Aplicativo para ‘compra do mês’ quer substituir supermercados

Com investimento de R$ 10 milhões, Home Refill tem parcerias com distribuidores e empresa de logística

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Por Márcia De Chiara
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 Foto: JF Diorio/Estadão

Um grupo de jovens empresários investiu R$ 10 milhões numa startup com a proposta de que as pessoas aposentem o carrinho de supermercado para fazer a “compra do mês”, que inclui itens básicos, como sabão em pó, óleo e papel higiênico. A ideia é que, por meio do site ou aplicativo da Home Refill, os consumidores programem a compra desses itens sem sair de casa. O serviço estreia oficialmente na próxima semana, apenas na cidade de São Paulo.

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Faz um ano e sete meses que Guilherme Aere dos Santos, de 26 anos, presidente executivo da Home Refill, testa o conceito. “A plataforma vai dar economia, o consumidor não poderá mais ser enganado”, diz Santos. Segundo ele, a ineficiência dos supermercados – com quase 90 dias de estoques acumulados entre centros de distribuição e lojas – geram uma experiência ruim para comprador.

Um dos motes da campanha publicitária, assinada pelo publicitário Caio Andrade, é que hoje o consumidor paga por dois produtos, leva três, mas na verdade só precisa de um. Segundo os executivos, o serviço vai ajudar a acabar com a compra por impulso, deixará de acumular produtos desnecessários em casa e poderá usufruir dos benefícios da negociação direta com a indústria.

O sócio e diretor financeiro da empresa, Eduardo Chazan, de 27 anos, diz que hoje as negociações entre o varejo e a indústria estão difíceis e os fabricantes, muito pressionados. 

A proposta, no modelo da Home Refill, é comprar os produtos diretamente dos distribuidores e de indústrias de segmentos diversos. Oito grandes fabricantes, entre as quais a Unilever, e 200 fornecedores já vendem seus produtos para a plataforma.

Medida certa. Durante o período de testes, os empreendedores conseguiram identificar a lista de compra básica para oito perfis: solteiro, casal sem filho, casal com filhos até 3 anos, casal com filhos até 12 anos, casal com filhos mais velhos, repúblicas, pequenos escritórios e consumidores idosos. Ao fazer o cadastro na plataforma, a pessoa vai escolher o perfil em que se encaixa e personalizar a lista.

Ao todo, mais de 2 mil produtos estão disponíveis no Home Refill, entre alimentos, artigos de higiene e limpeza, utilidades domésticas e itens para animais de estimação. O consumidor vê o preço daquele produto nas lojas físicas, o preço médio e a economia proporcionada pela compra no site. A entrega é realizada sete dias após o pagamento com cartão de crédito, sem custo de frete. 

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Santos conta que a isenção de frete é possível porque a startup tem como sócia a Logos, uma das maiores empresas de logística do mercado brasileiro. Ela compartilha seus caminhões para transportar produtos e também os centros de distribuição. 

Economia. Após a primeira compra, um algoritmo vai monitorar a lista de produtos criada pelo consumidor e oferece marcas com preços mais em conta, além de ajudar o cliente comprar as quantidades de produto que realmente precisa.

Chazan calcula que, numa cesta com 72 produtos, o consumidor que utiliza o Home Refill pode economizar, em média, 15% no valor total, na comparação com a compra em supermercados.

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Os jovens empresários têm metas ousadas: atualmente, eles faturam R$ 600 mil, com um total de 2 mil consumidores cadastrados. Até dezembro deste ano, eles estimam que terão 30 mil clientes e faturamento de até R$ 11 milhões. Procurada ontem, a Associação Paulista de Supermercados (Apas) disse que não tinha porta-voz para comentar o assunto.

Para os executivos, a chave do sucesso da plataforma é a relação direta com a indústria, que vai ganhar acesso às informações sobre o perfil de consumo das pessoas. A médio prazo, isso permitirá que elas programem melhor sua produção. Quanto a possíveis conflitos de interesses da indústria escoar seus produtos pelas lojas tracionais e também por meio de aplicativos, a Unilever informou, por meio de nota, que “tem uma estratégia diversificada para atender a diferentes necessidades e perfis de consumidores”.

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