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CES 2018: o que esperar da maior feira de tecnologia do mundo

Realizada desde 1967, CES já foi palco de inovações como DVD, Blu-ray e TVs 4K; em 2018, feira deve trazer destaques nas áreas de casa conectada, carros autônomos e computadores

Por Bruno Capelas
Atualização:
Feira acontece no Las Vegas Convention Center, nos Estados Unidos; na foto, empresas arrumam os últimos detalhes de seus estandes no evento Foto: Reuters/Steve Marcus

O ano mal começou e já é hora de conferir as novidades do mundo da tecnologia: acontece nesta semana em Las Vegas, nos Estados Unidos, a 51ª edição da Consumer Electronics Show (CES), a maior feira do mundo do setor. Oficialmente, o evento começa apenas na terça-feira, 9, mas as principais empresas presentes no evento, como Sony, Samsung e LG, fazem suas conferências de imprensa a partir desta segunda-feira, 8. 

Há cinco décadas, o evento serve como um termômetro das grandes novidades da tecnologia que serão anunciadas ao longo do ano. Em 2018, além de computadores, TVs e aparelhos de som, categorias de produtos bastante tradicionais na feira de Las Vegas, a CES deve trazer boas novidades na área de casa conectada, carros autônomos e inteligência artificial, mostrando como a tecnologia tem se expandido por diferentes setores nos últimos anos. Na lista abaixo, veja alguma das novidades que devem dominar o evento este ano. 

Novidades da Alexa foram disponibilizadas depois de nova atualização de software Foto: Rick Wilking/Reuters

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1. Casa conectada

Geladeiras, máquinas de lavar e aparelhos de ar condicionado sempre estiveram presentes na CES. Neste ano, porém, com o crescimento da inteligência artificial e dos assistentes de voz -- em especial, a Alexa, da Amazon, que faz bastante sucesso nos EUA --, os dispositivos da chamada casa conectada devem ser os grandes astros do evento neste ano. Além dos eletrodomésticos tradicionais, é bastante possível esperar novidades na área de eletroportáteis, termostatos e até mesmo em áreas pouco afetadas pela tecnologia, como espelhos e chuveiros. Outra oportunidade está em em robôs para a casa, seja servindo como utilitários (o robô aspirador de pó é uma realidade há anos, mas pode vir mais por aí) ou como centrais conectadas. 

Um aspecto bastante interessante a se observar será a briga dos assistentes de voz. Enquanto a Alexa, da Amazon, reina no mercado norte-americano, rivais como Siri, da Apple e o Assistant, do Google, tentam encontrar seu espaço neste mercado. A Apple não costuma participar da CES, bem como a Amazon, mas o Google terá um espaço dedicado ao Assistant no Las Vegas Convention Center -- é bastante possível esperar que a gigante de buscas tente roubar a cena de Alexa este ano. Além disso, correndo por fora, está o Bixby, da Samsung, por enquanto apenas presente nos smartphones premium da empresa. 

Nissan mostra tecnologia em que carro consegue "ler" a mente do motorista e antecipar ações. Foto: Nissan

2. Carros autônomos mais perto da estrada

Os carros autônomos foram o grande tema da CES em 2016, e dominaram as manchetes de tecnologia durante todo o ano de 2017. Neste ano, mais uma vez, as grandes montadoras - GM, Ford, Toyota, Hyundai -- estarão presentes no evento para mostrar que estamos cada vez mais perto de ver veículos sem motorista rodando pelas ruas do mundo. Jim Hackett, o presidente executivo da Ford, terá um dos lugares de destaque da feira, com uma apresentação especial na manhã da terça-feira, 9. 

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Além disso, pode-se esperar algumas ideias interessantes sobre o futuro da mobilidade: no ano passado, a Toyota apresentou o Concept-i, um carro-conceito que não só dirigiria sozinho, mas também conversaria com o usuário e checaria suas emoções. Para esse ano, espera-se que a japonesa mostre mais detalhes sobre o modelo. Outra surpresa pode vir da Nissan, que aposta numa tecnologia chamada “brain to vehicle” (cérebro para o veículo), conectando o cérebro do motorista diretamente ao carro. A ideia é que, com a funcionalidade, o carro reaja mais rapidamente do que com a ação direta do motorista e possa evitar acidentes. 

3. Poucas novidades em gadgets

A CES já foi palco para diversos anúncios de categorias de eletrônicos, mas há alguns anos a feira não é mais o palco para grandes novidades em smartphones e tablets -- o papel tem ficado com a Mobile World Congress, feira que acontece em fevereiro em Barcelona, na Espanha. 

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Este ano, o principal anúncio da feira no setor deve ficar por conta da chinesa Huawei, com o novo modelo de sua linha premium Mate 10. Terceira maior fabricante de celulares do mundo, a Huawei tem pouca relevância no mercado norte-americano e está fora do Brasil, a despeito de sua presença na América Latina e sua dominância no mercado chinês. Quem também pode mostrar smartphones em Las Vegas é a Sony, mas sem grandes destaques -- a japonesa também tradicionalmente participa da feira catalã. 

Outra categoria de gadgets que pode dar as caras na CES 2018, porém, são os vestíveis. Apesar de não empolgarem boa parte do público interessado em tecnologia, aparelhos como relógios e pulseiras inteligentes têm ganho apelo no segmento fitness, um nicho de mercado bastante interessante. 

Protótipo. Em 2016, LG exibiu tela de 98 polegadas em 8K Foto: Steve Marcus/Reuters

4. Mais TVs em 4K (e até 8K) e conteúdo de vídeo

Antecipada por anos e anos na CES, a resolução 4K já é uma realidade no mercado norte-americano de TVs -- no Brasil, ela domina cerca de 10% das vendas e deve crescer para cerca de 30% ao longo deste ano. Local tradicional de lançamentos de televisões, a CES deste ano deve mostrar novos modelos de aparelhos de telas incríveis, com destaque para novidades na tecnologia de High Dynamic Range (HDR). No que diz respeito aos tipos de telas, provavelmente veremos mais um capítulo da guerra entre OLED (defendida por LG e Sony) e QLED (ou “tecnologia de pontos quânticos”, da Samsung). 

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Além disso, é possível que algumas marcas apresentem telas em resolução 8K - com três vezes mais pixels que uma tela 4K. No entanto, calma: ainda falta definição para o padrão da tecnologia, que só deve ter seus primeiros testes consistentes de transmissão ao vivo nos Jogos Olímpicos do Japão, em 2020. Até lá, vale a pena ficar de olho para trocar sua TV atual por uma 4K - e só. Outra discussão interessante que deve acontecer em Las Vegas deve ser sobre o conteúdo para TVs -- especialmente no streaming, com as recentes movimentações no mundo da mídia (a operadora AT&T comprando a Time Warner e a Disney adquirindo a Fox, dona do serviço de streaming Hulu, bastante popular nos EUA). 

Lucro.Krzanich, da Intel, vendeu ações após saber de falha 

5. Computadores poderosos -- e chips em questionamento

Tradicionalmente, a CES também é o palco para lançamento de novas linhas de computadores, testes de conceito e ideias malucas -- no ano passado, o destaque ficou por conta do Dell Canvas, um computador que é basicamente uma tela, voltado para designers. Marcas como LG, Dell, Lenovo, Acer e Samsung prometem novidades para este ano, seja em aparelhos de design avançado, mais finos e leves, ou em performance exigente. Vale esperar também por computadores com telas em 4K, claro. 

No entanto, o momento também é de questionamento, após a crise aberta na última semana com a descoberta das falhas de segurança Meltdown e Spectre, afetando praticamente todos os chips fabricados nas últimas décadas. A indústria já correu atrás das correções para o problema, que permite que hackers roubem informações dos usuários, mas a imagem das companhias ficou arranhada. A principal empresa afetada, a Intel, é uma das “estrelas” da CES este ano: seu presidente executivo, Brian Krzanich, é responsável pela conferência de abertura oficial da feira, na noite desta segunda-feira, 8. Ver como Krzanich, acusado de vender ações da empresa após saber da falha, vai responder ao incidente, será um dos pontos altos do evento. 

Além de ser usado para Internet das Coisas e carros autônomos, 5G promete velocidade de 1 gigabit por segundo Foto: Reuters

6. O 5G fica mais perto

Novo padrão de conectividade móvel, a banda larga de quinta geração (também conhecida com 5G) ainda está um pouco distante dos brasileiros, mas começa a se tornar uma realidade nos países desenvolvidos. Com altíssima velocidade (de até 1 gigabit por segundo, dez vezes mais que o permitido pelo 4G) e baixa latência, a tecnologia vai permitir diversas tendências do futuro, como cidades inteligentes e casas conectadas. 

Enquanto no Brasil, ela deve chegar apenas em 2021, nos EUA os primeiros testes comerciais devem começar já neste ano, pelas mãos de operadoras como Verizon e AT&T. 

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Para Steve Koenig, diretor de pesquisas da Consumer Technology Association (CTA), que organiza a CES, o impacto do 5G será enorme. “Pense nas mudanças que tivemos no mundo com Uber e Airbnb, tecnologias moldadas pelo 4G. Agora extrapole isso para o 5G e você conseguirá imaginar o que será esse novo padrão”, disse Koenig, em coletiva de imprensa realizada neste domingo, 7. 

*O jornalista viajou a convite da Consumer Technology Association (CTA)

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