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iPad x Lan house

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Por Alexandre Matias
Atualização:

Quando o repórter Fernando Martines chegou com a notícia completa, juro que pensei que fosse pegadinha antecipada. "Matias, a Monkey vai fechar mesmo no dia primeiro de abril", falou com um riso no canto da boca, meio que prevendo minha reação. Já estávamos tocando o assunto lan house há um bom tempo aqui na redação - a partir do o recente e massivo êxodo digital até a divulgação de uma pesquisa do Ibope, em fevereiro, vínhamos nos questionando do papel de um lugar em que a pessoa paga para acessar a internet. Com computadores mais baratos, classe baixa com maior poder de aquisição, internet móvel cada vez mais acessível e o inevitável fim das conexões de baixa velocidade, a lan house parecia ter cumprido seu papel - ou terminado um ciclo inicial.

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O fim da Monkey era muito emblemático para esta pauta. A rede de franquias não só foi sinônimo de lan house durante o início da década passada quanto criou um modelo de negócios. Não bastava apenas ligar computadores em rede e cobrar por hora. Era preciso criar um ambiente para deixar os frequentadores à vontade, seja para mandar um email e checar o Orkut ou para passar horas pendurado jogando Counter Strike à base de energético. Nem lembro para onde foi que escrevi isso certa vez, mas uma noite em uma lan house em São Paulo por volta de 2002, 2003, 2004 era o mais perto de uma rave que menores de idade poderiam ter sem infringir nenhuma lei. Era uma festa mesmo.

(Tanto que originaram as "lan parties", festas em que as pessoas levavam seus computadores, os ligavam e passavam fins de semana jogando e baixando coisas online. O termo "Lan Party" foi inclusive quem emprestou o nome ao evento espanhol Campus Party - que levava o conceito de lan party à escala de um campus ou de um acampamento.)

Desde o início do mês passado, Fernando tem frequentado diferentes lan houses de São Paulo para entender o que está acontecendo com este tipo de comércio. E quando, no meio de março, ele anunciou a data do fechamento das portas da Monkey - e justo de sua loja-símbolo, na Alameda Santos, sabíamos quando a matéria seria publicada.

E naquela saudável conjunção de fatores que outros preferem chamar apenas de sorte, o fim da Monkey aconteceu na mesma semana em que a Fundação Padre Anchieta entregou o prêmio Conexão Cultura, que destacava justamente lan houses que repensaram seus papéis ao se verem agentes sociais ligados às comunidades em que estão inseridas. A repórter Tatiana de Mello Dias, que já vinha apurando informações sobre projetos de lei que querem rever o papel legal da lan house (que atualmente é classificada como "casa de jogo"), cobriu o evento e aproveitou para conversar com três deputados presentes - Paulo Teixeira (PT-SP), Júlio Semeghini (PSDB-SP) e Otávio Leite (PSDB-RJ) -, os principais nomes que advogam sobre o tema na Câmara.

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 Foto: Estadão

A capa foi decidida após vermos a foto feita no primeiro de abril, com a Monkey de portas fechadas. Como ela não ficou tão emblemática quanto poderíamos prever (e não por culpa da fotógrafa Carol Guedes, não custa frisar), coube ao diagramador Thiago Jardim botar suas asinhas artísticas de fora e deixar a imagem como um resquício de um passado recente, "como se fosse um lambe-lambe descascando na parede", comentou.

 Foto: Estadão

E como as coisas sempre acontecem quando caem na mão do Thiago, ficou "cabelo de grilo".

E o iPad? No sábado passado seria lançado o iPad nos Estados Unidos, mas já falamos tanto sobre o aparelho que achamos melhor esperar ver o que aconteceria depois de seu lançamento para abordá-lo com mais propriedade. Para não passarmos em branco, publicamos o teste feito pelo jornalista David Pogue, do New York Times, uma das principais autoridades do mundo neste tipo de avaliação. Ancorados nele, fomos às bancas seguros de que falamos o que precisava ser dito sobre o aparelho naquele momento - deixamos todas as notícias sobre o lançamento para o site.

Mas semana que vem é outra história...

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