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Estados Unidos e Israel vão firmar acordo de colaboração em cibersegurança

Parceria vai permitir compartilhamento de informações em tempo real sobre ataques virtuais direcionados a governos e empresas

Por Claudia Tozzeto
Atualização:
  Foto: Claudia Tozetto|Estadão

Representantes dos governos dos Estados Unidos e de Israel assinam nesta terça-feira, 21, um acordo de cooperação em cibersegurança, que vai permitir que os dois países se preparem para enfrentar ataques virtuais direcionados a autoridades,órgãos públicose empresas. O acordo será assinado durante a Cyber Week, conferência dedicada a discutir tendências em cibersegurança,que acontece nesta semana na Universidade de Tel Aviv.

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"Vamos estabelecer protocolos para ter acesso a essas informações em tempo real e de forma automatizada",afirmou o secretário adjunto do departamento de segurança nacional dos EUA, Alejandro Mayorkas, na abertura do evento. "Trabalhar juntos nos faz mais fortes e cria um ecossistema que nos deixará mais protegidos."

O acordo é o primeiro na área de cibersegurança a incluir o compartilhamento imediato entre países sobre os ataques e vulnerabilidades exploradas por cibercriminosos. Na prática, o sistema permitirá que os EUA tenham acesso a informações coletadas pelo National Cyber Bureau (NCB), departamento criado há cinco anos pelo primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para desenvolver a estratégia nacional de defesa do país no ambiente online.

De acordo com o chefe do NCB, Eviatar Matania, Israel negocia acordos similares com outros países. Outra frente da estratégia inclui uma parceria com empresas locais, que fornecerão ao governo dados relativos a ataques e falhas de segurança. Chamada de Cybernet, a rede tambem começa a funcionar nos próximos meses. "Não vamos usar esse canal para investigar as empresas", esclareceu Matania.

Estrutura. Israel é uma das poucas nações do mundo com uma estrutura dedicada a defesa do país no meio digital. O país é alvo constante de campanhas maliciosas por meio da internet: em 7 de abril, por exemplo, Israel foi alvo pelo terceiro ano seguido de uma ofensiva coordenada pelo grupo de hackers Anonymous. A campanha online — que incluiu ataques de negação de serviço (DDoS) e tentativas de roubo de informações — ocorre por ocasião do Dia da Recordação do Holocausto.

Após um pedido de Netanyahu, pesquisadores de cibersegurança renomados propuseram um plano para transformar Israel em um dos países com maior capacidade de defesa no ambiente virtual. Hoje, cinco anos depois que as recomendações foram aprovadas, o país possui cinco centros de excelência em pesquisa no segmento — um deles foi inaugurado em Tel Aviv na última semana — além de mais de 150 startups desenvolvendo produtos e serviços neste segmento.

Somente no mais importante dos institutos — o Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Ciberseguranca Blavatnik (ICRC) — mais de 250 pesquisadores se dedicam a estudar ameaças digitais: a maior parte (70%) e formada por cientistas da computação, mas há uma parcela de pesquisadores que inclui advogados, cientistas sociais, entre outros. "Os problemas por trás das ameaças digitais nunca são tecnológicos, por isso é preciso fazer uma análise multidisciplinar", afirma Isaac Ben-Israel, chefe do ICRC e um dos principais pesquisadores nesta área em todo o mundo.

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Durante a CyberWeek, a expectativa é de que governo israelense divulgue mais detalhes de como vai funcionar a recém-criada autoridade de cibersegurança, que tem como objetivo analisar as ameaças digitais em tempo real e dar resposta adequada as ameaças digitais. O departamento, que vai funcionar de forma coordenada com a NCB e foi anunciado em 2015, começou a funcionar em abril de 2016, mas ainda deve demorar cerca de dois anos para operar em sua total capacidade.

*A repórter viajou a convite do Ministério de Relações Exteriores de Israel

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