Sobrou pouco da época da reserva de mercado

Política de informática que fechou o Brasil a importados até 1992 resultou em várias oportunidades perdidas

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Por Redação Link
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A história dos computadores no Brasil é uma história de oportunidades perdidas. Sobreviveram poucas empresas criadas na época da reserva de mercado, que fechou o Brasil a produtos importados e a investimento estrangeiro.

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Uma delas é a Itautec, do Itaú. Outra é a BB Tecnologia e Serviços, do Banco do Brasil, que antes se chamava Computadores Brasileiros (Cobra). Elas sobreviveram principalmente por estarem ligadas a instituições financeiras, que, além de bolsos fundos, são grandes consumidoras de tecnologia.

Até recentemente, também existiam a Scopus e a CPM, do Bradesco, que acabaram vendidas. A reserva começou em 1975, durante a crise internacional do petróleo, com a exigência de anuência prévia da Comissão de Coordenação das Atividades de Processamento Eletrônico (Capre) para importação de todos os artigos de informática.

No ano seguinte, o mercado de minissistemas e periféricos foi limitado a empresas nacionais. Em 1979, a Capre foi substituída pela Secretaria Especial de Informática (SEI). Dois anos depois, chegaram ao mercado os primeiros microcomputadores produzidos no Brasil, com preços cinco vezes maiores que seus equivalentes internacionais. A primeira Lei de Informática brasileira, oficializando a reserva, foi promulgada em 1984.

No ano seguinte, o governo americano começou a pressionar o Brasil por mudanças, por causa de desrespeito a direitos autorais. Em 1988, o então presidente José Sarney assinou a regulamentação da Lei do Software, que autorizava a importação de qualquer programa de computador destinado ao usuário final. Em 1990, o governo Fernando Collor de Mello anunciou a intenção de liberar a importação de computadores. A reserva de mercado terminou oficialmente em 1992.

O Brasil atraiu fábricas internacionais de semicondutores no mesmo período que países asiáticos, mas acabou perdendo-as por causa da reserva. Havia sete fábricas de semicondutores no País, controladas por multinacionais: Philips, Motorola, Siemens, NEC, Fairchild, Texas Instruments e National Semiconductors. Entre 1989 e 1992, todas deixaram o País.

A fábrica da Philips foi instalada no Recife em 1974. No mesmo ano, foi instalada uma unidade em Kaoshiung, em Taiwan. As duas tinham a mesma capacidade inicial de produção, de 50 milhões de circuitos integrados por ano. A fábrica brasileira foi obrigada a congelar a produção. Cinco anos depois, Taiwan já produzia 1 bilhão de circuitos integrados ao ano.

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Diferentemente de países como a Coreia do Sul e Taiwan, o Brasil criou uma política informática voltada para dentro. O alvo era o mercado local. O governo levantava barreiras e quem pagava a conta do desenvolvimento de produtos e da ausência de escala era o consumidor. Não havia foco em exportações. / R.C.

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