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‘As parcerias são boas para os dois lados’, diz diretor da Fapesp

Para um dos principais especialistas do País, inovação depende da vontade de empresas e ajuda das universidades

Por Carolina Azevedo
Atualização:
Carlos Américo Pacheco, diretor do conselho técnico-administrativo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) Foto: Fabio Motta/Estadão

Um dos principais especialistas em inovação do Brasil, o engenheiro Carlos Américo Pacheco conhece bem o poder que as parcerias entre academia e empresas têm para acelerar o processo de inovação. Ele já foi secretário executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia, presidente do conselho da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), reitor do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) – celeiro de engenheiros e um dos principais parceiros de pesquisa e desenvolvimento da gigante Embraer – e hoje está na Fapesp, onde tem o papel de ajudar, por meio dos programas da instituição, empresas e universidades a se unirem. Ao Estado, ele falou sobre como o trabalho em conjunto entre instituições e organizações pode ser benéfico para todos:

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Estado: As parcerias entre empresas e universidades são a chave para impulsionar a inovação no País? Carlos Américo Pacheco: Não são a chave, mas uma das coisas importantes a serem feitas. Em qualquer lugar do mundo, as empresas são o principal ator do sistema de inovação. A academia tem um papel importante, de formar gente para as empresas e de fazer pesquisas em cooperação. Mas são as estratégias das empresas que vão definir o sucesso dessas parcerias.

A inovação não pode nascer na universidade e depois chegar ao mercado? Esse é o modelo linear, em que a pesquisa começa na bancada, é desenvolvida, escalonada e depois chega ao mercado. Mas esse sistema não funciona. Poucas das patentes feitas nas universidades em qualquer lugar do mundo acabam gerando bons negócios. Por isso, as parcerias entre universidades e empresas são boas para os dois lados. A universidade tem a opção de fazer pesquisas interessantes, a partir dos desafios concretos das empresas e pode engajar estudantes nos problemas. E é bom para as empresas, porque uma parte grande desse tipo de pesquisa exploratória é difícil de fazer de forma competitiva, já que as companhias não costumam ter infraestrutura de laboratório.

As empresas têm procurado mais as universidades no Brasil? Na maioria das médias e grandes empresas, é evidente para os dirigentes que a inovação é um aspecto-chave da competição. Nos últimos dez anos evoluiu muito. Antes, a agenda de inovação era pequena no discurso empresarial, inclusive das associações. Mas é preciso lembrar que as empresas inovam porque precisam sobreviver no mercado ou atender às suas estratégias. O que elas fazem concretamente depende do quão importante o desenvolvimento tecnológico é para sua estratégia competitiva.

O que pode ser feito por governo, universidades e empresas para aumentar a inovação? Tem um conjunto de coisas importantes que podem ser feitas. Vários países têm criado o que se chama de projetos mobilizadores, em que selecionam temas, assuntos e tecnologias. O governo cria planos para impulsionar essas áreas, como “internet das coisas” ou inteligência artificial, em que empresas, universidades e institutos estejam associados para impulsionar o setor. Talvez essa seja uma das funções mais importantes do governo, que também pode ajudar melhorando a regulação, fomentando pesquisas e oferecendo crédito para as empresas inovarem.

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