Scott Goodstein mostra (em PowerPoint) as campanhas cada vez mais pulverizadas

Organizador da campanha 2.0 de Obama falou sobre a experiência na Campus Party

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Por Fernando Martines
Atualização:

A forma como o público consome informação está cada vez mais pulverizada. Essa é a principal ideia que Scott Goodstein, o homem que coordenou a campanha de Barack Obama nos celulares e nas redes sociais na campanha presidencial norte-americana de 2008, defendeu na palestra que ministrou nesta quarta-feira, 27, na Campus Party.

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Logo de cara, Goodstein relembrou um fato que as pesquisas de audiência na televisão vêm mostrando nos últimos tempos: as pessoas passam cada vez menos tempo na frente da TV. “Mudou a maneira de como as pessoas recebem notícias. A TV está perdendo importância e o celular está crescendo cada vez mais”, disse, ao mesmo temo que seguia uma apresentação no PowerPoint. Para o organizador da campanha de Obama na web, o diferencial da estratégia democrata foi “abraçar essa realidade ao invés de rejeitá-la”.

Segundo Goodstein, a intenção dele e dos outros organizadores da campanha não era atingir todos os eleitores com perfis de Obama nas redes sociais (que por sinal não são atualizados pelo presidente em pessoa). O objetivo maior era falar com nichos ao invés de grandes audiências. “Não é todo americano que tem Facebook. Por isso a gente não pode chegar em todo mundo por ele. Mas podemos atingir um público muito específico. Mesma coisa com o Twitter: quando começamos era um site pequeno. Todos achavam ridículo manter um perfil de um candidato a presidente lá. Mas percebemos que tinha um poder muito forte o fato do candidato falar diretamente com o eleitorado”. Além das redes sociais mais famosas, Goodstein atenta que as outras, ainda mais específicas, também foram importante, como a Blackplanet, uma rede com 10 milhões de negros dos Estados Unidos fazendo parte.

SMS

Mesmo com todo o trabalho nas redes sociais, o grande trabalho de Goodstein foi pelos celulares. Percebe-se isso pela ênfase com que fala ao dar exemplos de como o aparelho foi importante na campanha de Obama. E a grande arma foram os sms enviados aos eleitores. Na visão de Goodstein, as mensagens de celular tem vários aspectos positivos. “É um sistema fácil. Não precisa baixar nada, basta um clique. É rápido, você envia o torpedo e ele chega na hora pra pessoa que também acessa de forma instantânea e de qualquer lugar. E, além disso, foca a atenção das pessoas: assistindo TV ou lendo jornal, a pessoa pode se distrair. Mas uma mensagem, por ser curta, a pessoa presta toda atenção no que está escrito”.

Wiki Campanha

Outro fator que Scott Goodstein abordou foi o aspecto colaborativo da campanha. Mais que fazer com que os eleitores olhassem perfis e programas de governo de Obama em redes sociais e resolvessem votar no candidato democrata, a campanha 2.0 tinha como objetivo mobilizar as pessoas em torno do candidato e então gerar um ativismo, que consequentemente poderia atingir um público maior

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E a estratégia deu resultado no YouTube. Além das centenas de vídeos que foram feitos pró-Obama, um se destacou. Foi o clipe que will.i.am, integrante do Black Eyed Peas, fez de forma indepente: o músico pegou o discurso que Obama fez na cidade de New Hampshire que batia na tecla “Yes we can” (sim, nós podemos). A partir do vídeo, “Yes we can” virou o grande bordão da campanha de Obama. Olha ele ai embaixo.

FOTO: GUSTAVO VALDIVIA/SALA UM

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