No último mês, a vida do carioca Luiz Felippe Correia, de 22 anos, mudou radicalmente. Ele foi selecionado para um dos principais programas de inovação do mundo, o Transdisciplinary Innovation Program (TIP), na Hebrew Universidade de Jerusalém, em Israel. “Tem sido bem cansativo, mas não posso reclamar”, diz o rapaz, estudante de Economia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). As aulas do programa vão das 9h às 21h.
Criado em 2015, o TIP é patrocinado por empresas como Intel e Mobileye. Ele é comparado à Singularity University, centro de estudos de inovação e tecnologia localizado no campus da Nasa no Vale do Silício, nos Estados Unidos. “O que aprendo aqui vai me ajudar como empreendedor”, diz o carioca.
Nas aulas em Jerusalém, ele tem seis semanas de aulas e palestras de assuntos como Big Data, biotecnologia, empreendedorismo e inteligência artificial. Ao fim do programa, Correia e seus colegas têm duas semanas para montar um projeto acadêmico – que pode vir a se tornar uma startup.
Ao todo, 25 pessoas ao redor do mundo participam do programa. “Ter alunos que conhecem tecnologia, mas não entendem de negócios, e vice-versa, é bem importante para dar uma visão ampla”, diz o carioca.
No curso, Correia já teve aulas com o fundo de startups JVP, um dos principais de Israel, e com o escritor Saul Singer, responsável pelo livro Nação Empreendedora, que explica o sucesso de Israel com startups – é de lá que saíram empresas como Waze, Moovit e a própria Mobileye, adquirida pela Intel por US$ 15,3 bilhões.
Vaquinha. Filho de um funcionário público e uma dona de casa, Correia não tinha recursos para bancar sozinho o valor do curso e os custos de se manter em Jerusalém pelos dois meses do programa. Para isso, recorreu a estratégias “modernas”.
A primeira foi fazer um financiamento coletivo para levantar dinheiro pela internet. Com a iniciativa, arrecadou R$ 10 mil no site Catarse. “Foi bom, mas ainda não era suficiente”, diz Correia.
Usando o que aprendeu com técnicas de e-mail marketing enquanto era estagiário no Gávea Angels, um dos principais fundos de investimento do Brasil, o rapaz decidiu apostar alto.
Abriu a lista dos maiores bilionários do País, procurou por seus contatos – e os de seus filhos – e tentou a sorte. Um deles respondeu e decidiu ajudar o carioca, que estima os custos da viagem em cerca de R$ 20 mil.
Quando voltar ao Brasil, Correia pretende seguir um sonho de infância. “Quero voltar para o Brasil, construir uma empresa do zero e crescer”, diz ele. “Não sei qual será a área, mas sei que com o que aprendi aqui, posso fazer muitas coisas inovadoras.”