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Programa de apoio a startups mineiras Seed pode mudar

Principal iniciativa para novas empresas, Seed é reavaliado por novo governo em MG

Por Ligia Aguilhar
Atualização:

*Início da série sobre as principais cenas de startups do Brasil; ao longo das próximas semanas, além de Belo Horizonte, visitaremos Recife, Florianópolis e São Paulo para entender o que move os polos de novas empresas de tecnologia

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BELO HORIZONTE – Considerado um dos principais impulsionadores do ecossistema de startups de Belo Horizonte no último ano, o Seed (Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development), programa de aceleração de novas empresas criado pelo governo de Minas Gerais, deve passar por reformulações este ano e está paralisado. Apenas as startups que já passaram pelo programa continuam usando a estrutura criada para a iniciativa no bairro Lourdes, em Belo Horizonte.

O Seed foi lançado em 2013 com a proposta de incentivar o nascimento de novas empresas de base tecnológica em Belo Horizonte, oferecendo educação e dinheiro para financiar novos negócios na região de San Pedro Valley. O principal atrativo do Seed é a possibilidade de financiar também pessoas físicas, que ainda possuem apenas uma ideia na cabeça.

O programa selecionou 73 projetos de 12 países entre 2013 e 2014 que, divididos em duas turmas, receberam até R$ 80 mil em investimento cada ao longo de 6 meses, aulas de empreendedorismo e acesso a um escritório compartilhado.

 

Juntas, as 73 startups resultantes faturaram R$ 23 milhões, geraram 145 empregos e captaram R$ 10 milhões em investimento privado. Por isso, quando o novo governo colocou a iniciativa em reavaliação os empreendedores da região ficaram preocupados.

A paralisação das atividades gerou rumores de que o programa poderia ser extinto. Segundo uma fonte ouvida pelo Estado, o governo de Fernando Pimentel (PT) cogitou essa possibilidade por causa de cortes no orçamento, mas optou pela reavaliação do programa.

“O Seed não corre qualquer risco de ser suspenso ou interrompido”, disse ao Estado, por meio de nota, a Superintendência de Imprensa do Governo de Minas Gerais. “(…) Belo Horizonte tem sido um importante ambiente para o desenvolvimento de startups e, neste sentido, a atual administração estadual fortalecerá o programa de incentivo.”

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Segundo o governo mineiro, o programa será absorvido pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e as definições de novas turmas e critérios do programa serão apresentadas após o fechamento do levantamento sobre a situação administrativa e financeira do Estado. A previsão é que o orçamento de 2015 seja enviado para votação na segunda semana de março.

Ainda não se sabe, porém, se o programa pode sofrer algum corte de verbas, o que poderia acarretar na redução das turmas ou do valor investido em cada empresa. A gestão anterior havia investido R$ 9,5 milhões para criar a estrutura física do programa e bancar as duas turmas de aceleração.

A confirmação da continuidade traz alívio para os empreendedores da região. “O Seed reforçou bastante o ecossistema com verbas e ajudou muitas startups. Saber que o programa existe motivou muita gente a vir pra cá”, diz João Pedro Resende, da Hotmart.

 

Impacto

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Entre os empreendedores que foram atraídos para San Pedro Valley pelo programa está o americano Drew Beaurline, que trocou o Vale do Silício por BH após ser aprovado na cota internacional do Seed. A startup que ele criou, a Construct Latam, desenvolveu um app para engenheiros, arquitetos e gerentes trocarem informações sobre um projeto e é uma das startups mais bem-sucedidas do programa até agora.

“Em Belo Horizonte, consegui contratar com facilidade engenheiros qualificados que saíram da UFMG ou do Google e o custo de vida é bem mais baixo”, diz Beaurline, que contratou 14 pessoas e levantou R$ 325 mil em investimento.

A empresa também foi aprovada no programa Start-Up Brasil e os empreendedor terá o seu visto de permanência facilitado pelos dois programas. “O Brasil tem muitos problemas para serem resolvidos por startups. No Vale do Silício eu teria muita competição”, explica.

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O Seed também tenta atingir quem não participa do programa. As startups do programa são obrigadar a devolver o aprendizado na forma de ações para a comunidade, como eventos e palestras. “Hoje sabemos que alcançamos 17 mil pessoas com essas atividades”, diz o gestor de comunicação do Seed, Giuliano Bittencourt.

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