Apex levará menos empresas ao SXSW

Redução do número de participantes terá impacto no volume de negócios, que deve cair para US$ 18 milhões

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Por Thiago Sawada
Atualização:

Cláudia Trevisan / ESTADÃO

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A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) selecionou 37 empresas nacionais para participar do South by Southwest (SXSW), um dos principais eventos de economia criativa do mundo, que acontece em Austin, nos Estados Unidos, entre 11 e 20 de março. A iniciativa busca auxiliar empresas que atuam nos segmentos de games, propaganda, filmes, música e tecnologia da informação a buscar investimentos, a fechar novos negócios e a ganhar visibilidade internacional.

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Neste ano, a expectativa das empresas é de movimentar US$ 18 milhões em negócios ao longo do evento, pouco mais da metade do valor alcançado em 2015 (US$ 32 milhões). Essa quantia inclui a expectativa de investimentos, além de parcerias com empresas estrangeiras e venda de produtos e serviços. O valor menor resulta de um encolhimento do número de empresas selecionadas pela Apex para participar do evento: em 2015, a agência esteve no SXSW com 58 empreendedores.

Segundo o gerente de exportação da Apex-Brasil, Christiano Braga, a quantidade de empresas selecionadas é inferior porque a agência mudou de estratégia em 2016. No ano passado, além de levar as empresas para o evento, a Apex manteve uma casa próxima ao local para expor produtos e serviços de empresas brasileiras, a Casa Brasil. Neste ano, essa ação não será realizada. “Vamos nos focar na agenda de negócios”, explica Braga. A Apex participa do SXSW desde 2009.

Ao contrário do número de participantes, o investimento da Apex no SXSW aumentou em 2016. Segundo a agência, o valor dedicado às ações no evento alcançou R$ 3,3 milhões, 42% superior aos R$ 2,3 milhões investidos em 2015.

A cifra foi destinada à concepção do estande da Apex durante o Trade Show do SXSW – onde as empresas brasileiras poderão exibir seus produtos e serviços – e à criação de um serviço especializado para conectar empresas a potenciais investidores durante o evento.

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Participantes. Para as startups brasileiras, a participação no SXSW durante os últimos anos tem ajudado a refinar o modelo de atuação no mercado, a aprimorar produtos e serviços e a fazer contatos com possíveis parceiros e investidores. Contudo, entre as empresas consultadas pelo Estado, a participação ainda não se reverteu em captação de investimentos.

A startup ClapMe, por exemplo, participará pela terceira vez do SXSW. Criada em 2013, a equipe da empresa desenvolveu uma plataforma de streaming focada em apresentações de shows de música ao vivo, que tem 150 mil usuários cadastrados. O fundador da ClapMe, Felipe Callil, diz que decidiu participar do evento após ir por conta própria a Austin, em 2014.

No ano seguinte, ele procurou a parceria com a Apex para buscar novas oportunidades de negócios. “A gente quebrou a cara com relação a investidores, porque a maioria não conhecia nada do Brasil”, conta. Apesar disso, Callil espera que a visão dos investidores sobre os negócios de empresas de mercados emergentes, como o Brasil, mude à medida que a participação de startups estrangeiras no SXSW aumentar.

Mesmo sem conseguir novos investidores, Callil mudou a estratégia de negócios de sua plataforma de streaming depois das duas participações no festival. Ele está fazendo modificações no produto para expandir o serviço para outros países, em vez de investir somente em usuários brasileiros. “Queremos entrar no segundo semestre no mercado americano. A partir de então, vamos buscar investidores locais.”

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A plataforma de financiamento coletivo para artistas Embolacha é outra empresa que faz parte da comitiva da Apex em 2016. “A experiência foi incrível porque tive acesso às principais tendências que vão transformar o mercado”, diz o presidente executivo da Embolacha, Bernardo Pauleira. Neste ano, ele pretende tentar atrair investidores estrangeiros, fazer contatos com bandas independentes que estarão no evento, além de abrir possibilidades de turnês internacionais para os artistas financiados no site. Em cinco anos no mercado, a Embolacha já movimentou R$ 2,5 milhões e tem 15 mil usuários cadastrados.

Para Braga, da Apex, o câmbio desfavorável faz mais empresas brasileiras buscarem a agência para entrar em outros países. “As empresas estão buscando cada vez mais soluções para exportação”, diz ele, que acredita que o SXSW é uma oportunidade de dar mais visibilidade às empresas brasileiras.

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