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Tecnologia ?ressuscita? cantora Selena; morta em 95; para nova turnê

A ‘volta’ de Selena, morta em 95, levanta questões sobre os limites dos ‘hologramas’

Por Redação Link
Atualização:

Soraya Nadia McDonald THE WASHINGTON POST

 

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Apenas um dia depois de a família da cantora mexicana Selena revelar os planos de uma turnê do holograma da ex-rainha de estilo conhecido como “tejano”, ela já está tendo que adotar uma postura defensiva.

A família Quintanilla está levando adiante seu projeto de trabalhar com a Acrovirt, empresa de tecnologia com sede em Nevada, para desenvolver uma imagem digital da cantora morta há 20 anos pela presidente do seu fã-clube.

“Não é, de modo nenhum, uma coisa bizarra ou estranha”, disse Suzette Quintanilla à Billboard. “Consideramos algo sensacional. Muitos dos novos fãs da cantora que não sabem quem foi Selena felizmente poderão ter uma noção de quem ela era com esta nova tecnologia.” A Acrovirt planeja uma turnê, “Selena The One”, em 2018, mas não pretende parar por aí. A família da cantora anunciou por meio da sua página no Facebook que o holograma “lançará novas músicas e vídeos” e “vai colaborar com artistas de sucesso atuais”.

Alguém deveria perguntar ao rapper Drake como isto funcionou quando ele tentou uma “colaboração” similar com Aaliyah, cantora de R&B morta em 2001 em um acidente de avião. Uma dica: não deu certo.

Não há dúvida que Selena ainda é extremamente popular. Uma porta-voz da Pandora disse que o serviço registrou um aumento de 700% no tráfego quando do 20º aniversário da morte da cantora há duas semanas.

Mas apresentações ao vivo são complicadas. Quando hologramas foram utilizados anteriormente nos casos de Tupac e de Michael Jackson, foram para casos limitados e específicos – durante as premiações da Billboard e Coachella.

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Mesmo os dedicados fãs de Selena olham com desconfiança a introdução de um holograma ou uma apresentação em forma de holograma. Eis aqui alguns exemplos de reação ao anúncio numa página do Facebook: “Adorava o trabalho dela, mas acho isto um pouco bizarro”, disse um fã.

“Se não fosse tão estranho e sinistro seria sensacional, mas acho que devemos deixar que seu legado continue clássico, quero dizer, vamos deixá-la em paz pessoal!”.

“Acho que o holograma se apresentar é uma coisa, mas compor novas músicas é algo que não estou de acordo. Acho que é a oportunidade perfeita para os fãs de Selena que não tiveram a chance de vê-la se apresentando quando estava viva para saber como ela era, mas considero inaceitável lançar novas músicas e vídeos. Honestamente nada é melhor do que a Selena real”, diz outro fã.

A cantora era conhecida como rainha da música Tejano ou Tex-Mex, nome dado a estilos populares entre habitantes de origem hispânica do centro e sul do Texas. Selena foi assassinada por Yolanda Saldivar, presidente do seu fã-clube que foi descoberta desviando dinheiro de merchandising da cantora.

Estranheza

A Acrovirt insiste que o seu projeto “Digitized Human Essence” (essência humana digitalizada) que vem desenvolvendo em parceria com a Universidade da Califórnia, em San Diego, não é um holograma, mas outra coisa, embora não tenha oferecido mais detalhes.

“Esta tecnologia avançada não tem as limitações de tecnologias passadas, como hologramas ou hológrafos, mas é revolucionária. A Acrovirt está trabalhando em colaboração com a família de Selena e cientistas de ponta para permitir novas criações para seus muitos fãs”, disse um comunicado da empresa.

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Embora chegar o mais próximo da realidade seja sempre o objetivo desses projetos, há um ponto em que isto se torna mais um problema do que uma vantagem, algo que pesquisadores de robótica apelidam de “uncanny valley” (ou “vale da estranheza”). A representação de Selena irá parar no meio da música para falar com seus fãs? Fará uma pausa no meio do espetáculo? A família Quintanilla encerrou uma colaboração anterior com a empresa responsável pelo holograma de Tupac porque consideraram que a imagem “não era real o suficiente e quase uma caricatura”.

O projeto ainda não está totalmente operacional. A Acrovirt pretende levantar US$ 500 mil em uma campanha no site de financiamento coletivo Indiegogo para deslanchar a empreitada.

“As pessoas não imaginam o quão rápido a tecnologia avança”, disse Suzette à Billboard. “É algo que estamos criando para daqui dois a três anos, de modo que, quando 2018 estiver chegando, a reação será mais ou menos do tipo: “Ah, ok, agora compreendemos”. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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