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SXSW 2018: 'Faremos as primeiras viagens interplanetárias no ano que vem', diz Elon Musk

Executivo decidiu fazer uma apresentação como parte oficial do evento, depois de surpreender público ao invadir palestra no sábado

Por Claudia Tozzeto e enviada a Austin (EUA)
Atualização:
Elon Musk, durante apresentação no SXSW 2018 Foto: Claudia Tozetto/Estadão

O cofundador da empresa aeroespacial Space X e presidente da montadora de carros elétricos Tesla, Elon Musk, afirmou neste domingo, 11, que a Space X poderá fazer suas primeiras viagens interplanetárias a partir de 2019. Segundo o executivo, a empresa está trabalhando hoje na aeronave para iniciar as tentativas de voas para Marte e que isso será possível graças à redução drástica dos custos de lançamentos, possibilitada pela tecnologia de reaproveitamento de foguetes, na qual a Space X foi pioneira. Visitar a Lua também está nos planos do executivo.

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"Queremos mostrar para os países e para as pessoas que é possível", afirmou Musk, em frente a uma plateia lotada durante o South by Southwest (SXSW), festival de música, tecnologia e interatividade que acontece em Austin (EUA) até 18 de março. "No início vai ser muito difícil, a chance de morrer será grande, mas vão aparecer muitas oportunidades para quem sobreviver."

Em seu discurso, Musk falou que a colonização de outros planetas é necessária para garantir a sobrevivência da humanidade em caso de uma Terceira Guerra Mundial. “Precisamos ter uma base em Marte, porque é longe o suficiente da Terra”, disse. “No caso de uma guerra, é mais provável sobreviver lá do que na Lua.”

As declarações foram dadas pelo executivo durante uma sessão de perguntas e respostas realizada neste domingo, 11, a partir das 14h (horário de Brasília). O evento foi anunciado no fim da noite de sábado, 11, e causou frisson entre os participantes do SXSW. Centenas de pessoas formaram filas no Centro de Convenções de Austin, onde os ingressos limitados para ver Musk foram distribuídos. A fila para entrar no Moody Theater, onde o evento ocorreu, dava a volta no quarteirão.

Durante o discurso, Musk se referiu a um foguete com capacidade para até cem pessoas que ele descreveu no ano passado como parte de seu conceito de Sistema de Transporte Interplanetário. O novo modelo está em desenvolvimento e, até o momento, ele não havia divulgado nenhuma previsão de quando os primeiros voos seriam feitos. Quando revelou a tecnologia pela primeira vez, o executivo também afirmou que esse mesmo foguete poderia ser usado para transportar pessoas entre cidades distantes na Terra em poucos minutos.

Não é a primeira participação do executivo na edição deste ano do evento -- a última vez que Musk havia participado do SXSW foi em 2013. Ontem, ele subiu ao palco de debate com os atores e produtores da série Westworld, produzida pelo canal de TV paga HBO, de surpresa -- a participação dele não estava na programação oficial do evento. Ao final do painel, ele exibiu um vídeo do lançamento do seu último foguete, o Falcon Heavy, feito pelo criador da série, Jonathan Nolan, um de seus amigos pessoais. O vídeo foi compartilhado por Musk no Twitter.

"A vida não pode ser apenas sobre resolver um problema atrás do outro. Devem existir coisas que inspirem você, que fazem você acordar pela manhã e se sentir agradecido por fazer parte da humanidade. É por isso que fizemos isso. Fizemos isso por vocês", escreveu o fundador da Space X, ao compartilhar o vídeo, que pode ser visto abaixo:

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"Não é um trailer de um filme, não é um trailer para um programa de TV. O que nós esperamos é que seja um trailer de uma parte do próximo capítulo da história da humanidade", disse Nolan, após a exibição do vídeo, no SXSW.

Feito a partir de três foguetes Falcon 9, um modelo anterior da empresa, o Falcon Heavy é hoje o maior foguete do mundo – e só perde em capacidade de transporte para o Saturn 5, utilizado na época da exploração lunar pela Nasa. 

O modelo é capaz de carregar até 70 toneladas, a um custo de US$ 90 milhões por lançamento – um quarto do custo do maior foguete existente na frota americana hoje, o Delta 4, feito por uma parceria entre a Lockheed Martin e a Boeing. A principal vantagem do foguete da Space X é poder reutilizar suas turbinas – que retornam à Terra após o lançamento.

Quem é. Nascido em 1971 na África do Sul, Musk estudou programação e desenvolvimento de foguetes quando adolescente. Já adulto, se formou em Economia e Física pela Universidade da Pensilvânia – os dois diplomas serviram de base para que ele criasse a X.com, uma empresa de pagamentos que, pouco tempo depois, passaria por uma fusão com a plataforma de pagamentos americana PayPal. 

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Em 2002, o executivo vendeu sua fatia na empresa por US$ 165 milhões. Com o dinheiro, iniciou a Space X e comprou a fabricante de carros elétricos Tesla. Hoje, a montadora ainda é pequena, mas vale mais que Ford e GM. 

As ideias malucas não param por aí: Musk também comanda a Hyperloop, startup de transporte em cápsulas a vácuo, e a Boring Company, que vai construir túneis para desafogar o trânsito. Hoje, sua fortuna é avaliada em US$ 20 bilhões. 

Durante o evento, o executivo também falou sobre suas duas empresas que, segundo ele, não seguem nenhum plano de negócios. Musk disse que, no início, acreditava que tanto Tesla como Space X teriam 10% de chances de sobreviver. Embora elas estejam evoluindo, para o seu fundador, o risco de fracasso ainda é eminente. “A Space X está por um fio e assim também está a Tesla. Se algo sair um pouco errado, as duas empresas podem morrer”, disse. “Eu não deixaria meus amigos investirem na Space X porque não quero que eles percam dinheiro.”

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*A jornalista viajou a Austin (EUA) a convite da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex)

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