‘Com os robôs, os humanos poderão focar no que importa’

Responsável pelo Pepper, robô de US$ 16 mil que já atende pessoas em lojas no Japão, diretor de estratégia da Softbank Robotics, Steve Carlin fala sobre futuro das máquinas

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Por Bruno Capelas
Atualização:
Repetição. Para Carlin, robôs farão tarefas insalubres Foto: SoftBank

Responsável pelas estratégias do robô Pepper, da Softbank, o executivo Steve Carlin diz que os aparelhos chegaram para substituir os humanos em tarefas simples. A diferença entre eles e outras tecnologias é que os androides já são capazes de se antecipar às necessidades de seu dono. 

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Como o sr. define o Pepper?  É um robô que precisa interagir com uma pessoa para entregar um serviço. Isso o torna bem diferente, por exemplo, de um braço mecânico de uma linha de montagem. Esse é um tipo de robô previsível: o braço “sabe” que precisa fazer uma ação a cada tempo determinado, pois é uma tarefa repetitiva. Já o Pepper, não: ele tem de se comunicar com pessoas. Tem 1,20 m de altura e braços, que não servem para carregar objetos, mas para ajudá-lo a se expressar, porque nós falamos com gestos. E tem olhos expressivos, para gerar empatia, podendo responder perguntas e entreter crianças. 

Falar com assistentes de voz, como Siri e Alexa, é um primeiro passo para nos acostumarmos com robôs?  Sim. Mas há diferenças bem entre eles e os robôs. Por melhores que os assistentes sejam, nunca vão começar uma interação com o usuário. O Pepper, vai, porque é proativo. Além disso, eles estão nos celulares e caixas de som conectadas, então é fácil esquecer que eles existem. Já o Pepper, com a presença física, é meio difícil de esquecer. E ele pode ser a manifestação física das suas interações sociais: se alguém te manda um abraço pela internet, o Pepper pode vir até você e te abraçar. A SoftBank tem uma divisão de robôs, comprou projetistas de chips, operadoras e tem participação em apps de transporte. Como isso tudo faz sentido?  Estamos prestes a viver uma era de mudanças. A robótica, a inteligência artificial, a impressão 3D, a internet das coisas, os carros autônomos, que são nada mais que robôs motoristas. Juntas, essas tecnologias podem gerar uma mudança tão grande quanto a chegada da eletricidade, do telefone e dos automóveis. Masayoshi Son, o presidente da SoftBank, é um visionário, e investe em empresas que farão a infraestrutura necessária para essas tecnologias do futuro. Com os robôs ganhando mais funções, vai sobrar algum trabalho para os humanos? Há grande expectativa sobre o que os robôs podem fazer, por conta da cultura pop. Mas os robôs hoje servem para substituir trabalhos repetitivos ou insalubres. Eles continuarão fazendo isso, e nós poderemos focar nas coisas que realmente importam. Na medicina, o robô fará os exames, mas será o médico quem cuidará do diagnóstico. Além disso, teremos tantas tecnologias novas em breve, que veremos empresas surgindo para explorá-las, o que garantirá empregos em trabalhos que exijam pensamento e sensibilidade. 

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