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Empresas brasileiras investem pouco em inovação, diz MIT

Maioria dos projetos conta com recursos do Estado, de acordo com estudo revelado por pesquisadores da universidade durante o Fórum Estadão Brasil Competitivo

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Por Altamiro Silva Junior (Broadcast)
Atualização:
A maioria dos projetos de inovação conta com recursos do Estado, dizElisabeth Reynolds, diretora executiva do MIT Foto: Hélvio Romero/Estadão

O setor privado investe pouco em inovação no Brasil e a maioria dos projetos conta com recursos do Estado, destaca um dos estudos feitos pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), por encomenda do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), e divulgados hoje durante o Fórum Estadão Brasil Competitivo. Metade dos gastos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) são públicos e, da parte que vem de empresas privadas, muitas das despesas são subsidiadas pelo governo. Nos países desenvolvidos, ao contrário, é o setor privado que é responsável por mais de dois terços dos projetos de P&D.

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"A inovação no Brasil tem sido guiada pelo Estado há muito tempo", afirmam os pesquisadores Danilo Limoeiro e Ben Ross Schneider, no estudo que investiga como ocorre a inovação no País. "Algumas instituições públicas estão por trás de todos os casos de sucesso", destaca a pesquisa.

O Brasil chega a investir o dobro da média da América Latina em pesquisa e desenvolvimento, mas aporta bem menos que outras regiões do planeta, especialmente a Ásia, destacam Limoeiro e Schneider. Dados citados no estudo do MIT mostram que o País investe ao redor de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em inovação, enquanto a média da região é de 0,5%. Na Ásia, a Coreia do Sul investe 3,9% e Taiwan aporta 2,9%.

Por isso, uma das recomendações do MIT é que o governo brasileiro crie uma "agenda prospectiva" que melhore o ambiente de negócios e estimule maior investimento produtivo pelo setor privado. Limoeiro e Schneider destacam que o governo brasileiro usa uma série de instrumentos para promover a inovação, incluindo subsídios diretos, incentivos fiscais, regras de conteúdo local e incentivos à pesquisa.

Outra estratégia foi criar empresas específicas, como a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), além de fundos de capital de risco e centros de pesquisa. Mesmo assim, os pesquisadores ressaltam que o Brasil ainda investe em inovação a metade que os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O papel predominante do Estado brasileiro em projetos de inovação foi responsável por alguns casos de sucesso, mas também cria problemas, destaca a pesquisa do MIT. Em alguns áreas, o Brasil foi bem sucedido, inclusive internacionalmente, como no desenvolvimento de tecnologia para extração de petróleo em águas muito profundas ou na adaptação da produção de soja para regiões tropicais e semiáridas.

Ao mesmo tempo, o estudo destaca que o Estado tem seus problemas usuais, que incluem a burocracia, atrasos em projetos e fragmentação da estrutura. Mas os pesquisadores observam que um problema ainda maior do protagonismo estatal é a falta de conexão mais ampla entre os técnicos do governo e o setor privado. Outro problema é que os recursos públicos para a inovação e os projetos que o governo pretende tocar podem ficar nas mãos do clientelismo político e de coalizões partidárias. 

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