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Para apresentar a arte livre

Começou hoje em Recife o Libres, mostra multimídia de arte e tecnologia livre. Com entrada gratuita, o evento trará alguns artistas do Brasil e do mundo que criam a partir de tecnologias livres.

Por Tatiana Mello Dias
Atualização:

Em atividades que acontecem até sexta, criadores se reunião com o público para ministrar oficinas, debater e criar novas formas de arte sobre plataformas abertas. A proposta é transformar a Torre Malakoff, ponto histórico de Recife, em um museu tecnológico vivo com obras em três áreas principais: áudio, vídeo e hardware hacker.

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Mas, para os organizadores, o evento vai além de uma mostra. “O Libres é vivo, é fluxo, e não estático. Há muita coisa sendo construída na hora”, disse ao Link Maíra Brandão, coordenadora executiva do Centro de Desenvolvimento em Tecnologias Livres (CDTL) e uma das responsáveis pelo evento.

Os organizadores esperam que pelo menos 100 pessoas passem por dia pela Torre Malakoff – isso, claro, fora o público que pode acompanhar o evento ao vivo, por streaming ou pelo Twitter.

O Link conversou com Maíra Brandão para saber mais sobre a proposta do evento:

Por que fazer um evento multimídia de arte e tecnologia livre? Nós somos um coletivo que desenvolve obras e trabalhos juntando arte e tecnologia há pelo menos cinco anos. Então nada melhor do que uma mostra pra mostrar para o mundo o trabalho da gente e de tantas outras pessoas do Brasil e do mundo que usam a tecnologia como ferramenta para criar suas obras.

Além disso, o CDTL está comemorando um ano enquanto Pontão de Cultura Digital, vinculado ao Programa Cultura Viva do Ministério da Cultura, durante o qual realizamos Encontros de Conhecimentos Livres, com oficinas de áudio, vídeo e metareciclagem, tudo com plataformas livres, nos nove estados do Nordeste, e colaboramos no desenvolvimento e melhoramento de alguns softwares e plataformas.

Já dá para falar em uma cena artística que está se formando sobre plataformas livres? Com certeza. Talvez muitas pessoas ainda não tenham se dado conta disso, mas existem ideias geniais de desenvolvedores e artistas rolando no Brasil inteiro, e a gente espera mostrar um pouco disso no Libres. Existe uma rede entre esses artistas? Há interação, sim. Sempre. Até porque plataformas livres só existem por causa das comunidades, que se ajudam, se comunicam, trocam ideias e experiências on-line. Então, por exemplo, se eu estou fazendo um experimento em Pure Data nos confins do meu bairro, eu estou, com certeza, já postando as pesquisas em comunidades on-line, tirando dúvidas, acrescentando ideias àquele meu projeto.

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É assim que as pessoas se conhecem e acabam trabalhando juntas nesse universo do software livre. É fantástico, funciona e ninguém está para roubar ideia de ninguém. É soma e multiplicação, e não divisão.

De que maneira o Libres se relacionará com a comunidade? A relação vai acontecer in loco, já que algumas obras da mostra serão desenvolvidas ao longo dos três dias de evento, junto com quem colar por lá, e ainda vai rolar streaming e chat. Então a ideia é que as pessoas participem do processo criativo, deem outras ideias, ajudem, botem a mão na massa e vamos ver o q vai sair no final. A proposta é a imersão, vamos tirar a criação da rede online e fazer ao vivo, pessoalmente. Calor humano é sempre importante.

Como foram escolhidos participantes do evento? Bem, nós nos articulamos com o pessoal que organizou o PDCon e o ISCL para conseguir levar o pessoal do coletivo Hangar (Espanha) pra Recife. Os que foram convidados do Brasil, são trabalhos que nós já conhecíamos de outros carnavais, digo, simpósios, mostras, trabalhos juntos (muita gente já trabalhou junto na Cultura Digital, do Ministério da Cultura) e que sempre quisemos levar pra Recife conhecer as ideias mirabolantes, como o Artesanato de Volts, do Glerm, do Paraná, que é uma mistura de Puredata, Arduino, Códigos Experimentais e Eletrônica Artesanal.

Dá para traçar um paralelo entre o Libres e o FILE, Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, que está rolando em São Paulo? Creio que sim. Estamos todos na vibração de desenvolver, mostrar as possibilidades, inovar na mídia-arte, mídia livre, arte-comunicação. Só que o FILE tem proporções gigantescas, enquanto o Libres ainda é uma criança. Este é o nosso primeiro Libres, nosso primeiro grande evento, de um desejo que já rolava há tempos. Você acha que Recife está se tornando um pólo cultural na cultura digital? Recife já é um pólo na cultura digital. Mas acho que ainda faltam iniciativas agregadoras (feito essa) que aproxime e articule as pessoas que trabalham com/desenvolvem software livre voltado pra multimídia. Vocês planejam levar o Libres para outros Estados do País? Ainda não. Vamos consolidar o evento, firmar o que realmente desejamos dele, avaliar o que acontecer nessa primeira experiência, pra então planejar esticar as pernas além-fronteiras de Pernambuco.

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