Quando o Google lançou os óculos inteligentes Google Glass quatro anos atrás, a empresa recorreu a paraquedistas usando óculos esportivos movimentando um centro de convenções em San Francisco, modelos usando óculos em um chamativo desfile e uma campanha no Twitter para notificar os primeiros "Glass Explorers" sobre a sorte deles de conseguirem o dispositivo.
Este ano, quando a Microsoft exibiu uma edição inicial de seus óculos de realidade aumentada HoloLens, adotou a abordagem oposta: mirou sobre os desenvolvedores de software para tornar o dispositivo útil. Sem acrobacias. Sem divulgações de moda. Sem nenhum marketing para consumidores.
"Eles estão adotando uma abordagem mais controlada com o HoloLens e esta é a estratégia correta", disse Tipatat Chennavasin, sócio geral da Venture Reality Fund, que investe em empresas iniciantes de realidade aumentada e realidade virtual. "Você não quer criar uma expectativa exagerada e deixar as pessoas decepcionadas, foi isso que aconteceu com o Google Glass."
O lançamento discreto reflete os obstáculos intimidantes que estão confrontando a incipiente indústria de realidade aumentada, conhecida como AR (na sigla em inglês). Tais dispositivos sobrepõem imagens ao que está sendo visto pelo usuário com a meta de melhorar a eficiência em negócios variando desde consultórios médicos até chãos de fábrica.
Alguns veteranos da indústria vêem essa tecnologia como uma oportunidade ainda maior que sua prima, a realidade virtual, que imerge completamente os usuários em um mundo artificial. Mas os esforços iniciais ao redor da realidade aumentada, incluindo o Google Glass e o próprio antecessor do HoloLens, o Kinect, também da Microsoft, falharam.
"A Microsoft tem uma enorme oportunidade aqui, isto é: criar um mercado para realidade mista e holográfica e dominá-lo", disse o analista da Forrester Research, J.P. Gownder. Sucesso, ele disse, significaria vender milhares de unidades para empresas até o fim de 2017.
Mas a história sugere que as realidades aumentada e a virtual ainda têm um longo caminho pela frente.
Os desenvolvedores de realidade virtual até chegaram a ganhar impulso com o Oculus, do Facebook, mas estão se concentrando em videogames enquanto nenhum outro aplicativo fundamental surgiu ainda. Muitos usuários ainda têm problemas com náuseas.
O Google mudou seu foco também e não vende mais o Glass para consumidores, mas está disponível a desenvolvedores de aplicações.
James Ashley, um desenvolvedor de software e especialista em Kinect afirmou que a Microsoft está tentando "corrigir o erro visto com o Kinect, que foi que ele era apenas para jogadores de videogames".
"Eles estão tentando alinhar esta nova tecnologia com seus negócios principais de "criar tecnologia para corporações", disse Ashley.