iFood vai conectar restaurantes a fornecedores

Empresa por trás do aplicativo de delivery busca nova fonte de receita ao desenvolver software e serviços para donos de lanchonetes

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Por Claudia Tozzeto
Atualização:
Para Molina, nova empreitada do iFood pode gerar receita maior do que delivery Foto: NILTON FUKUDA/ESTAD?O

Foi-se o tempo em que o iFood era facilmente explicável como aquele aplicativo que serve para pedir comida pelo celular. O serviço, que gera hoje mais de 3 milhões de pedidos mensais em mais de cem cidades brasileiras, está entrando em uma nova fase, com potencial para transformar seu futuro. A empresa criou, no início desse ano, uma divisão chamada Next, que vai concentrar seus esforços em desenvolver software e serviços que tornem mais fácil a vida dos donos de restaurantes e lanchonetes.

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A primeira aposta da empresa já está funcionando, em caráter de testes. O iFood criou uma versão “reversa” de seu serviço que, em vez de conectar consumidores a restaurantes, agora liga os restaurantes aos seus mais diversos fornecedores, de laticínios a produtores de embalagens.

O formato, conhecido como marketplace, permite que empresas selecionadas pelo iFood ofereçam seus itens para os mais de 16 mil restaurantes cadastrados na plataforma. Para os restaurantes, por outro lado, a vantagem é comprar tudo pela internet com preço mais competitivo do que o negociado de forma independente.

“O número de restaurantes do iFood dobrou no ano passado e começamos a ouvir mais as aflições deles”, disse o diretor de operações do iFood, Gustavo Molina, em entrevista ao Estado. “Uma delas é conseguir uma negociação melhor com os fornecedores.” Pela “ajudinha”, o iFood leva uma fatia de cada compra, no mesmo modelo do aplicativo de delivery – a empresa, no entanto, não revela a porcentagem cobrada.

Por enquanto, os donos de restaurante só encontram embalagens para seus produtos no novo site, mas a empresa deve incluir novas categorias de produtos nos próximos meses.

Ao contrário do iFood, porém, o novo serviço não foi desenvolvido totalmente dentro de casa. A empresa fez uma parceria com a startup catarinense Flexy. “Com o marketplace, os restaurantes poderão comprar todos os itens de uma vez só”, diz o diretor da Flexy, Cristiano Chaussard. “O sistema divide os pedidos e os pagamentos entre os fornecedores.”

Gráficos. O marketplace, porém, não é a única face do iFood Next. A equipe também desenvolveu um aplicativo de gestão de delivery para os donos dos restaurantes. Gratuito, ele permite ao gerente verificar em poucos passos os pedidos que estão atrasados, o total de pedidos fechados no dia anterior e também o crescimento do negócio – as informações, porém, referem-se exclusivamente aos pedidos enviados por usuários do app de delivery iFood.

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A empresa também quer concentrar, nesse aplicativo, a comunicação com os donos de restaurantes por meio de um chat, além de dar dicas para melhorar a gestão e eficiência do delivery.

“O mercado de restaurantes é gigante no Brasil, mas, em geral, desestruturado”, diz Molina. “Queremos ser a maior empresa de tecnologia para restaurantes do mercado.” Para o executivo, a nova empreitada tem potencial para, no futuro, gerar uma receita maior que o serviço que lhe rendeu a fama.

Entraves. O iFood tem a difícil tarefa de agradar a um público bastante diverso. Nos primeiros meses, a empresa tem sofrido com as críticas dos usuários nas lojas de aplicativos sobre o app iFood Next. “A ideia é boa, mas o desenvolvimento está fraco”, disse um usuário na loja de aplicativos Play Store. Os comentários negativos se repetem na App Store, loja de aplicativos para iPhone e iPad.

Em nota, o iFood afirma que “tem identificado potenciais melhorias e promovido atualizações no aplicativo”. A empresa pretende lançar uma nova versão do app ainda em março.

No caso do marketplace, para o fundador da aceleradora Startup Farm, Felipe Matos, a ideia só dará certo se o iFood conseguir reunir no site uma variedade muito grande de fornecedores. “O iFood tem uma força muito grande por conta de sua base de estabelecimentos”, diz Matos. “Resta saber se eles serão capazes de conseguir harmonizar os interesses.”

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