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SXSW 2018: ‘Estamos perto de uma revolução tão grande quanto o smartphone’, diz criador da Siri

Em painel durante o SXSW, Adam Cheyner falou sobre o estado atual e o potencial da inteligência artificial combinada aos assistentes pessoais

Por Claudia Tozzeto e enviada a Austin (EUA)
Atualização:
Siri, assistente pessoal da Apple, foi desenvolvida por equipe liderada por Cheyner Foto: Reuters

Hoje, é raro ver alguém que use qualquer assistente pessoal -- como Siri (Apple), Google Assistant (Google), Alexa (Amazon) -- com frequência. Apesar de os assistentes pessoais terem chegado ao mercado a partir do lançamento da Siri, integrada ao iPhone em 2011, eles não se popularizaram. O motivo é simples: os sistemas ainda têm muitas limitações, tanto para identificar o que o usuário está dizendo, como para entender qual ação desenvolver. Mas isso deve mudar muito em breve, segundo o criador da Siri, Adam Cheyner. Durante painel no South by Southwest (SXSW) -- festival de música, tecnologia e interatividade que acontece em Austin (EUA) até 18 de março --, ele defendeu que está em curso uma nova revolução, impulsionada pelos avanços em inteligência artificial.

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“Estamos perto de uma revolução tão grande quanto a da web ou do smartphone”, disse Cheyner, num painel sobre os avanços de inteligência artificial realizado no sábado (10). “Os assistentes pessoais serão usados para tudo e o desempenho deles será melhor do que qualquer outra forma de interação.”

Uma declaração desse tipo vinda de Cheyner não é pouca coisa. O engenheiro, que estuda Ciências da Computação desde que estava no Ensino Médio, tem uma carreira de 30 anos na área de inteligência artificial. Ele foi um dos cocriadores da Siri, assistente pessoal da Apple, e fundou a Viv Labs, uma startup dedicada a desenvolver um assistente pessoal que interaja com qualquer aplicação, em 2012.

A Viv foi comprada pela gigante sul-coreana Samsung no fim do ano passado por cerca de US$ 215 milhões. Embora o sistema ainda não esteja nos smartphones da marca, como o Galaxy S9, é provável que o assistente pessoal seja incorporado à novas versões. Desde a aquisição, Cheyner se tornou vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento da divisão móvel Samsung, embora a Viv continue operando de forma independente.

Cheyner explicou as limitações dos atuais assistentes pessoais. Segundo ele, além dos desafios relativos à inteligência artificial, há problemas também com reconhecimento de fala, essencial para que a “conversa” entre homem e máquina aconteça sem engasgos. A previsão de Cheyner é que esses entraves sejam superados nos próximos dois anos, conforme as aplicações para os assistentes começarem a sair das mãos das grandes empresas para os desenvolvedores -- numa alusão ao fenômeno iniciado pelo iPhone.

“Usar a Alexa ou a Siri é como navegar na web tendo a opção de usar apenas os meus favoritos atualmente. Precisamos que os desenvolvedores nos ajudem”, disse. “Isso vai permitir que nos próximos dois anos o mundo ensine os assistentes pessoais. Eles serão uma ferramenta para as pessoas fazerem quase tudo.”

Ação. O movimento de atração de desenvolvedores para os assistentes pessoais já está começando a acontecer. Durante este final de semana, por exemplo, o Google criou uma casa conectada em Austin para que os visitantes do SXSW possam experimentar algumas novas aplicações do seu assistente pessoal e da caixa de som inteligente Google Home.

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Casa do Google em Austin promove assistente pessoal da marca Foto: Claudia Tozetto/Estadão

Lá, é possível pedir uma cerveja para o Assistant e vê-la chegar por meio de uma complexa engenhoca na parede ou entrar em um carro que balança aos comandos de voz do motorista. Do lado de fora da casa, os visitantes leem o slogan “Deixe o Google fazer”, em referência às capacidades de seu assistente pessoal de controlar uma casa conectada.

O gigante das buscas também promoveu, ao lado da casa, uma série de palestras sobre novas aplicações que os desenvolvedores já estão trabalhando para o Google Assistant. Entre elas, estão alguns jogos, como um de investigação desenvolvido pelo estúdio americano Tool. Por meio de áudio, o jogo envolve o jogador numa história de investigação em que ele deve ajudar um detetive a encontrar o culpado por um assassinato. Toda a interação é feita por comandos de voz, como se o jogador estivesse colhendo depoimentos dos suspeitos.

“Os assistentes pessoais são um espaço novo em que estamos entrando”, disse Adam Baskin, produtor executivo do Tool. “Mais do que responder aos usuários, queremos criar jogos que engagem o usuário na conversa.”

O jogo criado pela Tool, chamado Grilled Murder Mistery, já está disponível para usuários da caixa de som inteligente Google Home nos Estados Unidos.

*A jornalista viajou a Austin (EUA) a convite da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex)

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