Queima de livros sagrados; um fenômeno da internet

Pastor que prometia queimar o Alcorão gera reações em redes sociais

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Por Agências
Atualização:
 

O pastor radical da Flórida, Terry Jones, havia suspendido por enquanto a polêmica queima de cópias do Alcorão, mas sua iniciativa segue viva na internet, em que, aliás, a incineração de livros sagrados não é novidade.

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O YouTube mesmo têm uma ampla coleção de vídeos caseiros em que se vê exemplares do Alcorão e da Bíblia arderem no fogo, alguns deles reproduzidos mais de 50 mil vezes, ainda que não tenham originado um debate popular além dos comentários deixados pelos internautas.

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A resposta na web a ações como essas têm sido na maioria das vezes negativa, algo que se pode comprovar especialmente no início da campanha do pastor evangélico Terry Jones, cancelada na quinta-feira, 9.

A ideia de Jones era mostrar assim sua má vontade com o Islã neste sábado, 11 de setembro, dia em que se completam 9 anos dos atentados terroristas contra as Torres Gêmeas em Nova York.

Apesar dos apelos de representantes políticos, militares e religiosos para que colocasse em um fim no seu plano, Jones só desistiu depois de receber uma chamada do secretário de Defesa, Robert Gates, e de obter o compromisso, disse, de que a construção do centro islâmico perto do chamado “marco zero” em Nova York seria interrompida. Representantes do governo negam tal acordo.

Mais tarde, disse que estava reconsiderando sua decisão, ainda que a convocação da queima continuava, na sexta-feira, suspensa.

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A decisão de Jones foi muito bem recebida em dezenas de páginas criadas no Facebook, que se opunham à realização do “Dia internacional de queimar um Alcorão”, nome como o pastor lançou a campanha, em um grupo na rede social que reúne mais de 15 mil seguidores.

Em fóruns no Facebook como “In Protest of ‘International Burn a Koran Day” (Em Protesto contra o ‘Dia de queimar o Alcorão’), com mais de 27 mil participantes, ou o “Against ‘International Burn a Koran Day” (Contra o ‘Dia internacional de queimar o Alcorão’), com 25 mil, a mudança de opinião de Jones foi comemorada. Também se especulou com a possibilidade de o pastor ter ficado com medo. Outros celebraram dizendo “ganhamos a luta”.

As reações dos que esperavam que Jones levasse seu plano às últimas consequências também não tardaram.  Alguns chamaram Jones de “covarde” e alguns asseguravam que queimariam um Alcorão por sua conta.

“O Islã ganhou e você perdeu”, comentou um usuário do Facebook no grupo de discussão.

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Antes de Jones anunciar a suspensão do seu projeto de incinerar o livro sagrado dos mulçumanos, os representantes da igreja batista Westboro, em Topeka, Kansas, avisaram que colocariam fogo no Corão caso a paróquia da Flórida não o fizesse.

“Já fizemos uma vez e se vocês medrosos da América condenada intimidam Terry Jones e o Dove World Outreach Center — sua igreja — a mudar seus planos, então voltaremos a queimar o Corão para mostrar claramente algumas coisas”, disse em comunicado.

A notícia sobre a quema das escrituras islâmicas virou um dos temas mais comentados no Twitter nos últimos dias com o termo “Quran burning”. Até o presidente Barack Obama usou a rede para mostrar sua posição a respeito do caso.

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“Queimar um Corão é o contrário de nossos valorees. Este país foi construído sobre a noção de libertade religiosa e tolerância”, manifestou o presidente norte-americano em sua conta no Twitter.

/Fernando Mexía (EFE)

(foto da capa: AP Photo/Phil Sandlin)

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