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Tim Cook e o futuro da Apple

Executivo que assumiu operações da Apple com a licença de Jobs faz reunião anual com conselho de acionistas nesta quarta

Por Agências
Atualização:

Para Tim Cook, fanático torcedor de futebol americano nascido em uma cidade pequena, que se tornou líder da maior companhia mundial de tecnologia, tudo sempre gira em torno da questão da visão.

A busca por uma resposta dará forma às discussões de planejamento de sucessão que ocorrerão na sede da Apple, na Califórnia, quando Cook subir ao palco como substituto provisório de Steve Jobs nesta quarta-feira, 23.

 

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Cook mal imaginava que uma decisão tomada por impulso durante seu primeiro encontro com Steve Jobs mudaria para sempre sua vida — e o rumo da história da tecnologia.

Hoje, o suposto herdeiro do comando da Apple precisa provar que seus instintos tecnológicos continuam tão aguçados quanto no momento em que optou por trocar a então poderosa Compaq, na época a maior fabricante mundial de computadores, pela Apple, que nos anos 90 mal conseguia se manter à tona.

“Minha descoberta mais significativa até agora na vida resultou de uma única decisão, a de trabalhar para a Apple,” disse Cook no ano passado. “Trabalhar na Apple jamais constou dos planos que fiz para minha vida, mas sem dúvida alguma foi a melhor decisão que já tomei.”

De fato, Cook está finalmente sob a luz dos holofotes.

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Com a terceira licença médica de Jobs, da qual muitos acreditam que ele não deve retornar, Cook pode finalmente ter a chance de se tornar o número um da Apple.

Mas o que a maioria dos investidores deseja saber é se ele tem o mesmo instinto de Jobs para antecipar aquilo que os consumidores desejam antes que eles mesmos o saibam.

Pessoas que conhecem Cook ou trabalharam com ele nas duas últimas décadas se referem ao executivo em tom de reverência, empregando adjetivos como “brilhante” e “fenomenal.” Ainda assim, depois de anos de relativo anonimato, ele continua a ser uma incógnita.

Cook tem um fator a seu favor: a imensa competitividade que compartilha com seu chefe.

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“Ele não está na jogada pela fama, o ego ou o dinheiro. Está na jogada para ganhar,” disse Greg Petsch, que foi chefe de Cook na Compaq Computer no final dos anos 90.

Decisão institiva. A chegada de Cook à Apple se tornou parte da lenda da companhia. O Wall Street Journal publicou que Jobs, que voltou à empresa para tentar salvá-la do naufrágio, havia recusado diversos candidatos ao posto de maneira caracteristicamente brusca e, em um dos casos, abandonando a entrevista no meio.

Segundo Cook, os dois simpatizaram um com o outro de imediato, e isso o levou a tomar sua decisão. “Eu decidi escutar a minha intuição e não o lado esquerdo do cérebro,” disse Cook.

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A despeito da simpatia instantânea, Jobs e Cook não poderiam contrastar mais. Enquanto Jobs é famoso pelo temperamento explosivo — costuma demitir subordinados na hora –, Cook é descrito como simples e cordial.

Enquanto Jobs é conhecido por seu interesse em comida vegetariana e questões espirituais, Cook nasceu no Alabama, é torcedor do time de futebol americano da Auburn University e fanático por exercícios físicos.

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E enquanto Jobs desfrutou de fama semelhante à de um astro pop no início da carreira, como pioneiro da era da computação, o discreto Cook trabalhou por anos na obscuridade, um especialista em assuntos operacionais que se tornou o principal subordinado em uma das empresas mais famosas do mundo.

Ele criou uma reputação formidável como gênio operacional, e recebe crédito por ter ajudado a reanimar a Apple depois da severa queda que a empresa sofreu nos anos 90, e transformá-la no que é hoje.

“Ele tem um cérebro irretocável,” disse uma pessoa que trabalhou com o executivo na Apple. “Não só sabe tudo sobre o que está fazendo como sabe tudo que você está fazendo também.”

Há quem diga que as realizações de Cook, entre as quais o comando da divisão Mac, que voltou a crescer, demonstram que ele é mais que um especialista em questões de cadeia de suprimento.

“Dizem que ele é um gênio operacional, mas a visão estratégica de Tim merece muito mais crédito do que recebe,” disse Petsch.

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Há quem diga também que é antiquado pensar na Apple como veículo para a visão tecnológica bruta de Jobs, apontando para o fato de que ele conta com uma equipe executiva de imenso talento — o vice-presidente de design Jonathan Ive, o guru de software móvel Scott Forstall e o vice-presidente de marketing Phil Schiller — , e que essas pessoas estariam lá para complementar Cook.

“Minha sensação é que ele não teria de ser o responsável único por visão de produtos,” disse a fonte que trabalhou com Cook. “Isso viria de uma equipe de pessoas que acompanham Steve há tempos e levam ideias a ele.”

/ Gabriel Madway (REUTERS)

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