Tecnologia decepciona no segundo trimestre

Resultado do setor preocupa investidores; Facebook foi o único que animou mercado

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Por Filipe Serrano
Atualização:

Resultado do setor preocupa investidores; Facebook foi o único que animou mercado

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Altamiro Silva JúniorCORRESPONDENTE* Publicado no ‘Economia & Negócios’ desta sexta-feira.

NOVA YORK – As grandes empresas de tecnologia norte-americanas tiveram resultados decepcionantes no segundo trimestre. Ao contrário dos balanços dos grandes bancos, que bateram as previsões de Wall Street, companhias como Microsoft e Google tiveram números piores que o previsto e crescimento modesto ou até queda na receita.

 
 

A Apple, apesar de ter lucro acima do esperado, viu seu ganho cair 21%, as vendas do iPad recuarem e seu faturamento ficar praticamente estagnado. Uma das poucas exceções no setor foi o Facebook, que surpreendeu com lucro e faturamento acima do esperado. Ontem, as ações da rede social tiveram uma alta recorde de 29,61%, fechando em US$ 34,36.

No geral, as companhias do setor tiveram queda de 8,6% no lucro no segundo trimestre na comparação com o mesmo período de 2012, de acordo com levantamento da consultoria FactSet feito a pedido do Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

Os especialistas falam que diversos fatores têm afetado cada empresa em particular. A queda das vendas de computadores, por exemplo, prejudicou os números da Microsoft e das fabricantes de chips Intel e AMD. Já o Google não tem conseguido faturar mais em um mercado cada vez maior, o de celulares.

O crescimento fraco da economia mundial, sobretudo nos países desenvolvidos, é outro fator que leva à redução na venda de produtos tecnológicos, principalmente os mais caros, de acordo a equipe de analistas da Zacks Investment Research. A Apple, por exemplo, registrou aumento nas vendas de modelos antigos do iPhone, com preço menor. Cálculos da consultoria mostram que o faturamento do setor cresceu apenas 3% no segundo trimestre, nível menor que nos períodos anteriores.

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A forte concorrência, sobretudo de celulares e tablets, é outro fator que afeta negativamente os números. A Apple tem enfrentado concorrência acirrada da Samsung, o que prejudicou as vendas. A empresa da Califórnia registrou recorde no comércio de iPhones, mas as compras maiores ocorrem nos EUA. Fora do país, sobretudo na Ásia, as receitas têm caído. Na China, o faturamento recuou 4%.

Vendas fracas. A Microsoft também tem sido afetada pela concorrência. As vendas do tablet Surface decepcionaram e a empresa reconheceu uma despesa de US$ 900 milhões por causa dos estoques do aparelho. A companhia reverteu prejuízo de US$ 492 milhões no segundo trimestre do ano passado e lucrou US$ 4,97 bilhões entre abril e junho desta ano, mas os números ficaram abaixo do previsto. Com isso, as ações tiveram no dia do balanço a maior queda diária desde 2000, perdendo mais de 12%.

O analista de tecnologia da Raymond James, Michael Turtis, está pessimista com os próximos resultados da Microsoft. Para ele, as vendas de computadores vão continuar em queda e afetando o balanço. No segundo trimestre, as vendas de computadores caíram 11% na comparação com mesmo período de 2012, de acordo com a consultoria IDC. Foi o quinto trimestre consecutivo de queda.

A surpresa da temporada de balanços foi o Facebook, que até agora vinha tendo resultados fracos. A empresa foi uma das poucas do setor a superar as previsões de analistas, tanto em lucro como em receita. O JPMorgan considerou os resultados “sólidos”. No balanço, o destaque foi o crescimento de 53% no faturamento no segundo trimestre ante o mesmo período do ano passado, puxado pelo aumento dos ganhos com anúncios em celulares.

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O presidente e fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, destacou que “em breve” a empresa terá mais receitas das operações com celulares do que com computadores. O faturamento com telefones já representa 41% do total das receitas. Há um ano, praticamente todo o ganho vinha de desktops.

Se o Facebook tem conseguido aumentar as receitas com celular, o Google não tem tido o mesmo sucesso. Apesar de os produtos da empresa serem cada vez mais usados, o ganho não tem acompanhado este crescimento, destaca a Zacks Investment Research. Este ponto foi um dos que contribuiu para os resultados abaixo do esperado da empresa, que lucrou US$ 3,2 bilhões no segundo trimestre.

Porém, os analistas estão mais otimistas com o Google. Stephen Ju, do Credit Suisse, avalia que a empresa tem buscado formas para aumentar a publicidade e deve conseguir. “O Google permanece como uma das empresas mais bem posicionadas para ganhar com o uso de aparelhos móveis”, destaca em um relatório. O presidente do Google, Larry Page, afirmou no comunicado do balanço que os celulares representam uma “tremenda oportunidade”.

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Varejo. A Amazon também sofreu com resultados ruins. Ontem a varejista online surpreendeu ao registrar prejuízo líquido de US$ 7 milhões, ante lucro de US$ 7 milhões há um ano. O resultado foi bem pior do que a previsão de analistas, que esperavam lucro. A queda foi provocada pelos agressivos planos de expansão. A receita da Amazon, no entanto, subiu 22%, para US$ 15,7 bilhões, dentro da faixa prevista pela empresa mas abaixo da previsão de US$ 16,98 bilhões dos analistas.

Para o terceiro trimestre, a Amazon projeta prejuízo entre US$ 65 milhões e US$ 440 milhões, enquanto a receita deve ficar entre US$ 15,45 bilhões e US$ 17,5 bilhões. / COM DOW JONES

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