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A Microsoft quer mostrar que ainda tem fôlego para brigar

Tablet não é a principal novidade - e sim é a integração entre áreas

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Por Alexandre Matias
Atualização:

Tablet não é a principal novidade - e sim é a integração entre áreas

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Até que enfim a Microsoft começou a se mexer de verdade. A empresa já foi o equivalente ao Google e ao Facebook juntos nos tempos em que internet era passatempo de usuários casuais ou ponto de encontro de acadêmicos e teóricos da comunicação. Mesmo quando a web tornou-se popular, a empresa de Bill Gates conseguiu manter-se no topo, muito pelo fato de ter embutido seu Explorer dentro de seu onipresente sistema operacional, o Windows, assassinando seu maior concorrente, o pioneiro Netscape.

A estratégia de estrangular a concorrência foi um tiro no pé - a Microsoft se envolveu em processos antitruste no final dos anos 90 que foram o início de sua queda. Depois veio o Google que, de mansinho, começou a tirar algumas joias da coroa da MS. Primeiro lançou o Gmail, que com um giga de armazenamento peitava de frente o Hotmail. O Google Talk surgiu pouco depois e tirou um naco dos usuários do popular MSN. Mais tarde vieram todos os programas do Google Docs, que se consolidou aos poucos como a principal alternativa ao Office - e de graça, ainda por cima. Isso sem contar o fato de ter abraçado a internet móvel - e apresentado seu sistema operacional móvel, o Android, pouco depois de a Apple reinventar o smartphone com o iPhone.

A empresa de Steve Jobs também foi outro problema para a Microsoft, à medida que deixou de ser uma empresa de nicho para se tornar a marca mais valiosa do mundo, em dez anos. A sequência de produtos apresentada por Jobs já pode ser considerada um dos principais momentos da história da tecnologia para as massas: primeiro o iPod, depois o iTunes, depois o iPhone e finalmente o iPad, além de uma série de melhorias em sua linha de hardware e vários serviços e funções online que integram todo seu ecossistema. Quando Tim Cook subiu no palco do evento da empresa para desenvolvedores na semana retrasada, estava feliz em anunciar que dos 350 milhões de produtos Apple que haviam sido vendidos, 80% tinham a versão mais atual do sistema operacional, numa clara alfinetada ao Android do Google, principal sistema operacional móvel do mundo hoje.

Amazon e Facebook também são rivais de peso para a Microsoft e cercam seus usuários como o Windows antes cercava os seus. Ambos querem ser onipresentes mesmo fora de seus domínios - daí ser possível comprar via Amazon mesmo quando não estamos na loja ou curtir links do Facebook fora da rede social. A Amazon foi além e saiu da internet, primeiro com seu e-reader Kindle e depois com o tablet Kindle Fire. O Facebook já desmentiu algumas vezes que quer lançar seu próprio celular, mas a pressão pós-IPO o fez investir na contratação de engenheiros de hardware que vieram da Apple - e já já ele apresenta seu aparelho.

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E agora vem a Microsoft investir pesado em... hardware. Uma empresa que carrega software em seu nome e só conseguiu emplacar um console de videogames - o Xbox - nesta área (e não foi por falta de tentativas: o PC tablet foi apresentado por Bill Gates no ano 2000 e ninguém deu bola; o Zune deveria concorrer com o iPod mas simplesmente sumiu da história sem deixar vestígio).

Os mais céticos acham que é mais uma tentativa em vão, mas pelo menos, desta vez, as ações estão coordenadas. Logo depois de apresentar seu novo tablet, o Surface, na segunda-feira passada, a Microsoft revelou o novo Windows para celulares, para que possam convergir todas suas divisões num mesmo movimento.

Talvez seja a iniciativa mais ousada da Microsoft - não por apresentar novidades, mas por fazer que todos os departamentos da empresa voltem a conversar entre si, seu grande calcanhar de Aquiles. A princípio, tudo parece garantir que a empresa durará mais alguns anos entre os grandes. Mas é um vai ou racha. Caso o movimento Windows 8/Surface não der certo, é quase certo que a Microsoft vai aos poucos se tornar cada vez menos importante até desaparecer do nosso dia a dia.

E a hora tem que ser agora, pois vai saber em quanto tempo estaremos usando smartphones e tablets no lugar de computadores com Windows...

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