Quando funciona; a tecnologia é como mágica

No sábado, fiz uma escala de cinco horas no aeroporto de Dusseldorf, Alemanha. (Nem me pergunte os detalhes.) Pensei que aquele seria um momento perfeito para trabalhar um pouco num livro que estou escrevendo.

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Por Redação Link
Atualização:

O único problema era que o arquivo contendo o capítulo que eu precisava não estava no meu laptop. Mas estava no meu servidor FTP. Dentro de um arquivo zipado de 82MB com o livro inteiro. Tentei baixar o arquivo usando a rede Wi-Fi do aeroporto de Dusseldorf, pela qual são cobrados US$ 40 por dia.

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“Tempo restante: 3 horas.” Uau. E isso porque se tratava de tecnologia alemã. Eu precisava de uma solução mais rápida. Pena que, naquela hora, ainda era madrugada nos Estados Unidos, onde o sujeito responsável pelo layout do livro, que também tinha os arquivos, estava dormindo profundamente.

Tentei me lembrar se não haveria uma cópia dos arquivos no meu computador de casa. Felizmente, meses atrás, dediquei o tempo necessário à configuração de uma VPN (virtual private network, ou rede virtual particular) no Mac de casa, para poder acessá-lo em viagens. (O serviço iCloud, da Apple, oferece exatamente o recurso do qual eu precisava – chama-se Back to my Mac – mas nunca consegui fazê-lo funcionar. Aparentemente, o serviço só funciona com determinados modelos de roteadores.)

Depois de abrir a conexão VPN, usei o comando Conectar ao Servidor, digitei o endereço de rede do Mac de casa, e pronto: subitamente, eu estava olhando para a tela do computador remoto numa janela separada, com total controle sobre o seu mouse e teclado.

Funcionou, ainda que lentamente, mesmo do aeroporto de Dusseldorf. Má notícia: os arquivos não estavam lá.

Foi então que tive uma ideia: a conexão com a internet que tenho em casa é muito rápida. Seria possível comandar o computador de casa para que ele baixasse os arquivos usando sua conexão rápida, e então, usando a conexão mais lenta do aeroporto, transferir a partir dele apenas o arquivo que eu precisava em meu laptop?

Com a janela de compartilhamento de tela, usei meu computador de casa para acessar o servidor FTP, e baixei o arquivo .zip contendo o livro inteiro em 90 segundos, sem brincadeira. Descompactei a pasta – lá no meu computador de casa, a quase 6 mil km de distância – e arrastei o arquivo que precisava para minha pasta do Dropbox, lá no computador de casa.

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Então saí do Compartilhamento de Tela e abri a pasta do Dropbox no laptop. Por incrível que pareça, cerca de dois minutos mais tarde, o arquivo do qual eu precisava apareceu ali. Algo naquela situação me parecia ser o fruto de um passe de mágica – usar a conexão lenta do aeroporto para acessar a conexão rápida da minha casa. Mas, de tempos em tempos, aquilo que torna a tecnologia frustrante pode ser superado por aquilo que a torna fascinante.

* Publicado originalmente em 30/5/2012.

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