Um programa do governo que pode melhorar a economia

É interessante ver ações de governo pensando no futuro e no consumidor. No universo da tecnologia, isso acontece com frequência

PUBLICIDADE

Por Redação Link
Atualização:

Levando-se em consideração a frequência com a qual o governo é retratado como uma imensa burocracia inchada e incompreensível, é sempre interessante quando os governantes fazem algo pensando no futuro e no consumidor. No universo da tecnologia, o governo faz isto com frequência.

PUBLICIDADE

Foi o governo americano, por exemplo, que decidiu entregar a rede militar-acadêmica conhecida como internet ao público geral; o resultado foi bastante bom. Foi o mesmo pessoal que entregou seus satélites de posicionamento militar – o sistema GPS – ao público para ser usado em carros e, mais recentemente, nos celulares. Dados climatológicos: a mesma coisa.

Hoje em dia, sou também um fã da Comissão Federal das Comunicações (FCC), que muitas vezes parece ser a única coisa separando as gananciosas operadoras de telefonia celular da dominação mundial.

Na quarta feira, o presidente e seu secretário da informação apresentaram outra concessão digital do governo ao público: os dados governamentais. Para incentivar as iniciativas de divulgação das informações do governo, o presidente vai exigir que, nos próximos 12 meses, cada uma das principais agências federais torne disponíveis nos celulares dois importantes serviços do governo.

Há também algo chamado de Programa Presidencial de Bolsistas Inovadores. A ideia é convidar duas importantes mentes do universo da tecnologia, de fora do governo, para ajudar na transformação dos bancos de dados governamentais em serviços nas áreas de “saúde, ensino, energia, segurança e finanças pessoais” voltados para celulares.

De acordo com o governo Obama, o objetivo final é inspirar e fomentar a inovação, o desenvolvimento de novos aplicativos, a criação de pequenas empresas e de empregos. Não fico muito impressionado com estes anúncios; eles me parecem um pouco vagos.

O assessor de imprensa me deu apenas um exemplo de empreendedor que tinha criado uma empresa a partir dos dados do governo: a iTriage, uma startup de Denver cujo aplicativo permite que o usuário compreenda melhor seus sintomas médicos e marque consultas com os doutores locais mais relevantes. Depois que seis milhões de pessoas baixaram o aplicativo, a empresa cresceu, chegando a 72 funcionários, e foi então comprada pela Aetna.

Publicidade

Mas talvez não seja justo esperar que os defensores do programa identifiquem o rumo que ele pode tomar; ninguém poderia ter previsto o destino que a internet aberta e o GPS público teriam. Em cada um destes casos, o governo disse, “Eis aqui uma ferramenta bacana. Aproveitem”. A engenhosidade americana se encarregou do resto.

Assim, quero propor um brinde à entrega de mais dados a mais pessoas – e ao aumento no número de aplicativos que façam bom proveito destas informações. Mal posso esperar para ver os frutos.

* Publicado originalmente em 25/5/2012.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.