‘Internet das coisas’ esbarra no preço

Com um número cada vez maior de dispositivos que exigem conexão à web, operadoras terão de baixar valores para entrarem neste setor

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Por Matheus Mans
Atualização:
Eduardo Levy, presidente executivo do Sinditelebrasil Foto: Futurecom|Divulgação

Ainda incipiente no Brasil, a “internet das coisas” – nome dado à revolução que vai conectar todos os objetos à nossa volta – é vista pelas operadoras como a oportunidade da vez. O problema, porém, é achar o modelo de negócios, isto é, como as operadoras vão ganhar dinheiro com a nova tecnologia. Além disso, as empresas terão de se preparar para suportar a conexão dos mais de 50 bilhões de dispositivos que se conectarão às redes nos próximos anos.

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“Quem vai pagar a conta da instalação de redes para servir a internet das coisas?”, questionou o diretor de negócios de operadoras da NEC Brasil, Roberto Murakami, durante debate na Futurecom, principal congresso de TI e telecomunicações da América Latina, em São Paulo.

A pergunta do executivo resume a situação das operadoras e fornecedores de equipamentos para infraestrutura de rede, que ainda não acharam uma saída para conseguir fazer os investimentos necessários à expansão da rede e ainda ganhar dinheiro com essa avalanche de novos dispositivos. Segundo estudo da consultoria Gartner, mais de 20 bilhões de dispositivos funcionarão conectados à internet até 2020.

No Brasil, o interesse das pessoas em produtos de internet das coisas cresce a cada ano. De acordo com estudo da consultoria Deloitte, divulgado ontem na Futurecom, o número de brasileiros com relógios inteligentes aumentou de 4% para 11%. Enquanto isso, as pulseiras inteligentes tiveram um aumento de 2% para 4%.

“O mundo deverá ter mais de 50 bilhões de dispositivos de internet das coisas conectados nos próximos anos, seja para controlar as luzes da sua casa ou o funcionamento de uma hidrelétrica”, disse o vice-presidente da companhia de software e redes Coriant, Tarcísio Ribeiro. “As operadoras precisam mudar de mentalidade para se adaptar à exigência futura.”

Desafios. Para conseguir surfar a onda da internet das coisas, as operadoras terão de arranjar um jeito de oferecer conexão para dispositivos deste tipo por um custo baixíssimo para o consumidor. Afinal, uma única pessoa terá dezenas de dispositivos à sua volta. Se o valor continuar alto, isso vai atrasar a adoção da tecnologia.

Embora os investimentos sejam altos e as redes complexas, as operadoras veem a nova tecnologia como uma oportunidade de negócios que não pode ser perdida. “É uma discussão que precisa ocorrer com investidores, operadoras e governos”, afirmou o diretor de investimento e desenvolvimento de soluções de redes e sistemas da Oi, André Ituassu. “Nós já perdemos a onda do streaming de vídeo. Precisamos nos transformar internamente para monetizar essas novas tecnologias.”

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A regulação do setor também é algo que precisará ser discutida. “Não é só uma questão de modernização da legislação de redes e antenas”, diz o vice-presidente de vendas para a Nokia Brasil, Luiz Tonisi. “É preciso transformar as operadoras e o sistema de regulação.”

Para Eduardo Levy, presidente executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e do Serviço Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil), a regulamentação da internet das coisas precisa ser rápida.

O presidente da Anatel, Juarez Quadros comentou ontem sobre a necessidade de atualização regulatória. “Agentes regulatórios de todo o continente precisam se unir para atualizar a regulação”, afirma. “Precisamos correr atrás.”

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