'Queremos que a web funcione como lego'

Mark Surman, diretor executivo da Mozilla, defende ensino de programação; Firefox OS chega no segundo semestre

PUBLICIDADE

Foto do author Anna Carolina Papp
Por Anna Carolina Papp
Atualização:
 

Mark Surman, diretor executivo da Mozilla, defende ensino de programação; Firefox OS chega no segundo semestre

PUBLICIDADE

SÃO PAULO - ”Queremos transformar usuários de internet em criadores de internet”, afirmou Mark Surman, diretor-executivo da Fundação Mozilla. Em sua palestra na Campus Party nesta sexta-feira, 1º, Surman incentivou os participantes a lutar por uma internet aberta e que possa ser reconstruída por todos.

—- • Siga o ‘Link’ no Twitter, no Facebook, no Google+ no Tumblr e no Instagram

A Mozilla, fundação sem fins lucrativos e criadora do browser Firefox, usa código aberto em seus softwares, ou seja, sua estrutura está aberta a qualquer pessoa interessada.É possível corrigir algum bug, avaliar a segurança do programa ou melhorar funcionalidades. O código pode ser copiado ou alterado sem exigir pagamento de direitos autorais. Surman afirma que, a Mozilla, que começou com apenas 10 pessoas e hoje é uma comunidade, não é só uma empresa de produto, mas possui uma missão: proteger o espírito livre e aberto da internet.

“Por quê amamos a web?”, perguntou Surman à plateia.”Sabe por que eu amo a web?” — e mostrou um vídeo com uma montagem do personagem Bob Esponja no clipe de Gangnam Style, arrancando risadas dos participantes.Depois, vou a vez de Obama aparecer no clipe do cantor coreano Psy. “Construímos uma cultura linda na internet, a cultura do remix”, disse o diretor. Para ele, os usuários, e não as empresas, têm de ditar os rumos e possibilidades que a internet oferece. “Precisamos trazer essa web de volta; a web que queremos”, afirmou.

 Foto:

Brincando com lego. “Em 2003, víamosa web apenas com os olhosda Microsoft”, avaliou o executivo, que comentou sobre a impossibilidade de se usar navegadores alternativos que não o Internet Explorer ou de criar aplicativos que rodassem em outras plataformas.

Surman avalia que na última década, no entanto, o mundo viu uma mudança nesse paradigma devido a usuários engajados e projetos de software livre, que abriram mercado para a ascensão de novas tecnologias e iniciativas. Opróprio navegador da Mozilla, o Firefox, chegou a tomar a liderança do IE em vários países.

Publicidade

O executivo comparou a internet ao jogo de lego, com o qual se pode montar e desmontar coisas com facilidade.”Queremos que a internet funcione como lego; ela foi criada para ser assim. O trabalho da Mozilla é manter esse lego vivo e em crescimento”, afirmou. Para ele, a internet só se manterá como um ambiente aberto e democrático com uma nova geração de “webmakers” —usuários que não apenas usufruem dos serviços da web, mas entendem como ela funciona e estão dispostos a reinventá-la constantemente.

Assim, o diretor apresentou o projeto Mozilla Webmaker, um site que reúne ferramentas, iniciativas e programas educacionais de incentivo ao ensino de programação  “Uma pesquisa no Reino Unido mostrou que 67% das criancas entre 8 e 15 anos têm interesse emprogramar. No entanto, só 3% afirmaram saber programar”, afirmou. “‘É uma lacuna muito grande. Não basta abrir a plataforma, rodar dezenas de apps. É preciso mostrar como ela funciona.”

Surman mostrou então algumas ferramentas criadas pela Mozilla que são parte do projeto Webmaker, comoo X-Ray Goggles, que permite examinar como funcionam os códigos em um site, e o Popcorn Maker, que realiza edição de vídeos. “O mundo é um grande remix de coisas criacões de milhares de pessoas. Precisamos dar a todos os usuários esse poder, e não concentrá-lo em meia dúzia de corporações”, afirmou.

Acampando. O diretor disse ser otimista sobre a reconstrução da web por já ter visto mudanças assim antes. Mostrou então uma fotos de crianças escoteiras. “Qual a mudança que o escotismo trouxe?, questionou. Surman apontou que, no início do século, ninguém sequer considerava acampar. Era uma atividade restrita apenas a especialistas ou ao Exército, à rotina militar.

PUBLICIDADE

“Os escoteiros pegaram uma coisa arcaica, como hoje é a programação para nós, e trouxeram para nossas vidas, como algo comum e divertido”. Assim, incentivou o ensino de códigos de programação nas escolas, bem com outras iniciativas que encorajam as pessoas a “brincar com o lego”.

Firefox OS. A Mozilla está prestes a lançar, em parceria com a Vivo/Telefônica, seu sistema operacional para aparelhos móveis, o Firefox OS, que está em desenvolvimento desde o ano passado e foi construído com linguagem aberta.

Na semana passada, protótipos com o sistema operacional foram enviados a desenvolvedores para testes. Participantes da Campus Party também puderam testar smartphones com o sistema móvel no evento.

Publicidade

Segundo porta-voz da Telefônica, o Firefox OS será lancado no segundo semestre deste ano, custando por volta de US$ 100. Quanto aos smartphones portadores do sistema, a Mozilla já firmou parceria com quatro fabricantes, dentre elas a Geekphone e a ZTE.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.