Mais US$ 10 milhões do Mercado Livre para startups

Maior plataforma de compra e venda online de produtos do Brasil vai iniciar nova seleção para investir em, pelo menos, cinco novas empresas

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Por Claudia Tozzeto
Atualização:

WERTHER SANTANA/ESTADÃO

 Foto: Estadão

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O Mercado Livre, maior comunidade de compra e venda de produtos do Brasil, anunciou que vai investir mais US$ 10 milhões em startups nos 16 países onde atua ao longo de 2016 – a mesma quantia já foi investida pela empresa em 2014. Trata-se da segunda convocatória do fundo de investimentos da companhia, chamado MeLi Fund. A partir de 25 de janeiro, os empreendedores interessados terão um mês para se inscrever no processo seletivo por meio do site oficial.

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O MeLi Fund foi criado em 2014, dois anos depois de o Mercado Livre anunciar a abertura de sua plataforma – a exemplo de gigantes da tecnologia, como Apple e Google. A partir de então, qualquer desenvolvedor passou a ter a possibilidade de integrar seus aplicativos à plataforma do Mercado Livre, por meio de interfaces de programação de aplicativo (APIs). Isso ampliou o mercado para pequenas empresas que já ofereciam sistemas de gestão para lojas virtuais e outras tecnologias relacionadas ao segmento.

De acordo com o diretor geral do Mercado Livre no Brasil, Helisson Lemos, o objetivo do MeLi Fund é impulsionar a criação de novas tecnologias que melhorem a experiência dos vendedores e compradores que usam o site. “Investimos apenas em startups em estágio inicial do negócio”, disse Lemos, em entrevista ao Estado. “Selecionamos empreendedores que tenham ideias que possam beneficiar o ecossistema em torno da nossa plataforma.”

Após a primeira convocatória, cinco startups brasileiras receberam investimento, além de pouco mais de uma dezena em outros países. Embora a empresa não estipule um valor máximo que cada startup pode receber, o montante de US$ 10 milhões foi dividido em fatias entre US$ 50 mil e US$ 200 mil – conforme o potencial do negócio. “Mas não existe regra. Algumas startups que selecionamos receberam mais do que isso”, diz Lemos.

De acordo com a empresa, as startups que se candidatarem na nova convocatória serão analisadas por executivos das diversas unidades de negócio do Mercado Livre – como a plataforma de comércio eletrônico, a divisão do sistema de gestão de entregas e do sistema de pagamentos eletrônicos da companhia. “Os executivos que lideram essas unidades de negócio conhecem em profundidade as demandas dos usuários da nossa plataforma”, diz o gerente de desenvolvimento do MercadoLivre no Brasil, Nico Coniglio.

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Ao final do processo, os empreendedores selecionados terão que “vender” seu negócio para uma banca de executivos da companhia em apenas cinco minutos. Segundo a empresa, a data de divulgação das empresas que vão receber o investimento por meio do MeLi Fund em 2016 ainda não foi definida.

Para o presidente da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), Amure Pinho, o MeLi Fund abre oportunidades para que novas empresas sejam criadas no mercado. “O Mercado Livre já uma empresa gigante e movimenta um volume muito grande de transações. Eles abrem oportunidades para novos negócios, ao mesmo tempo em que tornam a sua própria plataforma mais lucrativa”, diz Pinho.

Outra vantagem, segundo o presidente da ABStartups, é a criação de um fundo de investimentos especializado em e-commerce. “A chance de a startup ter sucesso na captação de recursos é maior, já que as pessoas que a estão avaliando entendem profundamente do segmento.” De acordo com a entidade, o número de startups brasileiras no segmento de comércio eletrônico mais que dobrou em 2015, passando de 69 para 146 em apenas nove meses.

Primeiro passo. A startup 00K foi uma das primeiras a receber investimento do Mercado Livre, em 2014. A empresa, que oferece sistemas de gestão para lojas virtuais, enxergou uma oportunidade de negócio ao ajudar vendedores de produtos a cadastrar produtos com maior rapidez. “Muitos clientes têm mais de 30 mil produtos cadastrados na loja virtual dentro do Mercado Livre. Antes da integração dos sistemas, isso era inviável”, explica o CEO da 00K, Cyllas Elia.

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Com o investimento, a startup contratou mais desenvolvedores e aprimorou os sistemas de gestão oferecidos no mercado. Segundo Elia, a empresa tinha uma equipe de 12 funcionários em 2014 e, atualmente, está próxima de 30 empregados. “Nós triplicamos o faturamento e quadruplicamos a quantidade de clientes”, comemora o empreendedor. Entre os principais clientes da 00K estão grandes marcas como Centauro, Semp Toshiba e Lenovo que – além de manterem suas lojas virtuais próprias – anunciam seus produtos também dentro do site Mercado Livre.

Outra empresa selecionada para receber investimento em 2014 foi a Third Level, criada por um ex-funcionário do Mercado Livre. A empresa desenvolveu um software que faz a integração entre o sistema de gestão Magento e o site de e-commerce. “As vendas realizadas no Mercado Livre são computadas pelo Magento e os vendedores podem manter um estoque único”, diz o fundador e presidente da Third Level, André Fuhrman.

A Third Level, que começou com duas pessoas, agora tem oito funcionários. Além de permitir o crescimento da equipe e a melhoria do software, porém, o investimento oferecido pelo MeLi Fund abriu portas. No ano passado, a Third Level recebeu aporte da Wayra, aceleradora da Telefônica/Vivo. “O Mercado Livre deu peso para nosso negócio e sinalizou ao mercado que ele é consistente”, diz André.

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