e pretende chegar a outras cinco até o fim do ano. Alvo de ameaças (já houve até um protesto contra a startup no Rio de Janeiro), hoje o desafio da Zaznu é provar ao consumidor que seu sistema é seguro. “Enfrentamos muita dificuldade para conseguir pessoas que pagassem no início”, diz a gerente de comunidades da Zaznu, Aline Viriato.

A startup adotou uma prática comum a outros negócios do segmento para aumentar a credibilidade: usa um formulário para as partes envolvidas em uma transação se avaliarem e alertar futuros usuários sobre alguém mal-intencionado. Além disso, o serviço faz um cadastro e analisa a documentação básica de quem oferece carona. “Depois que as pessoas conhecem o serviço, não têm mais receio”, diz Aline.

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