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SoftBank lidera aporte de US$ 231 mi na startup brasileira Creditas

Startup de crédito usará recursos para abrir operação no México e lançar serviços de reforma e financiamento imobiliário, além de abrir 250 vagas

Por Bruno Capelas e Giovanna Wolf
Atualização:

A startup brasileira de empréstimos Creditas é a mais nova companhia latina a receber um aporte do grupo japonês SoftBank, seguindo os passos de Rappi e Loggi. Ontem, a empresa fundada pelo espanhol Sergio Furio anunciou que recebeu uma nova rodada de investimentos de US$ 231 milhões – a informação havia sido antecipada pelo Estado em abril. Com a transação, a Creditas está avaliada em US$ 750 milhões, o triplo do que havia sido cotada em sua última rodada de investimentos, realizada em dezembro de 2017. 

Com os recursos, a empresa vai lançar novos produtos, realizar contratações e fazer expansão pela América Latina – em entrevista ao Estado, Furio revela que o plano da empresa é começar a realizar empréstimos no México até o final de 2019. Em 12 meses, a startup pretende ter entre 50 e 100 pessoas no país latino, onde enxerga grandes oportunidades. “É um mercado com taxa de juros menor que o Brasil, mas o acesso a crédito lá é bastante limitado”, afirma o presidente executivo da Creditas. Outra startup brasileira, o Nubank, também está se expandindo para o país. 

Sergio Furio, fundador da Creditas, startup que recebeu novo investimento e está avaliada em US$ 750 milhões Foto: JF Diorio/Estadão

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Ao todo, a startup pretende encerrar o ano com 1 mil funcionários – o dobro do que possuía no início de 2019. Além do México, a empresa também pretende abrir um escritório em Valência, na Espanha, com foco no desenvolvimento de tecnologia. Hoje, possui sedes em São Paulo e em Porto Alegre. “Queremos investir em tecnologia e gostamos da abordagem do SoftBank, que é usar capital para acelerar o ritmo de crescimento o mais rápido o possível”, disse Furio. “Poderíamos ter captado menos dinheiro, mas queremos aproveitar as oportunidades.”. 

“Embora exista uma grande demanda por empréstimo no Brasil, o mercado é ineficiente”, diz Akshay Naheta, sócio do SoftBank Investment Advisers, que aconselhou a transação. O investimento do SoftBank foi acompanhado por fundos como Vostok Emerging Finance, Santander Innoventures e Amadeus Capital, que já possuíam participações na Creditas. Em 2018, a empresa cresceu cerca de cinco vezes de tamanho; para o próximo ano, a expectativa é de triplicar suas receitas – a startup não revela números em absoluto. 

Para Alan Leite, presidente executivo da aceleradora Startup Farm, o investimento ajudará a brasileira com conhecimentos e exemplos. “O SoftBank tem empresas em seu portfólio que passaram por questões que a Creditas certamente vai se deparar. A solução pode vir de dentro de casa”, diz. 

Empresa fará reformas e crédito consignado

Fundada em 2012, a Creditas hoje oferece aos brasileiros empréstimos feitos a partir de garantias, seja de imóveis ou de veículos – dessa forma, é possível oferecer taxas de juros mais baixas que os de bancos tradicionais. Até o final do ano, a empresa também vai lançar serviços de crédito consignado para funcionários de empresas privadas, um mercado ainda relativamente pequeno no Brasil, bem como financiamentos para compras de veículos e de imóveis. 

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“Com tecnologia, conseguiremos resolver esses problemas”, diz Furio, ex-consultor que se mudou para o Brasil após ouvir da namorada, uma brasileira, que o País praticava altas taxas de juros. “Nossa missão é reduzir as taxas de juros do Brasil”, repetiu o executivo, cuja empresa obteve permissão do Banco Central para se tornar uma instituição financeira em fevereiro deste ano – a licença permitiu que a empresa reduzisse custos de operação importantes, como emissão dos próprios boletos. 

Outro serviço que a startup pretende oferecer nos próximos meses é o de reformas de imóveis – segundo Furio, 30% dos financiamentos realizados hoje pela startup são voltados para quem visa repaginar sua residência. “Para a pessoa física, é um processo ineficiente – e se o cliente busca dinheiro para a reforma, mas ela fica cara, isso é parte do nosso problema”, disse Furio. 

“Os bancos do futuro não vão só fazer produtos financeiros, vão ter que fazer a jornada completa do cliente. Acredito que podemos, com tecnologia e expertise, articular materiais, fornecedores e entregar uma solução pronta para o cliente, além de avaliar melhor o seu risco”, afirmou o executivo. O negócio ainda não tem data para entrar em prática, segundo Furio, mas já tem um time dedicado dentro da empresa, assim como outra solução em desenvolvimento, que busca ajudar consumidores a encontrar o carro certo para ser financiado. 

Na visão de Rafael Ribeiro, diretor executivo da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), a diversificação de produtos é algo que só se tornou possível com o crescimento da startups. “Com mais gente em tecnologia, é possível ter células de desenvolvimento de novas ideias, sem deixar de consolidar produtos”, diz o especialista. “Além da velocidade típica das startups, é algo que ajuda a empresa a se diversificar e, portanto, reduzir riscos.” 

*É estagiária, sob supervisão do editor Bruno Capelas

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